Em Linhas Gerais

Em Linhas Gerais: Falta amor pela nossa Capital no seu centenário – por Gessi Taborda

POEMA PARA O CENTENÁRIO

Porto VelhoEntão não vamos ocupar hoje esse espaço para falar de política. Também não vou tamborilar no teclado desse notebook nada sobre essa tal data magna do Brasil que, desde o Grito até hoje, ainda está longe da verdadeira independência.

Vou falar dessa cidade que completa seu primeiro centenário evocando um sonho antigo, ardente, que continua abafado pela trepidação, pelo caos instalado nas últimas décadas em sua prefeitura. Os lampejos naturalmente esperados pela festa de seu primeiro centenário perdem as cores na superfície lisa e metalizada da indiferença de seu próprio povo, incapaz de reagir convenientemente aos que tratam dela com desleixo, com maldade e com sequiosa determinação de surrupiar seus recursos.

SIMULACRO DE SI PRÓPRIA

Porto VelhoPorto Velho é um poema de versos betonados. Erigida em preceitos de predominação do caos, onde ainda dá para sentir os fluídos e a intuição dos tempos primevos.

Esse é, certamente, um poema necessário, apreensivo, carregado de intencionalidade simbólica expondo as suas intermináveis e inesgotáveis fraturas, produto de longos anos de desamor de seus gestores (???) que continuam nessa prática nefanda, tisnando o horizonte onde prevalece o rosto triste dessa urbe de 1º Centenário, como a confirmar ser a nossa capital um simulacro de si mesma.

SEM AMOR

sexoGritam – nesse momento em que os cem anos completados se misturam com as decisões eleitorais – seus milhares de moradores dispostos a sufragar um de seus maiores carrascos, que a cidade não é um poema de amor. Nessa realidade em que o amor não se manifesta, não existe, quem dela se nutre transforma a relação de afeto que deveria existir na maioria de seu povo em uma reles forma de demanda de sucesso para aqueles destinaram Porto Velho a sua má sorte nesse primeiro centenário.

O amor genuíno é uma moeda em circulação restrita na cidade. Não é extensível a todos por igual. O amor e o dinheiro são as divisas vigentes no mercado vivencial da cidade, e são responsáveis pelo seu secionamento em alas de maior e menor abandono.

SILÊNCIO DO GRITO

gritoPrimeiro centenário e nem um simples monumento, um evento de magnitude para marcar tão importante aniversário. A cidade é esquadrinhada por olhares que se demoram borbulhantes diante de mantras hipnóticos. A cidade inebria-se de sol para olvidar o frio úmido dos seus ossos expostos. A cidade é o reencontro da memória com velhas canções dolorosas em que se escuta o silêncio de um grito.

PURGATÓRIO

Elefante_brancoCom as marcas quase eternas deixadas por seus mais recentes burgomestres, como as manadas de elefantes brancos existentes em todos os seus quadrantes a cidade centenária é uma espécie de purgatório solitário, sem salvação e nem condenação.

E ao se preparar para dar nas urnas o réquiem a um bucaneiro do passado recente, a cidade é demencial, como um ente incapaz de resgatar a fulgência noturna de seus melhores tempos idos que estão sobrevivendo em nossos olhos semicerrados, cheios de memórias.

IRREALIDADE

Porto VelhoA cidade é irreal – extasiada com a sua profusão de luz, feroz como uma página em branco. A cidade é a exalação intensificada de feromônios sobre aglomerações de cios insaciáveis.

Talvez tenhamos de esperar mais cem anos para nos livrar da influência patusqueira de quem soube usar do populismo e chegou ao seu comando. É certo as dificuldades existentes nas comemorações desses primeiros cem anos para decifrar onde vai dar o caminho em que pisoteam os pés de seus alcaides.

POBRES DE AMOR

Porto VelhoCem anos de Porto Velho. E a cidade não é um poema de amor. O amor genuíno não é extensível a todos os seus moradores por igual. Existem muitos pobres de amor pela cidade. São aqueles capazes de votarem nos mais conhecidos algozes da cidade de 100 anos.

Ah! Como machucam a cidade aqueles para quem o amor apenas é possível por caridade ou subsídio, a chamada classe média do amor, sempre pronta a se contrapor a quem não precisa viver o amor a prestações.

CARETICE

Taborda4A coluna reafirma: não votar ou votar nulo é uma caretice total. É claro que não faremos a revolução apenas votando. Votando poderemos tirar do jogo aqueles que pensam que o parlamento é uma espécie de monarquia, a ponto de vangloriarem-se de ter mandos sucessivos no cargo, usando a democracia para deleite de suas mordomias e toda essa caretice que assola o estado e o país. Manter a Assembleia como está não vai abrir qualquer brecha para uma crise institucional, eles vão continuar nadando de braçada.

CALUDEZ TOTAL

barbaHá um clima de insatisfação da comunidade acadêmica da Unir. O interessante é falta de debate sobre o assunto pelos candidatos majoritários. É inaceitável o silêncio em torno de Januário, um ex-reitor da universidade envolvido até o pescoço com desvios que ali aconteceram. Será que Januário ainda continua blindado por seus padrinhos políticos, como o senador Valdir Raupp?

Sem recuperar o dinheiro surrupiado e sem o verdadeiro apoio da classe política rondoniense (tem um candidato a senador prometendo mais do que governador de estado, a quem verdadeiramente compete construir hospitais e etc) a Unir, debalde ter agora uma reitora comprometida com sua continuidade, caminha para um beco sem saída.

SUMIDO

VergonhaO reitor antigo, que tratou a universidade como sua propriedade particular, usada para atender caprichos de seu amante, não pode continuar livre de punições verdadeiras.

Os políticos rondonienses também devem voltar seus olhos para a instituição, não para fazer politicagens mas para recuperá-la. Afinal, ela é um patrimônio do povo rondoniense e brasileiro, e não pode ficar refém do desinteresse dos governantes de Rondônia e do Brasil.

 

 

 

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