FILOSOFANDO
“Uma parte é todo mundo: outra parte é ninguém, fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão. Uma parte pesa, pondera: outra parte delira”. Ferreira Gullar (1930), pseudônimo de José Ribamar Ferreira é um poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro, nascido no Maranhão, e um dos fundadores do neoconcretismo.
ROTINA
Exatamente por acreditarem na eterna impunidade, a nefanda prática do crime de inchar folhas de pagamentos de servidores contratados sem a necessidade do concurso público se espalha pelo estado. O esquema dos “Gafanhotos” já deu perda de mandato e cadeia, primeiramente em Roraima.
Aqui também, recentemente ex-deputados estaduais praticantes desse crime foram condenados. Alguns até estão com mandado de prisão expedido. Outros ainda estão tentando recursos. Nem assim na hinterlândia rondoniense políticos (vereadores) pararam de usar essa tática de roubo do dinheiro público.
É o que garante nesse início de semana o repórter Aor Oliveira, de Ariquemes. Como prometeu, o editor do site “quenotícias.com.br” vai revelar o nome do integrante da Câmara Municipal de Ariquemes que fica com parte do salário de seus servidores. Certamente não deverá ser apenas um edil a praticar esse crime manjado na importante cidade interiorana. Caso para o MP e a Polícia. Esses gatunos não podem escapar ilesos.
ELEITOR REFRATÁRIO
Na primeira entrevista concedida pelo procurador de Justiça aposentado e agora candidato a prefeito de Porto Velho pela sigla do PSDB, Hildon Chaves, dada ao jornal eletrônico “rondoniadinamica.com”, ele não escondeu seu entusiasmo em participar da campanha, onde é um dos candidatos debutantes na política eleitoral, por não ter “nenhuma rejeição prévia ao seu nome”.
E realmente esse é um ponto positivo nessa disputa. Assim como acontece em outros pontos do Brasil, também em Porto Velho nunca se viu um nível de descrença tão alto entre os eleitores com a classe política. A sucessiva repetição de escândalos no meio político e as recentes condenações e mandados de prisão expedidos contra políticos rondonienses de todos os matizes aprofundará muito mais os desafios para os candidatos motivarem os eleitores mais refratários à política votar nos projetos a serem apresentados durante a campanha.
DESCONFIADOS
Quando a campanha de fato começar dentro de mais uns 10 dias, os candidatos se defrontarão com eleitores mais exigentes e mais desconfiados (especialmente com as promessas e compromissos feitos pelos que buscam a reeleição na Câmara Municipal) sobre as reais intenções de quem postula um cargo público.
Dessa vez argumentos usados no passado, como aquela conversa de que o candidato a prefeito mais próximo do governo federal teria melhores condições de promover o desenvolvimento local, por contar com o apoio mais destaco no cenário do Poder Central não deverá funcionar.
FALANDO SOZINHO
Candidato que tentar “nacionalizar” sua campanha com a conversa de que “terá apoio garantido” de Senador, deputado federal, ministros e outros atores do Planalto corre o sério risco de ficar falando sozinho. O eleitor vai verificar bem quem tem conhece profundamente os assuntos locais. Falar das carências próximas da comunidade, como creche, educação, iluminação pública, saúde, segurança, transportes e vai por ai afora será a única forma de atrair um eleitor cansado com todos esses casos de corrupção escancarados pela Lava-Jato, especialmente os que respingaram nos caciques políticos do estado.
E tem mais: o candidato precisa falar dos problemas locais com sinceridade. Se tentar enfeitar o pavão pode perde votos, muitos votos.
MILAGREIROS
Ainda tem políticos resistentes a essa realidade, imaginando a mesma facilidade dos tempos anteriores em que era possível enganar a grande massa do eleitorado simplesmente dourando a pílula. Os eleitores estão mais conscientes e já não acreditam em soluções milagrosas.
CURRICULO
Se o colunista fosse marqueteiro de algum candidato diria claramente o seguinte: com menos tempo e dinheiro, as máquinas de propaganda terão de se concentrar no currículo dos candidatos e nas propostas sintonizadas à realidade da população.
É preciso apresenta melhor os seus conceitos. A mensagem precisa ser crível e não deve conter aquele ingrediente do “nós” e “eles”. Quem entrar nessa de estimular a antipatia por seus adversários corre um sério risco: o de adquirir índices de rejeição popular que não tinha, de acabar sendo um cabo eleitoral e não um concorrente.
VEREADORES
Não é preciso ser um cientista político para constatar que nesse ano vereadores terão maior dificuldade para renovar mandatos, especialmente os que foram presos e mais diretamente envolvidos com as supostas investigações policiais do ano passado.
Os vereadores pegos no olho do furacão não ficaram muito tempo no xilindró e mesmo assim deixaram de aproveitar a nova chance para se reciclar. Aqueles denunciados como promotores da farra com o dinheiro público, sustentando viagens desnecessárias (alguma com assessores a tiracolo) custeadas por milhares de reais de diárias não compreenderam o espírito da coisa.
REPETECO
Esses vereadores vêm agora pedir mais uma vez o voto do eleitor sem ter feito esforço para se reciclar, sem ter uma proposta clara para a sede da capital e para seus distritos. Vão descobrir nas urnas uma realidade incontestável: As pessoas se sentem mais protagonistas. Ninguém quer ser índio para seguir o cacique.
A população irritada, e com razão, com a roubalheira praticada por políticos, está capacitada a identificar quais os vereadores mais mequetrefes estiveram ao longo do atual mandato voltados para resolver os seus próprios problemas, sobretudo o do enriquecimento rápido, vai despejar essa ira nas urnas, preferindo nomes novos e não corrompidos pelo apodrecido atual sistema eleitoral.
VERTIGINOSA
Dependendo do vencedor das eleições nesse pleito de outubro, as mudanças nessa tão desamada Porto Velho podem ser vertiginosas. Se das urnas não sair o melhor fruto, tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes e os conceitos políticos podem até piorar.
INCOGNITA
Quem será o cavalo paraguaio na disputa desse ano? Até agora ninguém demonstrou ser bom de saída. Nessa toada, ninguém goza de favoritismo no nível de ter certeza de que vai chegar lá.
SEM PERDÃO
Depois das péssimas atuações da Seleção do Brasil nas olímpiadas, jogando no Estádio Mané Garrincha uma frase cunhada pelos brasileiros nas redes sociais mostra como o povo não perdoa: “O Brasil jogou no estádio que leva o nome de Garrincha com onze Manés”
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