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Governo da Etiópia e rebeldes de Tigré pactuam fim das hostilidades

Acordo foi celebrado por líderes das duas partes e da União Africana, que mediou a assinatura do tratado

O alto representante da UA (União Africana) para o Chifre da África, o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo, disse nesta quarta-feira (2) que o governo da Etiópia e os rebeldes da região de Tigré, que estão em guerra desde 2020, concordaram em pôr fim às hostilidades.

“As duas partes do conflito concordaram formalmente em cessar as hostilidades”, anunciou Obasanjo em um pronunciamento em Pretória, onde as conversas de paz apoiadas pela UA começaram no último dia 25.

Em um ato realizado no centro de conferências do Ministério das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, o alto representante destacou que as duas partes chegaram a um acordo de paz que implica também “um desarmamento sistemático, ordenado, suave e coordenado”.

O governo etíope e a FPLT (Frente Popular de Libertação do Tigré) também se comprometeram a “restaurar os serviços, acesso sem entraves aos suprimentos humanitários”, bem como a “proteção de civis, especialmente mulheres e crianças”, em Tigré.

“Hoje é o começo de um novo amanhecer para a Etiópia”, enfatizou Obasanjo.

Além disso, o ex-presidente nigeriano indicou que a UA assumirá “o monitoramento, supervisão e verificação da implementação” do acordo.

“Este não é o fim do processo de paz, é o começo”, advertiu Obasanjo, apoiado pelos outros dois membros da equipe de mediação da UA: a ex-vice-presidente sul-africana Phumzile Mlambo-Ngcuka e o ex-presidente queniano Uhuru Kenyatta.

Na sequência das declarações do alto representante, o vice-ministro das Relações Exteriores etíope, Redwan Hussien, o conselheiro de Segurança Nacional do primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed; e o representante do FPLT, Getachew Reda, assinaram o acordo de paz.

Redwan e Getachew saudaram a assinatura com um aperto de mão seguido de aplausos no salão.

“O nível de destruição é enorme. Agradecemos aos nossos irmãos do outro lado por deixarem este período para trás. O povo da Etiópia exige paz e harmonia, quer desenvolvimento”, disse o vice-ministro etíope.

“Agora assinamos um acordo. Vamos deixar o passado para trás. Alcançar a paz tem sido difícil. Centenas de milhares morreram”, disse Getachew, expressando esperança de que “ambas as partes respeitem este acordo”.

Em entrevista à imprensa oficial chinesa publicada na segunda-feira (31), Abiy Ahmed expressou esperança de paz, sem fazer qualquer referência direta às negociações de Pretória.

“Estamos trabalhando pela paz, estamos tentando convencer a FPLT a respeitar a lei do país, respeitar a constituição e agir como um estado na Etiópia”, disse Abiy à emissora chinesa CGTN.

O governo etíope e a FPLT, que governavam a região antes do início da guerra, aceitaram no início de outubro um convite da UA para um diálogo de paz previsto na África do Sul para o dia 8 daquele mês, que foi adiado por razões logísticas.

Até então, os rebeldes estavam relutantes em participar de um processo patrocinado pela UA devido à desconfiança em relação a Obasanjo, que consideravam próximo de Abiy, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2019.

Apesar da vontade de ambas as partes em negociar, a situação no terreno foi marcada nas últimas semanas pelo ressurgimento do conflito, em que a Etiópia, apoiada por tropas eritreias, assumiu o controle de várias cidades de Tigré.

O governo etíope culpou os rebeldes pela escalada do conflito desde 24 de agosto. Naquele dia, as duas partes acusaram-se por retomar as hostilidades e quebrar a “trégua humanitária indefinida” em vigor desde março.

Desde o fim da trégua, a ONU, a UA, a União Europeia e os Estados Unidos advertiram para o aumento dos combates na região, que resultou na morte de civis e trabalhadores humanitários, e exigiram uma cessação imediata de hostilidades.

A guerra começou em 4 de novembro de 2020, quando Abiy ordenou uma ofensiva contra a FPLT em resposta a um ataque a uma base militar federal e após uma escalada de tensões políticas.

Milhares de pessoas morreram e cerca de 2 milhões foram deslocadas devido ao conflito.

FONTE: AGÊNCIA EFE

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