Em Linhas Gerais

Mas há o Natal – por Gessi Taborda

MAS HÁ O NATAL

Finalmente, a última coluna escrita nesse ano de 2015. O Alto Madeira entra de recesso (vai fazer a revisão de seu equipamento gráfico) com a promessa de retornar no próximo dia 5. O colunista, com as baterias fracas, fica de recesso até o dia 11.

Com a esperança de que no dia 12 de Janeiro a coluna “Em Linhas Gerais” volte à sua marcha de buscar sempre a transparência, de escrutinar os atos da política e da administração.

E como há o Natal, iremos todos confraternizar. Não estarei em Porto Velho, mas, por adotar a regra de que jornalista não é notícia, não direi aos leitores para onde viajarei.

MAIS IMPOSTOS

E agora há o Nelson Barbosa com uma proposta econômica para ser apresentada a Dilma antes do novo, com a inclusão da CPFM que, acreditam, será finalmente aprovada pelos tais representantes do povo em Brasília. E assim teremos de pagar a conta sem saber porque. E ninguém, claro, será preso por causa das pedaladas, consideradas absolutamente normais pelo senador rondoniense que entende pacas (ou deve entender) de ônibus e, quem sabe, até de como se maquiar uma contabilidade.

Mas há o Natal, comemorado nesse dia, com poucas castanhas, quase nenhum presente, e algum frango modificado pelos gigantes da alimentação, já que peru e leitoa tá custando os olhos da cara.

OS PRETENDENTES

E há também os pretendentes ao cargo de burgomestre da escrachada Porto Velho com os genuínos discursos (especialmente os da situação) que desaparecem no turbilhão de mentiras indecorosas e que servem para manter vivo e no comando da prefeitura político que seria melhor se mantido no limbo e não prolongasse eternamente a gestão cega e cruel para os objetivos reais dos moradores dessa capital e desse estado.

Mas, graças a Deus, hoje temos o Natal.

ESQUERDA SINISTRA

E há a confraria de manjados “esquerdistas” que jamais o foram, buscando uma reengenharia para retornarem ao “sistema” do comando municipal, apostando que a população não os identificou como um grupo nefando e sinistramente criminoso, com impressões digitais na criação da manada de elefantes brancos eternizada no cenário portovelhense, e nos truques de madames aplicados em contos do vigário como a Praça da Estrada Ferro Madeira-Mamoré, por onde roubaram milhões de reais advindos da tal compensação das Usinas do complexo energético do Madeira, que ninguém sabe e ninguém viu.

Mas ai está novamente o Natal, e dessa vez maquiado por luzes coloridas; alugadas com os milhões do povo pelo “gestor 40”.

SEGURANÇA

E há a cena trágica e medonha de uma menina de 13 esfaqueada até a morte na cidade cada vez mais desolada pela insegurança crescente, por um bandido em busca de um celular. Foi para o hospital onde o atendimento é como loteria e lá só ficou os resíduos de uma vida que deixou de ser.

Mas, como esquecer: existe o Natal, assim como existem os nossos velhos atirados em corredores de hospitais ou simplesmente largados nas ruas, como simples personagens de jardins de solidão e de espanto.

DESEMPREGADOS

E há os nossos desempregados em crescimento geométrico, como há os dirigentes públicos e políticos que nos dizem, num embuste muitas vezes trombeteado pela propaganda enganosa paga com o dinheiro do contribuinte numa omissão inexplicavelmente tolerada por praticamente todos.

INTELECTUALIDADE

Afinal, há também os artistas alimentados no espaço da folha de pagamento reservada para os aspones, onde também há escritores amigos e “jornalistas” domesticados, calados que nem ratos ante o descalabro inerte do estado, do município e da própria nação (atenção, revisor, eu não disse “danação”).

Mas há o Natal. Até para aquele senador que enxovalha novamente o estado no seu afã de proteger a mulher que está no Poder e mandar para as cucuias a lei da responsabilidade fiscal.

TELEVISÕES

E há as televisões que nos impõem a mixurucada da cretinização, perante a passividade e a conivência dos que teriam por missão escrever e relatar a verdade ou a procura dela. E há, nessa jovem Rondônia, até as cidades que sobrelevaram a política e a moral recebendo com festas e procissões de puxas-sacos bandidos condenados por roubar o erário, como se fossem heróis, numa completa inversão dos valores.

TROCA-TROCAS

E há também os troca-trocas partidários já sinalizados aqui mesmo ano longo dos últimos meses. Não será surpresa se o presidente da Assembleia, deputado Maurão de Carvalho deixar o PP. Ele pode acabar se filiando ao PMDB ou PSDB, e até como dizem alguns ao PSC, legenda que tem no comando o pastor Everaldo, religiosamente afinado com Maurão que, como se sabe, pretende disputar o governo em 2018.

TRAGICISMO

Então, esta é a última coluna do ano de 2015, esse ano trágico em que o colunista conseguiu colher alegrias e vitórias sublimes no seio da família, com os avanços intelectuais dos filhos, da nora e até dos netos. Mas, no geral, não há como esconder: um ano em que as previsões feitas em seu início foram completamente furadas.

PERSPECTIVA DISTANTE

A equipe econômica de Dilma previu em janeiro que 2015 fecharia com inflação de 6,67% e queda do PIB de 0,38%. Agora segundo o Banco Central o ano deve fechar com inflação na casa de dois dígitos, 10,8%, e queda no PIB de 3,6%. Foi tudo pior do que o previsto. O desemprego fechou este ano 1,5 milhão de vagas no mercado de trabalho. E o pior é que não há perspectiva de melhora a curto prazo. Hoje a previsão é de que só em 2017 a situação vai melhorar.

ENFIM

Mas há nesse dia de hoje o Natal. O Natal velho e, no entanto, sempre rejuvenescido. Não é aquele Natal da minha infância, da igreja lotada para assistir a teatralização do nascimento do Menino Deus, das comemorações reunindo as famílias, os vizinhos e os parentes que vinham de longe para a festa. É o Natal das futilidades, das superficialidades, do marketing. O Natal que estará conosco hoje e até quando não mais aqui estivermos.

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