ELEIÇÕES E INCERTEZAS
Nas chamadas grandes capitais a arrancada eleitoral para disputa desse ano é amplamente perceptível, com cada pré-candidato já buscando fortalecer seu projeto, formando alianças para se tornar competitivo.
Mas em Porto Velho essa “arrancada” ainda está no mais alto nível da timidez, havendo uma incerteza visível ate no posicionamento de partidos mais fortes (como é o caso do PSDB e do próprio PMDB) sobre quem serão seus candidatos de fato.
EFEITO GRANA
Não existe, claro, município imune à crise vivida pelo Brasil. Mesmo assim, a situação da prefeitura de Porto Velho, premiada com os royalties do setor elétrico, não é de penúria. Deverá atrair o interesse de muitos políticos e tornar ainda maior o desejo de Mauro Nazif em conseguir um novo mandato.
Contudo, no geral essa corrida tem afastado vários pretendentes diante da proibição de doações de empresas para a campanha. A campanha eleitoral desse ano será mais curta. Porém (é, e sempre tem um porém), a decadência política e a crise financeira aumentando desemprego pode até encarecer ainda mais a disputa. Esta percepção aumenta ainda mais a instabilidade do quadro eleitoral, desestimulando concorrentes.
CÉU DE BRIGADEIRO
Na capital rondoniense até o presente momento ninguém consegue definir quais grupos polarizarão a preferência do eleitorado.
O que se houve até agora no meio político é que o prefeito, embora claramente desgastado por uma gestão de péssima qualidade, navega em céu de brigadeiro pela falta exatamente de “oposição” ao seu projeto de poder que, claro, tem como objetivo ganhar um trampolim para tentar em 2018 a disputa parlamentar, já que estaria de olho no Senado.
RISCO GRANDE
E talvez seja por tudo isso que, como se fala abertamente nas coxias do parlamento, tem gente ao seu redor disposto a correr o risco de construção do famigerado caixa 2, através desse novela mequetrefe do transporte coletivo da cidade. São, como se especula, pessoas crentes de que a suposta blindagem do burgo mestre (pelo menos nessa novela escabrosa e cheia de desacertos) deva continuar.
FÉ NA BLINDAGEM
Se a coluna tivesse obrigação de alertar esses aprendizes de feiticeiros do paço municipal lembrariam aos mesmos os riscos de uma operação do tipo “Acrônimo”, podendo colocar essa gente nas graças até da Polícia Federal.
É claro que o gabinete do prefeito age sem temor, acreditando na blindagem. Pode até não estar construindo já o Caixa Dois, mas propaganda de cunho eleitoral isso está acontecendo abertamente, com a maciça distribuição de panfletos, sem falar na propaganda feita por ocasião das promoções populares custeadas com dinheiro público no último ano, em datas comemorativas da cidade.
CANDIDATOS
Nos partidos com maior tempo de organização o mantra é um só: vão apresentar candidatos. E assim mais uma vez o próprio Edgar do Boi, presidente estadual do PSDC, reafirma sua decisão de ser o candidato do partido.
Também o PTB promete apresentar o deputado Leo Moraes como candidato para enfrentar Mauro Nazif. O PSDB segue a mesma linha reafirmando que Mariana Carvalho será a candidata tucana. Até Odacir Soares (que anda meio desaparecido do noticiário) pode ser o nome apontado pelo PP.
TERÁ SURPRESAS
Até o completamente desgastado PT afirma estar decidido a apontar um candidato. Dentro do partido tem gente defendendo Roberto Sobrinho, o personagem que deixou a prefeitura como preso suspeito da prática da corrupção. Gente do próprio PT diz que ele está descartado e o nome será uma surpresa.
A maior incerteza no pleito eleitoral é o posicionamento do PMDB. Seriamente ninguém acredita que o partido vai manter o nome do secretário estadual da Saúde (ponta de lança de Valdir Raupp) como o ungido pela legenda. Williames Pimentel não é do ramo, não tem qualquer empatia com o eleitorado e nem chega a ser o suprassumo no comando da Saúde.
COMPETITIVO
Nem é a simples opinião de que Mariana Carvalho tem avançado pouco com ações políticas contundentes ou nos questionamentos do prefeito derruba essa certeza: nesse momento ela é o nome mais competitivo para tirar a prefeitura de Mauro e do PSB.
Há, por outro lado uma realidade que não escapa a nenhum analista do cenário político da capital: As chances de uma reeleição para Mauro Nazif sucumbem a cada nova besteira do tipo fábrica de multas, maquiagem do setor de transporte, abandono das praças públicas, etc. Confiar na plena utilização eleitoral da máquina administrativa é uma operação delicada que pode mexer com os brios dos órgãos de controle externo e dos próprios fiscais da Justiça Eleitoral.
SAFENADO
Mais um nome de peso na política rondoniense a abrir ficha no clube dos safenados. O ex-presidente da Assembleia Legislativa deve receber (se não aconteceu ontem) pontes de safena para resolver suas complicações cardíacas. Carlão é comprovadamente um homem de sorte. Processado e condenado (em algumas ações) pela Justiça por seu envolvimento num escândalo de corrupção que deixou um rombo milionário na Assembleia não voltou mais à cadeia.
SORTUDO
Enquanto outras personalidades que passaram pelo mesmo cargo (caso de Natanael Silva) não só foram condenados como tiveram de fugir do país para não ser encarcerados, Carlão continuou influente na política, mantendo o filho Jean como deputado estadual. Assim, é praticamente certo que não sofrerá nenhuma sequela ao receber a 1ª safena num hospital de São Paulo.
ORGULHO JUSTIFICADO
Tem toda razão o Aldrin Willy Mesquita Taborda de estar orgulhoso em ter se formado advogado pela Universidade Federal de Rondônia, a Unir, em Porto Velho. Afinal, a revista Exame divulgou em sua edição que está nas bancas a relação das melhores faculdades de direito do país, que fizeram jus ao Selo de Qualidade da Ordem dos Advogados do Brasil. Não foi surpresa descobrir que, mais uma vez, somente as faculdades de direito da Unir (na capital, Porto Velho, e no campus de Cacoal) conseguiram o reconhecimento de qualidade.
NÃO TERMINOU
Se alguém acha que a guerra política foi arquivada, ou amenizada, depois que o Supremo dificultou o impeachment, está enganado. De Renan Calheiros a Aécio Neves, passando por Delcídio Amaral e o ministro Jaques Wagner, chegando a Dilma e Lula, ninguém escapou da delação de Cerveró. A contaminação do cenário político dará novo gás ao impeachment.
Em Linhas Gerais por Gessi Taborda – [email protected]
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