Em Linhas Gerais

Deputados incompetentes tentam sobreviver na prática da “vereadorização” – por Gessi Taborda

FILOSOFANDO

O desenvolvimento advém da instrução dos cidadãos, da justiça social, da preparação democrática e, naturalmente, de um aparelho político sério, credível e duradouro.” GESSI TABORDA (1951), jornalista (aposentado) fundador da Imprensa Popular (agora só na versão on-line e com página no Facebook), com passagem por várias redações de mídia brasileira. É crítico, analista e comentarista político.

É DE ARAQUE

Quando você manuseia todos os dias os boletins produzidos pela assessoria de imprensa da Assembleia Legislativo rondoniense, é fácil perceber como fica cada vez mais arraigado no segmento da política local a “vereadorização” de deputados estaduais. Dentro da tapeação eleitoral feita com as “emendas parlamentares”, quem foi eleito para representar interesses estaduais são (em sua maioria) deputados de araque pois – o que mostra o material “informativo” da assessoria de imprensa – sua preocupação maior é com operação tapa-buracos de cidades de suas bases, limpeza de logradouros públicos e toda a gama de atribuições originalmente reservadas a vereadores.

EXPLICAÇÃO

Essa incapacidade de separar competências por parte dos parlamentares (que se metem até mesmo em searas de exclusividade do Executivo) não acontece apenas por incapacidade política, por falta de conhecimento ou aptidão para o desempenho correto das funções dos deputados. A incapacidade de manejar os instrumentos próprios do parlamento é só uma parte da explicação.

Outra está na percepção do corporativismo eleitoral e sua importância para se perpetuar no cargo. Esse corporativismo mantém políticos inexpressivos no mandato por tanto tempo que, como é fácil comprovar, apoderam-se do parlamento como feudo de família.

CATEGORIAS

A condução corporativa do voto, nas eleições estaduais, é muito maior pela proximidade entre os membros das corporações e os deputados e governadores. Nesses casos há como projetar as decisões que beneficiam ou prejudicam as categorias e as promessas eleitorais podem ser cobradas por pressão e proximidade. Pelo menos é assim que pensam não só os detentores do cargo como lideranças dos nichos eleitorais. É nisso que está a explicação para os anos de domínio de políticos corporativos. Se não fosse isso, o clã Donadon estava fora do jogo há muito tempo.

MOBILIZAÇÃO

Esse lamentável poder das corporações funcionam não só no âmbito do estado, mas também para deputados federais e até vereadores. É isso que comprova a vitória na eleição da passada do vereador Zequinha de Abreu, recuperado por eleitores apesar de todo mundo saber de sua condenação por prática de corrupção, inclusive no folclórico caso do dinheiro na cueca.

No plano federal as corporações parlamentares ajudam a entender isso. As bancadas ruralista, pró-armamento, evangélica…, mobilizam suas corporações pelo voto no parlamento. Os políticos se apegam a isso a ponto de alguns converterem-se às igrejas onde a sede pelo poder de seus dirigentes é maior…

CORPORATIVISMO

É claro que não são apenas as igrejas que buscam aproximar-se mais da influência no Poder. Há outras corporações. No caso de Rondônia o destaque vai para o sindicalismo (que já produziu vários políticos) e até para a Polícia Militar…

Os sindicatos de trabalhadores e empregadores e associações diversas mobilizam opiniões durante os debates e a proximidade das votações no parlamento. Por isso mesmo, os parlamentares tendem a não tratar de temas polêmicos no segundo semestre.

POLITICAGENS

É visível a grande mediocridade de membros do parlamento estadual. Basta verificar a pauta cumpridas nos últimos dias, especialmente com audiências públicas sem maior significação, recheadas de temas completamente fora da alçada dos deputados estaduais. Essa situação vai ficar mais explícita como já aconteceu nesse segundo semestre. Os parlamentares tendem a não tratar de temas polêmicos no segundo semestre. Esses temas são perigosos, podem produzir mais perdas do que ganhos.

BONDADES

A tendência é que o segundo semestre seja um período em que o parlamento trata de bondades, ou de leis que produzam efeito benéfico no curto prazo. Por isso nada de falar ou refletir sobre coisas verdadeiramente sérias, como a decadência ética da política. Nem quando uma autoridade como Raquel Dodge pede o imediato cumprimento da pena de um senador como Ivo Cassol os deputados são capazes de repercutir isso, seja no plano do estado ou no federal.

TENDÊNCIA

Estudiosos do comportamento político da sociedade imaginam que nesse ano será maior a parte do eleitorado que decidirá desobrigado de suas corporações. Isso vale de dizer que muitos políticos acostumados a cooptar eleitores na base do grito religioso, de sua influência junto ao comando das igrejas, poderão ser surpreendidos e até não conseguir a reeleição.

ESCAMOTEANDO

Também deverá ter consequência nas urnas a escamoteação de temas como corrupção, má gestão (entre outros) evitados nas tais audiências públicas. Afinal qual deputado teria coragem de promover uma audiência pública sobre o inchaço da folha de pagamento do próprio parlamento através do enorme número de comissionados e da não realização de, por exemplo, concurso público? Qual deputado teria coragem de promover um debate amplo com a opinião publica sobre os gastos de dinheiro público com publicidade (desnecessária) e com embromações como as tais “Assembleias Itinerantes”?

FORA

Pelo menos para parte significativa do mercado (?) Lula é carta fora do baralho. É o que mostra resultado de pesquisa da XP Investimentos, uma das líderes do mercado de capitais.

ALÉM DA CRISE

Não há como garantir desenvolvimento sustentado para Rondônia se não houve um esforço concreto em favor de sua industrialização. A situação atual não é das piores pelo fato da grande produção de commodities agrícola e pecuária da atualidade, o que acontece não por ação de governo. A falta de industrialização rondoniense é consequência das más gestões anteriores e da péssima gestão atual, embora a Fiero, pelo visto, não acredite nisso.

 

 

 

 

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