PORTO VELHO NUA
O centenário bate às portas de nossa cidade. E não divisamos nada que balize esse acontecimento. A cidade, esganada nos últimos anos por algozes escolhidos pelo voto livre do povo é apenas um poema concretista, de versos betonados, erigidos segundo preceitos ordenados pelo caos.
Esse é mais um poema apreensível da certeza de que nem o centenário vai modificar a intencionalidades continuista, expondo novas fraturas, inesgotável como os traços de um rosto bonito.
A cidade é um simulacro de si própria – vítima de um projetor mequetrefe que opera na maldade duplicada.
A nossa cidade imola-se no éter da incompetência de seus mandatários, como se sua essência determinasse a decifração derradeira.
Realidade triste, doída de se aceitar: a cidade não é um poema de amor – o amor não existe. O amor de seus sequazes é mais uma forma de demanda de enriquecimento (rápido) e poder.
O amor na cidade que caminha para seu primeiro centenário não é genuíno. Amor genuíno é uma moeda em circulação restrita na cidade. Não é extensível a todos por igual. O amor e o dinheiro são as divisas vigentes no mercado vivencial da cidade, e são responsáveis pelo seu secionamento em classes.
AMOR POR SUBSÍDIO
Como sucede com o dinheiro, existem pobres do amor – para quem o amor apenas é possível por caridade ou subsídio, a classe média do amor – os que vivem o amor como rotina, a prestações mensais -, os abastados do amor – os ávidos e aventurosos.
Geneticamente destinados a um contínuo magnetismo visceral sobre os outros. A economia do amor é mais complexa do que a do dinheiro – uma unidade de amor pode revelar-se de valor variável consoante à sensibilidade profunda dos transatores, ascendendo por vezes ao módico de uma colher de suor.
DESAMADA
Nossa grande cidade vive a tragédia do desamor daqueles escolhidos por seus moradores em urnas onde nem sempre se produzem os melhores frutos. A sua prefeitura, cidade centenária, tem se convertido na demonstração de que um enlace amoroso pode ser objeto de assalto, como um banco de depósitos, em volúpias de infidelidade untada de ilegalidade.
Como seu cronista de vários anos, sou testemunha de sua sina: As falsificações do amor e do dinheiro sobrelevam a sua preponderância no proscênio da sobrevivência citadina. E assim a cidade deambula num ponto fixo, como um carrossel, como um bêbado que rodopia agarrado ao poste de um sinal de trânsito. A cidade circula em linhas retas como a luz – uma cidade lenta em que certos fatos podem ocorrer a uma velocidade alucinante, quando a meta é despi-la da pouca roupa que lhe resta.
PAZ ROUBADA
Vítima daqueles escolhidos sem um critério para dirigi-la, a cidade completará seu primeiro centenário pedindo um grito de libertação de seus moradores para mudar. A cidade não quer mais ser o purgatório solitário, sem salvação e sem condenação. A cidade é demencial – no despontar de carros que regurgitam sons ribombantes de ‘techno’ como ambulâncias em trânsito veloz rumo a urgências infernais.
Ao completar seu primeiro centenário, a cidade não quer mais continuar com a sensação irreal e desolada de uma página em branco. E nem a exaltação de autoridades em cios insaciáveis. Do jeito que está a cidade entra no centenário com a saturação das utopias flutuantes, se convertendo no mapa de sonhos dissolventes.
REELEIÇÃO
O fim do processo de reeleição está no foco do debate político. Um número crescente de lideranças a reeleição para os cargos executivos no Brasil é um dos problemas causadores da corrupção que tanto leva o país para o buraco. Aécio e Marina defende o fim da reeleição e o mandato de 5 anos para os cargos do Executivo em todos os níveis.
É certo que nosso debate político é muito pobre e superficial, e cada eleição escolhem um tema para servir de cortina de fumaça. Em 2010 foi o aborto e agora em 2014, o casamento homoafetivo.
CONTROLE
O problema do Brasil não é o instituto da reeleição, que funciona muito bem nas democracias maduras. É o abuso do poder político e econômico, com um sistema indecente de financiamento de campanhas, e isso não acaba se o prefeito, governador ou presidente for impedido de concorrer a um segundo mandato.
O que defendemos para mudar a desgastada e ultrapassada política brasileira é uma reforma política de verdade. Hoje os candidatos que tocam nesse tema sequer idão ênfase ao voto facultativo.
HERÓIS
Os empresários brasileiros são os verdadeiros heróis da nação. Quem ainda consegue ter alguma indústria ou comércio no Brasil é considerado criminoso. De um lado, o governo diz que incentiva a produção, que dá subsídios etc. Por outro lado, o governo cobra altíssimas cargas tributárias, impõe burocracias sem limites e regimes trabalhistas que extorquem os patrões e empregados.
EM RONDÔNIA
Aqui no nosso estado nem dá para falar de industrialização. O governo que está ai não fez o dever de casa, esqueceu-se de tocar obras de infraestrutura. Preferiu, nesse ano eleitoral, colocar milhões de reais numa obra sem sentido, no canteiro central da Avenida Jorge Teixeira (trecho entre o HB e o Aeroporto), jogando com a visibilidade do projeto
Sem visão para programas de industrialização e geração de empregos vai deixar o estado de Rondônia com um tipo de comércio pobre e ineficiente, capaz de garantir empregos para a nossa juventude. Se o novo governo não der início a uma dinâmica mais racional para a economia rondoniense, brevemente estaremos pior do que Acre e Roraima.
GUARDAS DO NAZIF
O motorista rondoniense, em geral, é mal preparado, imprudente; poucos respeitam as leis de trânsito. Paralelamente a isso, temos esses guardas do Nazif (agora com uniformes que lembram a guarda fascista do “Duce”), incompetente e acomodada, principalmente para fiscalizar o transporte de motos carregando crianças. Lá fora, motoqueiro que carregar a família na moto (até crianças de colo) é devidamente punido, inclusive com a apreensão do veículo. Aqui, em vez de agir como fiscais do trânsito, esses “guardas do Nazif” ficam aboletados nas ruas e esquinas esperando para multar motoristas, sem fazer o que deve ser feito: fiscalizar.
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