ÚLTIMA OPORTUNIDADE
O debate realizado na noite da última quinta na TV Rondônia (retransmissora da Globo) entre Expedito Júnior e Confúcio Moura foi a derradeira oportunidade para que o eleitor pudesse fazer mais uma avaliação entre sobre qual dos dois é a melhor opção para governar Rondônia a partir do próximo ano. É impossível aferir qual o número de indecisos foram influenciados pelo tal debate, para ir às urnas do domingo conscientes de exercer seu voto com firmeza. O debate ficou livre da excessiva animosidade dos anteriores mas foi, salvo melhor juízo, muito curto para explicações e exposições das ideias e para que os candidatos se comprometessem com as demandas reais da população rondoniense.
CORRUPÇÃO
Mais uma vez a corrupção serviu para abertura do debate, na primeira pergunta formulada por Expedito Júnior, usando como pano de fundo as acusações feitas pelo ex-secretário adjunto da Saúde de Confúcio, feitas perante autoridades do Ministério Público Federal e da PF, com a chancela da delação premiada.
Confúcio não respondeu e nem justificou sua tática de ficar calado diante dos fatos escabrosos, preferindo sair pela tangente, como se nada tivesse com isso, embora nos depoimentos prestados as afirmações são de que ele, como governador, foi o principal chefe da quadrilha e quem determinava como ela devia agir para conseguir, com fraudes e extorsões, o dinheiro para o pagamento de suas dívidas de campanha.
PONTO ALTO
O último debate teve como ponto alto a postura de Expedito de não aceitar as costumeiras provocações desrespeitosas de seu oponente. Dessa vez a dissimulação não ajudou Confúcio e nem conseguiu desequilibrar o adversário. Expedito conseguiu manter a pauta de suas propostas, expondo com suas intervenções o candidato à reeleição exatamente como ele é.
O que se viu foi um candidato oficial decadente e patético, incapaz de aceitar que no primeiro turno houve sim, um empate e não uma vitória. Não reconhecer isso é chamar o eleitorado de imbecil. Impressionam os níveis de subsolo moral e ético a que um só homem pode descer.
DESGATADOS
Ao destacar os aspectos da aliança do governador com figuras desgastadas da política local (citando especificamente o prefeito Mauro Nazif) Expedito conseguiu, a meu ver, sinalizar que também em Rondônia a corrupção gira em torno de um sistema político recheado de alianças espúrias. Essa transformação do Executivo num balcão de negócios foi o que determinou a ampliação do número de funções e cargos públicos, que transformou Rondônia numa máquina pesada, mastandôntica, de custo caríssimo e sem nenhuma agilidade e eficiência.
POLÍTICA RASTEIRA
O povo é livre para escolher o seu candidato preferido. E assim o fará, não mais acreditando de forma ingênua que os métodos tão criticados ao longo da gestão que termina serão abandonados no caso de uma reeleição. E foi isso que Expedito se esforçou para demonstrar no último debate.
O que o candidato apoiado por Aécio Neves tentou demonstrar com sua participação nesse último debate foi o grande risco do continuísmo manter a privatização do espaço público para aqueles que sempre se veem como os donos do Poder. É o que aconteceu, como Expedito sempre destaca, com o Detran “a galinha dos ovos de ouro, entregue aos interesses dos donos da Cascavel”.
De fato, o que se vê em Rondônia é consolidação de uma cultura política rasteira, em que interesses desprezíveis se legitimam em nome da governabilidade. E a sabedoria do personagem corrupto, segundo a qual quem quer rir tem que fazer rir, parece ser a bandeira da prática política.
OMISSÃO E IGNORÂNCIA
Quando ouço opiniões afirmando que o brasileiro não vota levando em consideração fatos como a roubalheira da Petrobrás, das práticas de corrupção do governo (como aconteceu aqui em Rondônia e agora está comprovada na denunciação premiada do ex-secretário adjunto da Saúde dessa gestão), clássicos exemplos de má gestão que se apropria de obras do passado como se fossem suas; que promover o bilionário endividamento do governo, etc, etc, preocupa-me a postura dos que dizem detestar a política, como se fosse coisa do demônio, e se omitem, alardeando o voto branco e nulo.
A omissão e a ignorância estão na raiz dos desmandos e da rapinagem no trato do bem público.
IMBECILIDADE
Valho-me das palavras do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, sempre atuais e mais que pertinentes para o momento: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio depende das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro, que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política e os políticos. Não sabe o imbecil que da sua ignorância nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.
ASSIM FALOU RUY
“A política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento. A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis” foram palavras ditas pelo ilustre brasileiro Ruy Barbosa tão oportunas para esse momento.
A MALÁRIA É AMARELA
O mesmo Ruy alertou para a degradação da prática política. Ao contrário da boa política, “a politicalha é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moral estragada”.
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É DO BARALHO
A negativa de ligação entre o governador Confúcio e a quadrilha que agiu dentro da administração para extorquir e desviar recursos, denunciada pelo ex-secretário adjunto da Saúde, mostra até onde vai a desfaçatez de um grupo criminoso que pretende manter-se no poder a qualquer custo. Também o que esperar de quem serve para produzir manchetes como a posta ontem pelo “Rondoniagora”. “Confúcio e PMDB condenados pela Justiça por não pagar trabalhador; Campanha deu apenas R$ 4 por 74 dias de serviço”. Ora, desse jeito nem pirulito na mão de criança escapa. Fatos como esse nos leva a entender o perigo que representam para o Estado.
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COISAS DAQUI
Com os resultados (concretos e não na propaganda) apresentados até agora, se Confúcio gerisse uma firma privada estaria demitido. Com os escândalos do seu governo, se ele governasse o estado de um país sério estaria preso. Acorda, Rondônia!
Em Linhas Gerais
Gessi Taborda – [email protected]
perfeito!