Em Linhas Gerais

Os políticos do passado se reagrupam nesse segundo turno para manter tudo como dantes nessa cidade sempre desamada

FILOSOFANDO

Produzimos uma cultura de devastação baseada muitas vezes no engano da superioridade das raças, dos deuses, e sustentada pela desumanidade do poder econômico. Somos o elo perdido entre o macaco e o ser humano, uma espécie que gira sem encontrar o seu horizonte, um projeto por se concluir.JOSÉ SARAMAGO (1922/2010), Escritor de Portugal, ganhador do Prêmio Nobel em 1998.

 ESTACA ZERO

Estou sentindo aquela sensação ruim do estômago remoendo diante da política rasteira em desenvolvimento nessa campanha de segundo turno em Porto Velho.

Até parece que após a demonstração de um salto na manifestação política da vontade popular no último dia dois, quando a sabedoria do eleitorado afastou da vida pública de Porto Velho a figura marota do candidato do PT e derrotou de vez o (ainda) prefeito Mauro Nazif e sua gestão bizarra; parece que tudo volta à estaca zero com o domínio da baixaria.

Diante desse horrendo festival de baixaria no cenário eleitoral a impressão que fica é que a tal “sabedoria popular” entrou de férias, podendo colocar tudo a perder de novo. Até parece que de repente uma grande parte desse eleitorado dando um show de sabedoria popular no primeiro turno está perdendo a compreensão do que é viver numa capital de estado agonizante, dirigida tantos anos por uma quadrilha de políticos, com seus grupos especializados em assaltar os cofres públicos.

REAGRUPANDO

Se não optarmos por uma renovação de fato, o sistema político golpeado com a decisão do primeiro turno pode se revigorar, para alegria dos grupos políticos que perderam a primeira batalha.

Só não vê quem não quer: Os políticos do passado se reagrupam nesse segundo turno para manter tudo como dantes nessa cidade sempre desamada, sempre mal gerenciada e tão longe dos sonhos da maioria de sua população.

LÁ FORA

Apesar de boçal, Donald Trump fala o que os americanos querem ouvir. Parentes do colunista que moram nos Estados Unidos entraram em contato e revelaram que Trump lidera várias sondagens. Na opinião da parentada moradora nos “States” no Brasil as pessoas são influenciadas por uma mídia claramente torcedora de Hillary, que prefere bater em Trump, confessando seu alinhamento aos democratas.

TUDO IGUAL?

Espero estar redondamente enganado. Todavia imagino que a transformação da eleição de segundo turno aqui em Porto Velho nessa barafunda guerra de desconstrução pessoal dos concorrentes pode nos levar a ter uma nova gestão semelhante a atual, com um governo inflado com as mesmas lideranças políticas repudiadas no primeiro turno, responsáveis pelas mazelas e desvios tão prejudiciais à Capital e ao próprio estado rondoniense nas últimas décadas.

ESSENCIAL

A vitória sinalizada no primeiro turno em favor da colocação no comando da cidade de “outsiders” das panelinhas de sempre, do início uma gestão da antipolítica (ou pela menos da política com a qual convivemos nos últimos anos) levava-se à crença de que finalmente a sociedade estava definida a separar o joio do trigo, possibilitando a reconstrução de Porto Velho.

Eleger bons prefeitos e vereadores é essencial para a definição da qualidade do ensino fundamental, do acesso às ações e serviços de saúde, da mobilidade urbana, da infraestrutura de saneamento, da oferta de moradias populares, do cuidado com as ruas, praças e avenidas, mas, acima de tudo, da qualidade de vida das pessoas.

NA CÂMARA

E vendo como ocorreu a renovação na Câmara Municipal não para dizer que conseguimos separar, como era fundamental, o joio do trigo. Figurinhas carimbadas da presente legislatura acabaram conseguindo apoio nas urnas para mais um mandato. O resultado confirma uma afirmação recente da coluna, a de que nem sempre as urnas produzem os melhores frutos.

Ou seja, a democracia que acerta sempre no atacado e no longo prazo, às vezes erra no varejo e no curto prazo. É sempre aprendizado, processo contínuo de amadurecimento. Esse é o risco que esperamos não aconteça agora, quando a escolha é para o novo prefeito.

FÁCIL DE ENTENDER

Ontem um leitor me perguntou sobre as motivações de grande parte dos vereadores eleitos e reeleitos anunciar apoio a um candidato a prefeito que transita com facilidade na área da representação parlamentar. Não é difícil entender esse adesismo.

Os nomeados na Prefeitura de Porto Velho são (historicamente) indicados por vereadores e partidos em troca de apoio ao governo local. Sobretudo para secretarias municipais de destaque que viram feudos políticos. Esse é o jogo jogado na prefeitura por anos e anos. Com o número de adesão que vai do (derrotado) PT aos grandes partidos (como o PMDB) haja cargos para atender a ganância dos parlamentares e chefes partidários aderentes de agora.

CONTESTADOR

O candidato que surpreendeu no primeiro turno, Hildon Chaves, foi o único que claramente contestou o jogo jogado na prefeitura até os dias de hoje.

Andou sendo queimado pelos demais concorrentes por, desde o início da campanha, fazer críticas à política e recusar fazer acordos com caciques e partidos.

É, portanto o único que, se vencer, assumirá descompromissado e livre para cortar cargos, nomear técnicos e fazer uma pequena revolução na gestão daprefeitura. Ao mostrar-se disposto quebrar essa regra do jogo certamente vai sofrer um massacre como nunca se viu do sistema.

INVASÃO DOS FAMINTOS

Os governos do Brasil, da Venezuela e a ONU fecham os olhos para uma crise humanitária no Norte do País. Mais de 3 mil venezuelanos famintos atravessaram a pé a fronteira com o Brasil e entraram em Roraima, na região de Pacaraima – onde há existe uma pequena favela. Os que não ficam na cidade, descem em direção à capital Boa Vista. Fogem de uma Venezuela em crise econômica, atrás de comida e trabalho. São jovens, adultos e até famílias com crianças, cenas que lembram os refugiados sírios.

EXPLICAÇÃO

Aqui na Câmara Municipal de Porto Velho apenas uma integrante do PCdoB conseguiu se reeleger. E imediatamente anunciou seu apoio ao candidato do PTB. No mínimo deve estar pensando num desembarque. Afinal, não foi só o PT o grande perdedor desta eleição. Na carona, o aliado ideológico PCdoB se afundou, em especial na capital paulista, onde não elegeu um vereador sequer.

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