UM CESSNA NO CAMINHO
E então na disputa nacional os rumos estão mais difíceis para a candidata do PT garantir um novo mandato. Marina cresceu acima do previsto, mas no seu caminho ainda tem o Cessna que caiu no último dia 13 de agosto, em Santos.
À tragédia do dia 13 seguiu-se a maior emoção política dos últimos tempos. As sondagens colocavam Campos em terceiro lugar, atrás de Dilma Rousseff (PT) e do candidato de direita (de centro?) Aécio Neves (PSDB) – e essa ordem deveria ser mantida até o fim do primeiro turno.
Campos foi substituído pela sua candidata a vice-presidente, Marina Silva, ex-ministra de Lula e ex-militante do PT. E essa escolha causou um terremoto político, baralhando para já as sondagens.
CRESCIMENTO METEÓRICO
Ninguém imaginou que em 15 dias o cenário mudaria tanto. Nesse período Marina conseguiu ultrapassar Aécio, impor entre eles um fosso de 10 por cento e tornar-se assim a provável rival de Dilma no segundo turno, a 26 de outubro.
Esse crescimento não impõe temor apenas ao candidato tucano, Aécio Neves. Dilma também está na marca do pênalti. As últimas sondagens também indicaram que em caso de disputa final entre as duas, Marina venceria Dilma (43 contra 37).
CONFÚCIO DE SAIAS
A presidenta Dilma Roussef quando se trata de simpatia popular vive o mesmo drama do governador Confúcio Moura, de Rondônia, dono de um invejável índice de rejeição. O repúdio por Dilma (45 por cento não votariam nela de jeito nenhum) e a natural menor antipatia pela recém-chegada (só 29 por cento de rejeições) explicam como este duelo é perigoso para a atual presidente.
A APARÊNCIA CONTA
Marina Silva joga com uma carta poderosa: “Tem cara de povo”, escreveu ontem um cronista brasileiro. E outro: “O que ela diz soa a honesto.” A aparência conta, num país farto de corrupção.
PORÉM
O problema é que o Cessna voltou à campanha eleitoral: o PSB alugou-o através de empresas-fantasma… Quem se arma com um discurso de pureza, de ética intransigente é mais frágil diante de casos de suspeição. Até agora não se conseguiu provar nada que comprometa a imagem de lisura de Eduardo ou da própria Marina. Entretanto, não dá para afirmar se a suspeição do Cessna poderá reverter mais uma vez as expectativas.
ONDA FAVORÁVEL
Com a experiência adquirida na cobertura de muitas eleições não poderia, chegando nesse final de agosto, afirmar que a eleição rondoniense está definida.
Esse é pleito construído de sobressaltos. Primeiro, o PMDB não embarcou de cara no projeto da reeleição, a ponto de buscar nomes debutantes para escalar. Não deu certo e Confúcio acabou superando as barreiras internas do partido.
Havia bons motivos para imaginar que Expedido Júnior seria barrado no baile em virtude da condenação que o transformara num político inelegível.
Imaginava-se também que o grupo político de Ivo Cassol seria fragilizado com o lançamento de Maurão de Carvalho, outro político encalacrado com processos na esfera judicial rondoniense.
E foi acreditando nessa onda favorável que Confúcio entrou com todas as credenciais de líder da corrida, embora já se soubesse de sua alta rejeição.
LUZ PRÓPRIA
É fácil reconhecer que a campanha não está definida. A “onda” favorável a Confúcio passou. Se seu índice de rejeição não diminuir drasticamente ele pode sofrer prejuízos imprevisíveis e perder a garantia de ir ao segundo turno.
Uma coisa ficou provada: o feeling de Ivo Cassol a escolher a irmã e não Maurão estava certo.
A coluna não afirma, nesse momento, que Jaqueline vai chegar no segundo turno. Mas reconhece que ela vem demonstrando, especialmente nos debates, que tem luz própria, que é bem articulada e por isso tudo pode acontecer.
Claro que o apoio do irmão Ivo Cassol deve ajudar, mas a jovem, bonita e inteligente advogada não é uma candidata presa à sombra do irmão que já foi governador por duas vezes. Talvez ela acabe se viabilizando para estar no segundo turno.
MENSAGEM CAPTADA
Jaqueline claramente compreendeu que o eleitorado rondoniense está cada vez mais insatisfeito com a corrupção e inércia da política, a falta de gestão pública no estado.
Manejando bem números estatísticos e índices da realidade social de Rondônia ela mostra uma superioridade moral em relação aos concorrentes, notadamente sobre o candidato a reeleição, que não esconde sua irritação com a candidata do PR.
Se tivesse a seu lado uma equipe com conhecimento político prá lá do marketing Jaqueline poderia fortalecer a ideia de uma candidata representativa de uma política a serviço dos ideais, que por isso não hesitou a sair candidata no exato momento em que seu irmão começou a viver um inferno astral com condenações na Justiça capaz de provocar a perda de seu mandato de senador.
REGRESSÃO
Três anos bastaram para que o funcionamento da administração pública municipal de Porto Velho regredisse pelo menos uma década. No caso de Mauro Nazif não é apenas uma questão de desleixo.
Às suas anunciadas decisões aliaram-se as tenazes burocráticas de quem sonha em controlar tudo, fazendo de sua gestão um simples governo de inépcia, incapaz de avançar até nas propostas mais corriqueiras.
E assim, até a empáfia de promessas como o resgate das calçadas e passeios públicos para garantir o direito de ir e vir dos cidadãos não dá em nada.
Ambulantes, carrinhos de salgados, bancas de promoções de lojas, vendedores de carnês de prêmios e também do jogo bicho, isso para não falar das verdadeiras frutarias, vendedores de móveis e outras bugigangas continuam nas calçadas, nos passeios públicos das principais vias, nas praças como sempre estiveram.
ASFIXIANDO A CIDADE
Os cidadãos dessa capital estão cada vez mais desesperados com a inércia desse prefeito que continua sendo um exemplo gritante de como é possível asfixiar uma cidade.
O prefeito Mauro Nazif ultrapassou a metade de seu mandato sem nenhuma prioridade política, sem modernização administrativa.
Difícil acreditar que Mauro Nazif conseguirá transformar – no tempo que lhe resta – a máquina da administração num aparelho a serviço dos cidadãos e das empresas que dependem dos serviços da gestão pública para ampliar e consolidar seus investimentos.
IMOBILISMO AOS 100 ANOS
O não cumprimento das promessas mais irrisórias (como essa de “limpar” e resgatar calçadas para o uso dos pedestres) é a definição clara de que em seu período na prefeitura vai prevalecer o imobilismo, sem rejuvenescimento dos servidores.
Não deverá, portanto, acontecer o estado magro que a cidade espera há tantos anos e de muitas ações inovadoras. O município, nas mãos desse médico, sofre com a falta de recursos qualificados.
E por isso, com tristeza, vamos ver essa capital completar 100 anos sem ter tido uma gestão da qual tenhamos nos orgulhado.
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