No governo que se encerra os escândalos foram tantos, fazendo parecer que a corrupção era muito mais regra do que exceção no estado de Rondônia.
EVENTO DA OAB
Assisti quase todo o evento realizado na noite do dia 26 pela seccional da OAB-RO com os candidatos ao governo, convidados a assinar um documento onde assumiram o compromisso de fazer uma campanha ética e verdadeiramente democrática. O evento é tradição da OAB em todo ano eleitoral.
Anteontem, o público foi mais reduzido em relação a anos anteriores. Mudou também as claques. Dessa a do PT não foi a mais ruidosa. O governo, candidato a reeleição, teve uma claque maior, engrossada principalmente por comissionados que podem perder o cargo se mudar o governo.
Gostei da performance de Jaqueline Cassol. Noviça como candidata, surpreendeu me no manejo de número sobre as questões de fundo do governo do Estado, colocando Confúcio numa saia justa.
TEATRO
Aliás, o lado teatral do evento ficou com o candidato à reeleição. Fazendo-se exemplo de um governo ético, buscou esconder que sua gestão foi marcada por uma sucessão de escândalos, inclusive levando a Polícia Federal ao seu apartamento para prender um indiciado pela prática da corrupção no governo. E só Expedito soube explorar este ângulo, ficando na ironia e deixando de nocautear o filósofo caipira.
No governo que se encerra os escândalos foram tantos, fazendo parecer que a corrupção era muito mais regra do que exceção no estado de Rondônia.
SEM EXPLICAÇÃO
Todos os candidatos – como é a praxe – preferiram prometer melhorias de gestão sem dar a menor dica de como pretendem enfrentar a corrupção no estado, uma das grandes preocupações dos moradores, de acordo com levantamento feito esses dias pelo UOL, e justificativa principal do evento da OAB-RO.
Em relação à questão da corrupção em si, o evento foi pobre. Serviu apenas para a assinatura de um documento que, como já se viu em outras vezes, acaba não sendo cumprido.
NEGÓCIOS DE FAMÍLIA
A surpresa do eleitor com nomes que, em sua opinião são sujos e corruptos, disputando o pleito, fortalece a imagem de que o Judiciário não pune a corrupção. Até parece, para o cidadão comum, que os políticos são sempre livres de responsabilidade e punição. Mas esse cenário vem mudando, mesmo que lentamente.
Afinal aqui de Rondônia estão na cadeia os ex-deputados Natan e Marco Donadon, além do “irmão” Valter. Parece pouca coisa, mas não é. Na porta da cadeia estão outras “ilustres” figuras.
Isso não serviu até agora para inibir essa banda podre da política de – através de parentes ainda não condenados – tentar permanecer influindo na vida pública do estado.
SÁBADO
Esse cenário de impunidade e perpetuação dos clãs da corrupção esta mudando. Existem ainda muitos problemas nos processos de investigação que impedem a punição da corrupção. E a responsabilidade de combater a corrupção não é só do Judiciário que, cada vez trabalha mais nesse sentido.
Esse é, por exemplo, o objetivo do lançamento da campanha “Vote certo, Vote consciente” no sábado, às 19 horas, naquilo batizado de Mercado Cultural, na praça Getúlio Vargas.
VALORES ÉTICOS
O evento será aberto pelo desembargador Péricles Moreira Chagas, presidente do Tribunal Regional Eleitoral. Esse tipo de campanha tem como escopo mostrar que a corrupção não é apenas uma questão de impunidade e nem é culpa do eleitor. O brasileiro apoia a democracia, desconfia dos políticos e das instituições e é extremamente crítico à corrupção. O problema da corrupção não é cultural. O que existe é uma enorme ambivalência em relação aos valores e ao interesse público.
ARTE DE ENGANAR
Acabei assistindo ontem mais um programa eleitoral. Em plena hora do almoço fui submetido a um desfile dantesco de figuras prometendo mundos e fundos, “se eleitas forem”.
Um estado tão novo como Rondônia e já mergulhado num processo eleitoral decrépito, dominados por políticos que não se cansam de enganar o povão. Não dá para botar fé num avanço de qualidade da representação política com a realização desse pleito. A culpa, claro, não é só dos dirigentes políticos partidários.
Verdade seja dita: uma importante parcela dos eleitores não assume o papel que lhes compete, de julgar os políticos, punindo com a execração aqueles que no exercício do cargo representativo não se conduziram pelo caminho da ética.
NEGLIGÊNCIA
Os políticos rondonienses, em sua maioria, estão longe do padrão de excelência que deveriam possuir para aspirar um mandato popular. Mas eles não têm simancol. Mesmo quem é reconhecidamente ficha suja pela constante prática do esbulho e da corrupção está na disputa. Vários com chances de ganhar ou de renovar o mandato.
Mais do que ninguém, esses “lobos” da política que a Justiça não consegue tirar do jogo sabem da negligência do eleitor. É por isso que aparecem com a cara mais deslavada possível na propaganda eleitoral para conseguir uma nova chance de tirar proveito pessoal da política, metendo os pés pelas mãos, saqueando cofres públicos, participando de verdadeiras quadrilhas especializadas em provocar rombos no erário.
AMPARO POPULAR
Como está mais do que claro que o povo tolera bandalheiras. E se não fosse assim, gente do clã de corruptos condenados e com um monte processo não fariam parte de nosso parlamento.
Por isso já se aposta que aquele deputado acostumado a esconder dinheiro da corrupção na cueca (desde os tempos de vereador) pode ser novamente um dos mais votados na capital.
Fala-se também que homem responsável por um dos episódios mais cruéis da administração do estado (a demissão de cerca de 10 chefes de família) será amparado pelo voto esse ano e pode até ganhar um novo mandato.
Isso para citar apenas dois exemplos de candidatos que numa democracia avançada não teria a menor de chance de permanecer na vida pública.
INCOERÊNCIA
Esse mesmo pessoal que colocou um desses candidatos no comando da capital por dois mandatos e depois foi para as ruas, para as emissoras de rádio e para os jornais reclamar pela esbórnia em que a cidade foi transformada tem tendência de fazer do personagem (Deus nos livre!) um dos mais votados da capital, como ouço todos os dias de gente enfronhada nas entranhas dessa disputa.
O povo cobra coerência dos políticos e acaba, na hora da decisão, mostrando que também faz parte da maioria moralmente fragilizada, incoerente e irresponsável.
ESTAGNAÇÃO
As empresas brasileiras estão com mais dificuldades para pagar suas contas. Segundo o novo indicador SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) de inadimplência da Pessoa Jurídica, lançado ontem, quarta-feira, dia 27, a quantidade de empresas com dívidas em atraso cresceu 7,11% no mês de julho, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o atual cenário de estagnação da economia e custos maiores impactaram o fluxo de caixa das empresas.
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