MOTIVAÇÕES
Há momentos em que a clareza das motivações não deixa margem para dúvidas. Nesse período eleitoral uma das maiores preocupações do repórter e não transmitir na coluna, argumentações tolhidas pela acidez.
Nem por isso devemos tratar as coisas da política eleitoral por trás de um biombo, diante da motivação tão clara para a participação de alguns candidatos sequiosos pelos votos do povão.
Numa delas é bem perceptível uma espécie de azia diferida, de vingança contra a grande população de Porto Velho, de onde o agora candidato foi apeado do trono com o orgulho totalmente ferido, sem que ao menos pudesse transferir o cargo para o sucessor, por uma decisão do Judiciário que, convencido de sua desqualificação de homem público ainda chegou a premiá-lo com um curto (aliás, curtíssimo) período de cadeia.
LEGADO
Todos os processos de aferições utilizados para medir a satisfação dos moradores de Porto Velho, mostrou que a grande maioria da população concluiu que esse personagem (que evitamos citar o nome para não entrarmos na alça de mira do rigor da legislação eleitoral) prestou um mau serviço à cidadania, tendo sido mais útil à corrupção, a herança das obras paradas, algumas compondo a extensa manada de “elefantes brancos” que vão ficar por ai ainda muitos anos como o exemplo claro dos males praticados contra o povo por uma gestão mais voltada para o apoio à corrupção, às manobras da licitação pública direcionada ao sistema do apoio integral ao compadrio.
VINGANÇA
A motivação dessa candidatura (só existente pela parcimônia inegável do sistema Judiciário no tratamento da autoridade bandida) é tão clara que soa como um ajuste de contas, um ato de vingança contra todos aqueles que foram capazes de criticar a transformação da prefeitura numa autêntica caverna de Ali Babá, versão tão usada no parlamento estadual, porque no municipal a vereança estava totalmente domesticada.
CAMALEÔNICA
Não sei se os eleitos é como esse repórter. Se for certamente verá como puro exercício de cinismo dos maiorais da nossa representação, procurando fazer crer que ao longo do exercício de seus mandatos defenderam o interesse dos rondonienses; que não cederam às pressões e aos interesses. Fala de cara lustrada com óleo de peroba. Como se nunca tivessem escondido nas cuecas dinheiro sujo, obtido por meios ilícitos que resultaram em investigações e processos ainda não julgados.
Essa facilidade de disfarçar como o cameleão pode enganar um pedaço do eleitorado. Haverá – e a esperança é que essa espécie de eleitor tenha se multiplicado muito nos últimos anos – entretanto, sempre um grupo de eleitores interessado na coerência.
ARRANJINHOS
O programa eleitoral (vá lá: gratuito) é um chatice. Praticamente não serve para agregar informação ao eleitor sobre quem disputa. Não dá para o eleitor com visão menor identificar, por exemplo, entre os candidatos àqueles acostumados a usar a política para os arranjinhos de gabinete que proporciona os fatos lamentáveis como esconder dinheiro ilícito nas cuecas ou receber a grana suja em estacionamentos.
LADO ESCURO
Esse pessoal do bas-fond precisa ser afastado da vida pública, mas o modelo de escolha em voga no país sequer permite ao eleitor conhecer o lado escuro daqueles que prometem representar o povo nos altamente pagos cargos públicos em jogo.
É difícil acreditar, mas precisamos manter a esperança de que esse ano será verdadeiramente a vez do povo, mesmo isso sendo muito difícil de acontecer quando aparecem caricatos na televisão pedindo mais “bagunça” para ver se muda alguma coisa. Afinal, isso nem com o autêntico “Tiririca” aconteceu na Câmara.
VERDADE
Quem imaginava que o atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Hermínio, seria massacrado nessa eleição por ter passado mais uma legislatura apontando erros dos governantes e das instituições está revendo seu ponto de vista, diante de uma realidade que não se pode negar.
Até agora nenhum dos desafetos de Hermínio conseguiu frear o seu crescimento eleitoral. É cada vez maior o número de adesões à campanha do parlamentar em diversos pontos do estado. Até os maiores adversários do deputado reconhecem seu crescimento na aceitação do povo.
PODER NOS DEDOS
Feliz com o desempenho eleitoral, Hermínio reafirmou seu compromisso de “mais verdade na vida pública”. Para o deputado “não é lícito vencer uma eleição usando a mentira como recurso”. Para ele Rondônia só será realmente forte e importante no cenário brasileiro se “a ética estiver cada vez mais entranhada na consciência das pessoas”.
As leis continuam precisando de aperfeiçoamento: “Se estivéssemos vivendo o ideal, certamente algumas dezenas de pessoas que estão concorrendo estariam fora do pleito”. Então, concluiu, é o povo que terá na ponta dos dedos o poder de os políticos que só buscam os privilégios e a defesa dos interesses instalados na periferia do poder.
OPINIÃO PRÓPRIA
A decisão do PSOL em manter o pastor Aluízio como “apresentador” dos candidatos proporcionais do partido, num vídeo que apenas ele fala, acaba passando a ideia de que seus companheiros de coligação são inarticulados ou incapazes de falar por vontade própria.
CONTRIBUIÇÕES DE EXPEDITO
Pelo a primeira contribuição a gente já percebe nessas duas semanas de campanha efetiva: O pleito ficou menos monótono, ganhou bastante em emoção. Agora, com a composição da disputa com candidatos sobre os quais não pairam mais dúvidas de ordem jurídica é possível que alguns temas esquecidos pelos candidatos, como mobilidade urbana, clima, biodiversidade, lixo, energias renováveis, água e saneamento voltarão para a pauta. E essas são questões fundamentais para um estado localizado no trópico úmido da região mais complexa (em termos de biodiversidade) do mundo, que é o caso da Amazônia.
DEBATE MARCADO
Será uma pena se os candidatos passarem o pleito inteiro balançando bandeiras como se tudo não fosse mais do que um comício. Governar Rondônia não tem nada de simples ou de óbvio. Não basta falar em aumento da produção. É preciso explicar como isso vai acontecer.
Como amanhã (25) começa a série de debates na TV (Allamanda) fiquemos atentos para ver qual candidato tem verdadeiramente conteúdo e prepara para nos governar.
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