Em Linhas Gerais

Do jeito que está, fica difícil até vislumbrar um nome para as eleições estaduais de 2018 – por Gessi Taborda

FILOSOFANDO

Os ladrões de bens particulares passam a vida na prisão; aqueles de bens públicos, nas riquezas e nas honrarias.CATÃO (234-149 a.C), foi político, militar e escritor da República Romana, eleito cônsul em 195 a.C.

DESMONTE

O lado bom dessa hecatombe provocada na política pela lista do ministro Edson Fachin é que, parece, ela pode estimular uma ação mais produtiva dos MPs e do TCE em investigação dos políticos aqui no próprio estado rondoniense, afastando da vida pública aqueles que nunca deveriam ter entrado na política.

Aqueles que foram cooptados pelo sistema da corrupção, não devem sobreviver politicamente, asfixiando todas as tentativas de melhorarmos a qualidade da representação popular.

NOME DIFÍCIL

Do jeito que está, fica difícil até vislumbrar nesse mar de lama um nome capaz de conduzir o futuro do estado a partir das eleições de 2018. É preciso gerar tranquilidade no tecido social e isso só irá acontecer se as entidades do Judiciário com a obrigação de fazer o controle externo e defender o erário mostrar serviço agirem com toda sua força e contra os maus políticos, aplicando-lhes os rigores da legislação.

OPORTUNIDADE

Sorriso amplo, boa praça, evangélico histórico, estilo bonachão são alguns dos atributos do presidente da Assembléia, deputado Maurão de Carvalho, neo-peemedebista que sonha (ainda) em se tornar o próximo governador de Rondônia.

Não é fácil realizar esse sonho, mas nem por isso ele deve terminar em mais uma simples quimera. O deputado tem diante de si a maior oportunidade de inscrever seu nome positivamente nos anais políticos se colocar em seu foco, a partir das sucessivas revelações do comprometimento dos políticos locais com a corrupção, a luta pelo desmonte, em caráter definitivo, desse sistema que vem fazendo tanto mal ao interesse público de Rondônia. Se agir assim terá – mesmo sem conseguir a indicação para o governo – o respeito da população do Estado e até grandes oportunidades de permanecer por longos anos na vida pública.

O QUE FAZER

O deputado Maurão precisa enfrentar as mazelas antigas mantidas como coisas naturais do poder ao longo das últimas décadas. Essas mazelas já foram expostas em momentos de grandes operações policiais, a ponto de levar para a cadeia vários parlamentares, determinando não só o afastamento de antigos “poderosos”, como a prisão de alguns ex-presidentes (um ainda foragido da Justiça). Malgrado todos os lances registrados na crônica policial, algumas delas resistem como se fizessem parte da normalidade do parlamento.

REPETECO

Aliás, uma fonte acostumada a acertar sempre, contava ontem que os “homens de preto” podem repetir muito em breve, as ações cinematográficas de visitas aos gabinetes abarrotados de pessoal que em termos de Assembleia frequentam só a folha de pagamentos, bem como aquelas áreas onde no passado teve concentravam-se os joguetes do mandraquismo para o desaparecimento de pequenas fortunas em transações urdidas com a chancela de certas “excelências” que, claro, correm o risco hoje de passar longos anos no xilindró.

DIFERENTE

Maurão deve aproveitar o respaldo moral de sua formação evangélica para recolocar a Assembléia no caminho da normalidade ética que – pelas últimas divulgações da mídia – não foi levada em consideração por antecessores na presidência (como o Irmão Valter), incluindo na relação dos políticos que receberam gordas propinas de empreiteiras como a Odebrecht. O deputado Maurão tem tudo para fazer a diferença (ele é, certamente, diferente de Valter Araújo – que por anos foi seu irmão de fé). Afinal, Maurão de Carvalho não encarno o caráter lombrosiano do irmão Valter, de promover a perseguição daqueles que não rezavam em sua cartilha.

REVISÃO

Está mais do que provado: a política é uma coisa dinâmica. Assim, é bem natural os tirambaços disparados pela mídia do senador Acir Gurgacz contra seus colegas de parlamente, Valdir Raupp e Ivo Cassol, agora que ambos estão na corda-bamba com as revelações da lista do Ministro Edson Facchin. O intérprete das vontades de Acir em seu jornalão carregou nas palavras mais acerosas (“mafiosos” e “gangsteres”) para substantivar os senadores que já governaram Rondônia, iniciando uma revisão nos antigos vínculos do passado, quando os dois políticos de Rolim de Moura estiveram no comando da administração estadual.

ROTO

Certamente o que se tenta agora é estabelecer a ideia de que o “homem da Cascavel” seria diferente dos outros dois caciques políticos rondonienses, tudo isso, claro com vistas à disputa do governo do estado no próximo ano. Mas que o leitor não se anime tanto. Estamos diante do dilema do velho ditado: o roto falando do rasgado.

Não será fácil para alguém denunciado como sonegador de impostos liderar – e essa parece ser a opção – um agressivo processo eleitoral que culminará com as eleições do próximo ano. Até pelo fato de uma denúncia dessa gravidade não se esvaziar, como pensam, com a mera divulgação de toscas notas no jornalão da família.

DUAS MEDIDAS

Parece meio bizarro mas o fato ocorreu na manhã de ontem no poder legislativo estadual rondoniense. Enquanto no plenarinho das comissões Henrique Prata, diretor da Fundação Pio XII (leia-se Hospital do Câncer da Amazônia) reclamava mais uma vez das dificuldades e até da falta de apoio de setores da política na questão do credenciamento do “Barretinho” como unidade de tratamento de excelência, no plenário da Casa deputados entrevam láurea ao Secretário de Estado da Saúde, Williames Pimentel, derrotado nas eleições passadas e ainda no crivo de investigações sobre mal feitos na área de saúde pública rondoniense.

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