Em Linhas Gerais

Quando a corrupção se torna ecumênica – por Gessi Taborda

FILOSOFANDO

A maturidade me permite com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade, querer com mais doçura.LYA LUFT (1938), escritora, tradutora e professora aposentada da UFRGS, nascida em Santa Cruz do Sul (RS).

 DADOS REAIS

Nota publicada na coluna de ontem acabou não reproduzindo os números verdadeiros da enorme (e bota enorme nisso) dívida da Eucatur, empresa do clã do senador Acir Gurgacz, presidente regional do PDT e integrante da lista dos governadoráveis para a sucessão de 2018. A Eucatur figura como a 18ª maior devedora da previdência, onde deixou de recolher mais 480 milhões de reais. Sua dívida é um pouco menor do que a Gazeta Mercantil.

Recentemente o senador Ivo Cassol (que não tem empresa relacionada como grande devedora da Previdência) afirmou publicamente, na mídia rondoniense que o braço econômico mais importante do senador Gurgacz é um dos maiores sonegadores de Rondônia, num valor superior a um bilhão.

 MAIOR QUE DÉFICIT

O governo de Michel Temer faz um esforço nunca visto para aprovar reformas na Previdência. E faz isso sem na dívida existente. Ela é hoje da ordem de 426 bilhões devidos por empresas ao INSS. Dívida é o triplo do déficit anual calculado pelo governo. Entre as devedoras, estão as maiores do país, como Bradesco, Caixa, Marfrig, JBS e Vale.

 HIDRELÉTRICAS DO MADEIRA

Primeiro é preciso resgatar a memória: o colunista é, talvez, o único jornalista de Rondônia que nunca pôs os pés nas suspeitas usinas. Quando o projeto foi anunciado em Rondônia o jornalista editava na forma impressa o hebdomadário IMPRENSA POPULAR, de característica independente. O jornal nunca sequer veiculou uma publicidade das hidrelétricas. Por ter assumido posições críticas ao projeto (especialmente nos aspectos ambiental e econômico) jornal e jornalista foram discriminados claramente por José Carlos, o homem responsável pela comunicação do complexo. Posto isso, vamos aos fatos sobre as hidrelétricas que uniu corruptos rondonienses de todos os matizes.

 RARIDADE

Com as revelações das denúncias apuradas pela Lava Jato, sabe-se hoje que a construção das duas usinas é um caso raro. A corrupção investiga no tal complexo até o presente revela esse aspecto inédito de unir interesses políticos opostos no recebimento de propinas. Não são apenas políticos os suspeitos, como o ex-prefeito petista que acabou sendo apelidado como Roberto Ali Babá, fazendo com que a prefeitura no seu comando fosse popularmente chama de Caverna do Ali Babá, diante de tantas denúncias de corrupção.

Hoje já se sabe que a corrupção bancada pelo consórcio beneficiou grandes partidos como o PSDB e PT, mas também sindicatos, índios e ruralistas. Desde o processo licitatório das duas obras, iniciado em 2007 e 2008, respectivamente, se seguiu um turbilhão de repasses ilegais e subornos que abasteceram lados antagônicos.

 DINHEIRO ÀS PAMPAS

Em 2007 o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) dispunha de recursos abundantes e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social oferecia linhas de financiamento vantajosas para as empreiteiras. Naquele ano a Odebrecht venceu a licitação para a construção da usina de Santo Antônio. Os verdadeiros problemas da Odebrecht começaram em 2008. O consórcio Tractebel Suez derrotou a Odebrecht e venceu a licitação para a usina de Jirau.

 APOIO DE DILMA

O próprio Emilio Odebrecht revelou que o projeto apresentado pela Tractebel violava o edital ao não levar em conta o melhor lugar possível para a construção das barragens no rio de modo a maximizar o potencial de geração elétrica. “A Tractebel que já havia perdido [a licitação de] Santo Antônio pra gente, entrou em Jirau contra a gente, mas feriu o edital: colocou a barragem a 10 ou 15 km [do local ideal]. Ela infringiu o edital mas (…) teve apoio da Dilma pleno”, afirma. Até hoje não se sabe em detalhes as razões que levaram Dilma a atuar em benefício da Tractebel naquele ano de 2008.

 AS PROPINAS

De acordo com as denúncias conhecidas através da Lava Jato, o complexo hidrelétrico do rio Madeira pagou propinas não só para os peixes graúdos de Brasília, mas também para os “bagrinhos” de Rondônia. O petista Arlindo Chinaglia, então presidente da Câmara, teria cobrado propina de 10 milhões de reais para azeitar as relações da empreiteira com o Governo Federal e favorecer a empresa na licitação da hidrelétrica. Chinaglia, apelidado de “Grisalho”, foi citado pelo delator Henrique Serrano do Prado Valladares.

 50 MILHÕES

Os delatores afirmam que foram pagos 50 milhões de reais ao então governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves. Em contrapartida, ele se comprometeria a defender os interesses da empresa na construção das usinas. O PMDB não ficou de fora da cascata de propinas da Odebrecht nas usinas do rio Madeira.

Após a derrota na licitação da hidrelétrica de Jirau, a empreiteira teria pago 5,5 milhões de reais ao ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB) para tentar anular o processo. Completa a bancada da propina do PMDB no âmbito das duas hidrelétricas o então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que teria recebido 20 milhões, e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), destinatário de 10 milhões.

 PETEQUEIROS

Muitos outros personagens petequeiros da propina tiveram o seu “adjutório”, ou seja, foram destinatários da propina da empresa. Para azeitar a relação com as diversas etnias indígenas na região do rio Madeira, a Odebrecht teria feito pagamentos diversos para duas lideranças indígenas – Antenos Karitiano e Orlando Karitiano – e para a Associação dos Karitianos. Ao que tudo indica, os valores não superaram 10.000 reais.

 UM PRÊMIO DA LOTERIA

Mas o senador Valdir Raupp, ligado à bancada ruralista teve um tratamento mais especial de acordo com as denúncias colhidas pela Lava Jato. Sob o codinome Alemão, ele teria recebido valores que podem chegar a 20 milhões de reais, algo como prêmio de uma mega-sena acumulada. O delator Valladares afirma que os pagamentos eram feitos “a título de ter uma boa convivência, pela importância que ele tem”. Na tentativa de explicar essa maracutáia Raupp, que já é réu STF, repete a ladainha de outros acusados, afirmando que os repasses foram legais e declarados à Justiça Eleitoral.

 SINDICATOS

De acordo com o denunciante Valladares, para evitar greves e distúrbios nos canteiros de obra das usinas, a empreiteira recorreu a pagamentos feitos para líderes sindicais de duas das maiores centrais do país: a Central Única dos Trabalhadores (CUT), pró-PT, e a Força Sindical, de oposição ao partido. Com o apelido de Barbudos nas planilhas da empresa, um representante da CUT junto ao sindicato dos trabalhadores da construção pesada em Porto Velho recebeu pagamentos.

“O pessoal da CUT costumava cobrar, de fato, pedágios mensais para eles não apoiarem greves, não apoiaram atos de violência, esse tipo de coisa. Era preciso pagar a CUT”, afirma Valladares, sem especificar os valores ou o nome do destinatário.

 A LISTA É ENORME

De acordo com as fontes, muitos nomes de políticos de menor expressão, tanto no nível da representação parlamentar no estado ou da bancada em Brasília ainda vão surgir no decorrer das novas investigações e do aprofundamento dos inquéritos. Há até mesmo autoridades do Executivo que engrossarão essa lista.

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