MUITA INOCÊNCIA
Ninguém com vivência no meio político rondoniense faria uma comparação de competitividade para participar da disputa do governo rondoniense entre o deputado Maurão de Carvalho e a advogada Jaqueline Cassol. Todo o mundo político sabe que Maurão, pela sua experiência comprovada em disputas eleitorais tem muito mais força para conquistar eleitores do que a noviça Jaqueline, apesar da força de seu sobrenome. A irmã do (ainda) senador Ivo Cassol não tem força para encarar uma campanha pesada, como deve ser a disputa pelo governo.
Mesmo assim não é fácil compreender a tática de Maurão para acreditar que – só por ter sido estimulado pelo próprio Ivo Cassol – conseguirá chegar vitoriosamente à convenção de seu partido, o PP, “por que Ivo Cassol” – como andou dizendo nessa semana – é “homem de palavra”.
ACREDITANDO
Ninguém pode ser inocente – especialmente quem está enfronhado nos negócios da política – ao ponto de acreditar que a palavra de um dirigente partidário não é mudada, por circunstâncias surgidas ao longo da formatação da chapa a ser confirmada no momento definitivo da convenção.
Maurão pode (aparentemente) ser o candidato mais competitivo em comparação à preferida de Ivo Cassol. Isso não tem a menor importância na engenharia consagrada por Ivo Cassol. E sem o consentimento do senador, Maurão não será candidato a nada.
Pela maneira como aparenta levar a frente seu projeto, colocando na parede aquele com domínio dos convencionais, só restará ao simpático Maurão dar, após o resultado da convenção, o troco ao cassolismo, até de forma pesada; ou então enfiar a viola no saco e repetir o refrão popular “me engana que eu gosto”.
SAIU
A lista de políticos e gestores públicos com pendências no Tribunal de Contas do Estado já está à disposição do Tribunal Regional Eleitoral e pode ser acessada por qualquer cidadão interessado através dos sítios eletrônicos. São cerca de 300 nomes, muitos deles do amplo conhecimento público, como é o caso do ex-prefeito de Porto Velho.
A grande maioria dos integrantes dessa lista de “fichas sujas” fariam melhor (até para o estado) se desistissem de tentar ser candidato.
Na lista publicada (com links em vários sites jornalísticos) é fácil identificar nomes responsáveis por maracutaias enormes e ainda não investigadas com profundidade. Muitos se ligaram a bases de negócios sujos a vários anos e até não conseguiram sair da lista negativa de gestores públicos investigados pelo TCE.
INTRANQUILIDADE
Na reta final da decisão sobre quem serão de fato os candidatos à sucessão estadual, ainda há intranquilidade jurídica sobre a situação do pré-candidato tucano, Expedito Júnior. Ninguém tem uma explicação incontestável sobre a recuperação da elegibilidade do ex-senador, afastado dos seus direitos políticos com a condenação por compra de votos, fato determinante para a cassação de seu mandato de senador, que caiu nas mãos de Acir Gurgacz, transformado, por isso, no tal senador sem votos.
É uma pena se a candidatura formalizada pelo PSDB rondoniense não vingar no Tribunal Regional Eleitoral. Sem ser juridicamente perfeita, essa candidatura não terá a força de se contrapor à candidatura chapa branca que, nesse cenário bizarro, acabará se dando muito bem, renovando o mandato mesmo no cenário onde é fácil constatar o desejo de mudança da população.
PRAZO EXÍGUO
No prazo exíguo para a realização da convenção partidária (esperada para o próximo dia 27), Expedito Júnior fica devendo a prova de que está elegível, que recuperou seus direitos políticos.
Não deverá ser fácil levar o eleitorado a se conformar em votar num “candidato” disputando sub-júdice. O eleitorado já conhece essa experiência com o mesmo Expedito, na última eleição disputada por ele. E dificilmente vai aceitar repetir o fiasco do passado.
Os dirigentes partidários rondonienses serão responsabilizados se no final dessas eleições a montanha gerar simplesmente um rato para comandar Rondônia.
EQUÍVOCOS
As divisões e intrigas internas dos partidos rondonienses são determinantes para o desfecho previsível na formatação da linha de partida para as eleições desse ano.
Difícil compreender, por exemplo, porque um partido como PSD (que tanto esforço fez para obter a filiação de José Hermínio Coelho) hesitou tanto em garantir o lançamento de seu candidato próprio à disputa da sucessão.
Difícil entender, também, porque o PSOL deixou de lado a opção do Pastor Aloísio, o nome mais significativo e representativo do partido.
Sem a presença dos políticos mais representativos, ai estamos observando a formatação da linha de partida com uma série de novatos. Será que a opinião pública rondoniense aceitaria ser governada por um desconhecido?
NACIONAL
Hoje é dia de Brasil x México. Mas (tentemos, pelo menos) vamos esquecer um pouco a Copa e dar geral na situação do PT, que no atual momento político é o que verdadeiramente interessa, porque as outras candidaturas de maior importância só faltam definir detalhes (como o vice de Aécio).
Enquanto no PSOL, por divergências programáticas, a candidatura do senador Randolfe Rodrigues é substituída pela ex-deputada federal Luciana Genro, o Partido Verde lança o ex-deputado Eduardo Jorge e o Partido Ecológico Nacional (fruto de uma dissidência do PV) anuncia a candidatura de Ana Maria Rangel, que já disputou a Presidência uma vez pelo PRP, em 2006, e chegou em quinto lugar, com 126 mil votos.
Depois do lançamento dos partidos nanicos citados, tem ainda o PSTU, que insiste em José Maria de Almeida pela quinta vez… E será que o outro José Maria, o Eymael, também eterno candidato, vai disputar? O pessoal do PSDC de Porto Velho garante que sim.
Em 2006 os candidatos nanicos tiveram quase 3 milhões de votos e levaram a disputa para o segundo turno, como ameaça ocorrer novamente agora.
COMO DANTES
A presidente Dilma continua em viés de baixa, enquanto a oposição está em viés de alta na maioria dos levantamentos. Todas as pesquisas, porém, têm um ponto em comum – indicam a tendência de a disputa ir para segundo turno, uma hipótese que assusta o PT e aumenta a pressão do movimento “Volta, Lula” nesta reta de chegada para a convenção.
No desespero, Dilma Rousseff segue viajando pelo país, em plena campanha, e não dá mostras de que pretenda desistir em favor de Lula, que se comporta da mesma forma que ela, pois também age como se estivesse em campanha e chega ao cúmulo de criticar publicamente a política econômica de sua sucessora, como se fosse de oposição, vejam ao ponto de desfaçatez política que chegamos.
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