FILOSOFANDO
“Os vivos são e serão sempre, cada vez mais, governados pelos mais vivos”. Aparício Torelly ou Barão de Itararé (1895/1971), jornalista brasileiro.
TRADIÇÃO DE JUNHO
Estamos no período das tradicionais festas juninas e das quermesses com suas atrações diversas, onde se inclui o bingo. Mas não é fácil cantar as pedras nesse momento contaminado pelas disputas políticas, como bem descobriu o Raimundinho, tradicional cantador do bingo de sua paróquia.
A PEDRA É 13
Foi logo depois da quadrilha que Raimundinho começou a cantar as pedras. O salão era imenso e estava superlotado. Com seu chapéu de caipira, Raimundinho benzeu-se, apanhou o microfone, fez diversos anúncios, sem esquecer-se dos devidos agradecimentos, e logo iniciou:
– Letra B de Brasil minha gente, e o número é 13!
Antes que tentasse repetir a dezena, foi interrompido por uma voz forte:
– Petralhas!
SEGUNDA PEDRA
Constrangido, Raimundinho, achou melhor não repetir o número e rapidamente cantou a segunda pedra, com o mesmo bom humor de sempre.
– O número agora é 4 e 5. 45!
Inesperadamente uma voz rouca destoou da multidão: – Vai, coxinha!
Já incomodado, Raimundinho tentou modificar o rumo das coisas e convidou os participantes para saborearem o delicioso pastel feito por dona Dilma.
– É Nilma!, protestou, irritadiça, a mulher.
– Ê, dona Nilma, a senhora é a melhor cozinheira da história desta quermesse, disfarçou o homem. E só após perceber uma calmaria no ambiente prosseguiu:
– Letra N de nariz e o número agora é 22!
OS DOIS PATINHOS
Sentiu alivio por ser um número isento de questões políticas; e com confiança optou por repetir o anúncio: – 22. Dois patinhos na lagoa!
– Quem vai pagar o pato?, gritaram.
Raimundinho se assustou e rapidamente tentou chamar outro número, mas foi interrompido por uma voz suave com sotaque boliviano.
– Quem vai pagar o plágio?
PANELAÇO
Raimundo retomou a fala. A esta altura, já suava frio. Tomou um gole d´água, segurou firme o microfone e disse:
– Quem quer ganhar este maravilhoso conjunto de panelas Tramontina?
Ouviu, então, um barulho agudo, semelhante a um tino, ecoando do fundo do salão. E temeu que fosse iniciado um panelaço na quermesse da igreja, que frequentava há doze anos.
Com um misto de medo e culpa, lamentou por ter mencionado a maldita palavra panela e decidiu cantar, rapidamente, outra pedra.
É O QUINZE
– Letra O de “oio”, brincou o homem, e o número é 15. É 15, minha gente! Insistiu sorrindo.
Uma jovem correu para frente do salão aos berros: – Bingo! Bingo!
No mesmo instante um grupo correu na direção de Raimundo com gritos de fúria:
– Golpista! Golpista! Golpista!
Raimundinho tentou fugir, mas foi contido pelo pároco, que tomou o microfone das mãos do apavorado homem e iniciou um discurso.
DIVERGÊNCIAS
– Caros irmãos, eu compreendo a preocupação e divergências de pensamentos, mas quero dizer que não há o que temer!
O pároco, neste instante, foi interrompido por aplausos e centenas de vozes que bradaram: – Fora, Temer! Fora, Temer! Fora, Temer!
QUEM SABE
Ontem, por volta das 9h30, na avenida Pinheiro Machado, proximidades da Caerd, uma enorme fila de veículos se formou no exato momento em que uma jamanta fazia manobras para adentrar num galpão e descarregar sua enorme carga. Aliás, a presença desses monstros de cargas em manobras desse tipo nas estreitas ruas do centro da cidade (com estacionamento de ambos os lados) é fato corriqueiro.
Um dia (quem sabe na próxima legislatura) um ser humano instalado como vereador na Câmara Municipal de Porto Velho poderia apresentar um projeto proibindo essas enormes carretas de transitar pelo nosso centro em horário comercial para coletar ou descarregar produtos.
FAZENDO CONTAS
O jornal eletronico “folharondoniense.com.br” dirigido pelo jornalista Gomes Oliveira contratou uma nova pesquisa para mostrar os índices dos concorrentes à sucessão da prefeitura de Porto Velho. Enquanto não há números mais atualizados, as contas são feitas com base nos índices conhecidos mais recentes, dando conta de que Mauro Nazif, o prefeito, sofre uma desaprovação altíssima, chegando quase aos 70%, em sua gestão. Se esse índice se confirmar, o prefeito perde de cara mais de 90 mil votos levando-se em conta o tamanho do eleitorado da capital.
BOIA
Como Rouberto Ali Babá Sobrinho está inelegível e por isso mesmo o PT deverá ficar sem candidato a prefeito na disputa da sucessão de Nazif, quem vai para a disputa de uma vaga na Câmara Municipal pelo partido está com a pulga atrás da orelha se a militância não funcionar como uma boia de salvação para quem tem a marca petralha.
DIAMANTES SUJOS
Mais pedras devem rolar na avalanche das revelações de Sérgio Machado. E essa avalanche pode esquentar as orelhas de gente que em Rondônia andou levando enormes vantagens nas transações dos diamantes arrancados de terras indígenas nas redondezas de Espigão, onde Lúcia Tereza é o maior destaque na política do estado. A expectativa de novas revelações sobre diamantes na lavagem de dinheiro, um método eficiente para substituir montanhas de dólares e dificultar as monitorações por parte da Polícia Federal. Quem andou se envolvendo com os diamantes rondonienses tem todos os motivos para perder o sono.
JUSTIFICADA
Merece o reconhecimento da sociedade portovelhense o sério trabalho levado a efeito pelo conselheiro Wilber Coimbra, do Tribunal de Contas do Estado, na defesa do dinheiro dos cidadãos-contribuintes-eleitores da capital rondoniense pela constante vigilância sobre certos negócios nebulosos tentados pela gestão de Mauro Nazif, capazes de provocar danos irreversíveis ao erário e aos interesses da população.
Graças a uma decisão do citado conselheiro, o prefeito não pode concluir o contrato no valor de (pasmem!) mais de 31 milhões na área de tecnologia da informação.
Levando-se em consideração exemplos anteriores de negócios praticados pela gestão de Mauro que se mostraram prejudiciais aos interesses da população (caso do transporte urbano), é salutar investigar essas investidas de gastos astronômicos em pleno momento eleitoral, por um prefeito em fim de mandato e cada vez mais isolado do povo.
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