PLEBISCITÁRIA
A eleição de segundo turno é, salvo melhor juízo, muito curta. Mas do meu ponto de vista dá para compreender por quais motivos tem de ser assim. Uma eleição de segundo turno se torna plebiscitária, ou pelo menos deveria se tornar. Ela, como não poderia deixar de ser, aglutina perfis e dilui matrizes em favor de dois campos apenas.
E tem mais: quando disputa o segundo turno um candidato à reeleição e um que pretende conseguir, pela primeira vez o cargo, como é o caso aqui de Rondônia, acaba havendo um irmanamento casuístico entre pessoas que, nas suas vidas privadas, tem valores políticos e existenciais muito diferentes.
Por isso não estranho ter bons amigos acostumados a dividir comigo, até recentemente, suas cismas sobre o atual governo, principalmente condenando sua histórica incapacidade de ter tocado Rondônia no rumo do desenvolvimento dispostas agora a votar no continuísmo. Passam a expor uma nova personalidade a favor de tudo aquilo que condenaram até recentemente.
NO MEU CASO
Desde maio me posicionei claramente pela esperança de mudanças no governo rondoniense. Dizia que isso poderia acontecer se Expedito conseguisse registrar sua candidatura sem ter de enfrentar restrições na Justiça. E foi, como se viu depois, o que aconteceu: a Justiça Eleitoral entendeu que o político tucano estava completamente limpo, e com a ficha limpíssima ganhou legitimidade para buscar o caminho do enfrentamento da sucessão.
Finalmente me posicionei, nesse segundo turno, em apoio a Expedito e a Aécio Neves. E é um apoio incondicional, só pelas virtudes que a alternância de poder trará de bem para o Estado de Rondônia (e, no caso de Aécio) e para o Brasil.
Com mais quatro anos do mesmo, Rondônia vai ampliar ainda mais o seu viés de retrocesso econômico. Quem mais sofrerá com isso serão nossos jovens que, sem oportunidades, terão de procurar outros lugares para viver. Então a situação é plebiscitária: ou você vai atrás dos sonhos de resgate desse nosso Estado, ou você se posiciona satisfeito com essa situação vexatória de um estado chamado lá fora de “Roubônia”.
COM RESPEITO
Quando ouço alguns amigos decididos a dar aval ao continuísmo apoiados num olhar vesgo da política, que não gosta de ver nem mesmo as maracutáias sempre reveladas na coluna, como esse esbulho vergonhoso no Iperon que não pode ter outro nome senão o de apropriação indébita (crime que não pode ficar sem esclarecimento e punição); não tenho como deixar de considerá-los os bobões idealistas que ainda se imaginam nos anos 80.
Mesmo assim eu os respeito e me imagino respeitados por eles. Não quero que o desfecho final dessa pugna (que palavra!) nos afastem definitivamente.
PREOCUPAÇÕES
Certamente estou preparado para aceitar a decisão soberana da população. Sei, por experiência do longo tempo de vida nesse meio, que as urnas nem sempre produzem os melhores frutos. Cada vez mais vejo isso acontecendo em todos os lados, como agora na Bolívia, onde Evo conseguiu o terceiro mandato. Também na Venezuela o pode tende a dar mais um mandato ao Maduro, mesmo com o país afundado numa crise que os mais novos, no Brasil, não poderiam imaginar.
Voltando para a nossa eleição, não vou negar: a mim preocupa a diáspora de jovens talentos que formamos e não acolhemos; o ensino de qualidade (real e não a ficção da propaganda do governo) tão tristemente negados a dezenas de milhões de brasileiros e a milhares de rondonienses, matriculados em escolas que praticamente não ensinam nada.
Fico às vezes assuntando: vivo num mundo privilegiado. Tenho boa casa, bom carro, filhos devidamente encaminhados na vida, viajo com uma frequência razoável, tenho acesso às informações e pessoas qualificadas, estou naquela fase da vida em que tenho mais passado do que futuro.
CONTINUISMO
Não deveria ter nenhuma preocupação pessoal com o continuísmo. Acontece que ele certamente manterá nosso estado nesse longo período de inanição, de gestão arcaica que breca o fomento ao empreendedorismo, à industrialização, ao turismo (de verdade e não essa caricatura existe no momento). O que me preocupa nesse continuísmo é manutenção desse egoísmo de nossos endinheirados, que se lixam para o futuro de Rondônia, desde que se mantenham os mecanismos da sonegação e das negociatas.
Ora, quem tratou as questões fundamentais do estado (como o caso, só para exemplificar, da transposição) com complacência, por que mudaria de atitude e de estilo após uma eleição?
JUSTIFICATIVAS
Estou torcendo por um resultado das urnas que possibilite as mudanças fundamentais para o estado rondoniense. Que ele se traduza no apreço pela transparência republicana. Quero ver uma gestão pública meritocrática e não uma confraria de parentes e compadres.
Sonho em ver no comando de Rondônia um dream team da economia, do planejamento, da cultura, da saúde, da segurança pública, e vai por ai afora. Chega de colocar no topo do comando gente para ser presa nas operações de combate à corrupção…
DESAFIO
O ônus da atividade de eleitor em segundo turno é escolher o menos ruim. Felizmente, não terei que fazer essa opção aqui em RO. Vou de Expedito, mesmo achando a campanha, até hoje, com pouco conteúdo e só o compromisso de resolver de vez a transposição digno de menção. Expedido trata-se de um cartão vermelho ao PMDB e a Confúcio. E isso é mais do que razão fundada para termos esperança.
Assim como imagino que Aécio será um estadista moderno, até por que tem idade e conexões para isso, em Rondônia que um Expedito no comando do estado vai criar meios de acabar com o militantismo envelhecido e marquetagem enviesada, que alimentam a mídia doméstica e torram milhões do dinheiro do contribuinte.
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