DOM DE ILUDIR
É claro que a transparência irrestrita é parceira indissociável da verdadeira democracia. E se a gente sabe disso, os políticos sabem muito mais. Então por que estamos longe de alcançar essa meta no estado de Rondônia, começando pela capital? A única explicação plausível está na persistência do exercício do dom de nossos políticos de enganar os eleitores, certamente considerado por eles, em sua maioria, como um “bando de otários” que adoram ser enganados.
Ainda no final do ano passado a coluna divulgou com base em dados oficiais que a prefeitura de Porto Velho tirou as piores notas nesse quesito, como se simplesmente desconhece até mesmo os princípios mais comezinhos da chamada lei de acesso à informação.
QUESTÃO DOS ÔNIBUS
É cada vez mais incontestável o dom de iludir do político Mauro Nazif. Logo ele que nunca gostou de se meter em político, pelo menos no tempo em que era universitário, acabou entrando na política em Rondônia e logo pelo PSDB. E depois foi mudando de partido, até entrar no PSB, tornando-se cacique de um partido originalmente de esquerda sem ter tido qualquer militância ideológica enquanto estudante ou até mesmo médico em princípio de carreira aqui em Rondônia.
Elegeu-se prefeito depois de algumas tentativas frustradas vendendo para o eleitorado a ilusão de uma cidade mais humana, de uma gestão comprometida com a reconstrução até mesmo dos mostrengos dos “viadutos”, elefantes brancos que continuam no mesmo lugar, como uma esfinge pronta a devorar políticos populistas dispostos a utilizar novamente esse mote como matéria de prima de promessas ilusionistas.
Mas foi nessa “tragédia” com conteúdo teatral que o prefeito se superou em seu dom de iludir.
SIM: É SUCATA
O usuário do serviço de transporte coletivo agora está desiludido. Nada dos ingredientes usados por Nazif para demonizar os antigos permissionários e dourar a pílula desse espetáculo de enganação tem qualquer dose de originalidade e de verdade.
Os prometidos “ônibus modernos e confortáveis” são velhas carroças maquiadas e que estão quebrando adoidado em vários pontos do trajeto. Não houve qualquer mudança drástica no transporte urbano: o serviço ficou muito pior, com defasagem no número de ônibus e certamente vai ficar ainda muito mais caro, pois não há como manter o serviço funcionando com tarifas que não remuneram o investimento, defasadas em relação aos custos dos insumos e da inflação galopante. E na hora do doloroso aumento, mais um pedaço desse dom de iludir do prefeito vai para as cucuias.
SEM INFORMAÇÕES
Certamente o MP público, órgão fiscalizador por excelência, sabe que o prefeito continua usando e abusando de seu dom de iludir. E não é só nesse caso dos ônibus. Há até os casos prosaicos da decoração natalina, da contratação de artistas (alguns sem qualquer qualidade) e de festas com o único objetivo de iludir a cidadania e povão, nessa velha batida de se tapar o sol com a peneira.
Certamente se o primado dessa gestão Nazif fosse o da honestidade como tanto prometeu; as informações sobre quanto dinheiro público já se gastou nessas sinecuras, na inacabada obra da Vieira Caúla, nessa enganação de reforço do piso dos pontos dos ônibus, na enganadora iluminação pública, etc, etc, estariam ao alcance de todos.
MAIS PRESSÃO
Se nem essas informações geradoras de denúncias de supostas práticas de corrupção (de pequeno valor) não haverá postura muito diferente em relação aos grandes negócios na contratação de serviços de terceiros; na compra de equipamentos de alto valor.
É preciso mais pressão popular e atuação mais firme dos poderes constituídos para se saber para onde vai o dinheiro das compensações, dos royalties. Quem sabe assim o povo vai saber quanto dinheiro a prefeitura joga fora com a desculpa, por exemplo, da propaganda (quase sempre desnecessária) e de projetos sem nenhuma sustentação ou justificativas técnicas.
COMISSIONADOS
A notícia vem de fonte bem informada do setor. O Ministério Público do Tribunal de Contas do Estado estaria pronto a conduzir, com o apoio de outros órgãos do controle externo, um inquérito sobre os absurdos no quadro de comissionados de Câmaras Municipais onde, como consta, há o caso de um assessor de vereador que trabalha numa firma de 05 às 17 horas mas que “se reunia à noite com o vereador”. Coisas dessa natureza deverão ser esmiuçados pelos órgãos do controle externo. Segundo a fonte, essas providências poderão chegar a outros órgãos públicos notoriamente inchados de servidores comissionados.
VOLTANDO
Daniela Amorim é, como se informa na cidade de Ariquemes, o nome de maior peso para a disputa eleitoral desse ano. Ele pretende voltar à prefeitura com o apoio do pai, Ernandes Amorim que, por acreditar ainda na conquista de uma cadeira na Câmara dos Deputados não disputar nada em 2016.
De acordo com fonte política da cidade, achar que a família Amorim está politicamente morta naquela região é uma besteira completa. Amorim, que já foi deputado estadual, prefeito e até senador não desistiu de, mais uma vez, conseguir realizar o sonho de governar Rondônia.
INDÚSTRIA DA MULTA
O jornalista Everaldo Fogaça, do site Oobservador.com tem sido a grata surpresa na Câmara Municipal quando se trata de defender interesses reais da população. Evitando conchavos e mantendo-se independente dos interesses paroquiais da prefeitura, Fogaça deverá assumir um novo desafio perante a prefeitura em favor do cidadão-contribuinte-eleitor.
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GOLPE MORTAL
E se tudo der certo, o vereador poderá acertar um golpe mortal na indústria da multa em que se converteu o esquema da Semtran com seu pelotão de “agentes de trânsito”.
Assim que retornar do recesso Fogaça vai exigir acesso aos valores das multas aplicadas.
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TERÁ DE RESPONDER
O Executivo terá de responder quanto arrecadou nos últimos 8 anos e onde investiu toda essa grana. Se as respostas ao questionamento que será protocolado com base na lei de acesso à informação, Everaldo Fogaça poderá ingressar com mandado de Segurança na Justiça contra o Executivo. Assim, o caso virá à tona no exato momento em que há um zumzum muito grande sobre o enriquecimento ilícito daqueles que fazem parte dessa indústria, principalmente com o tal gratificação de produtividade.
Em Linhas Gerais
Gessi Taborda – [email protected]
O MP deveria fiscalizar esses vereadores de Porto Velho, que muitas vezes nomeiam os assessores, e os mesmos nem aparecem na Câmara. Se verificarem vão ver que muitos trabalham em outras empresas. Alguns assinam a frequência no mesmo dia e horário que estão na faculdade por exemplo.
Outro absurdo é nós pagarmos para esses assessores serem os formiguinhas dos vereadores nas campanhas. Eles são nomeados no gabinete, mas vão trabalhar nas ruas fazendo a campanha dos vereadores. A mesma coisa acontece com os comissionados. A grande esmagadora maioria, assinam a frequência nas secretarias, mas trabalham mesmo é nas ruas fazendo a campanha. Isso é desleal com aqueles que não tem mandato. Sem falar nos estatutários que são lotados nos gabinetes, são médicos, dentistas, enfermeiros, professores, enfim, profissionais que deveriam estar trabalhando para atender ao povo. Por isso que ninguém vê os vereadores reclamar da saúde em Porto Velho. Gostaria de saber quem faz parte da Comissão de Saúde na Câmara de Porto Velho.