FILOSOFANDO
“O mundo é um teatro imenso, onde os homens, quer em relação à política, quer em relação às suas profissões, às sociedades que frequentam, e até a própria religião, são cômicos mais ou menos habilidosos. Todos representam, e muitos, ou quase todos, o fazem até mascarados”. Joaquim Manuel de Macedo (1820/1882). Foi jornalista, romancista (autor de A Moreninha), político, professor e médico, nascido em Itaboraí (RJ).
PERCEPÇÃO
O Brasil é o maior exemplo de um país latino que parecia estar indo bem, mas frustrou as expectativas, e o intervencionismo estatal exagerado fez parte do fracasso. Venezuela é pior ainda, mas desta, com o governo que tem, não se esperava nada diferente do que ocorre hoje. Em relação ao Brasil, dá para se extrair uma lição: O Estado assistencialista não cria uma rede de proteção, mas sim uma teia de aranha que prende e torna dependentes as pessoas.
QUEM SE SALVA
Valdir Raupp mandou avisar, por meio de sua assessoria, ter estranhado seu indiciamento pela Polícia Federal pelo suposto crime de lavagem de dinheiro e corrupção passiva no “Petrolão”. O senador rondoniense insiste na desculpa de todos pegos nessas delações: as “doações” foram legais e informadas à Justiça Eleitoral.
As delações, especialmente essa última feita Sérgio Machado, da Transpetro, comprometeu todo mundo, inclusive o senador Valdir Raupp, incluindo na lista de mais de 30 políticos citados por Machado que teriam recebido, via empreiteiras, dinheiro ilegal proveniente da Petrobras.
Segundo Machado, a maior parte desse e de outros recursos, ou seja, cerca de 76%, não foi contabilizada pelos partidos porque não era doação, mas propina.
ENRIQUECIDOS
Quem mora em Rondônia há um pouco mais de três décadas é fácil perceber como a política serviu de meio para o enriquecimento de muita gente que fez da atividade uma espécie de profissão. Nomes de meros servidores públicos que de repente viraram estancieiros e donos de muitas posses que, claro, impossíveis de serem conseguidas apenas com o contracheque recebido do estado.
Muitos desses personagens praticaram uma verdadeira expropriação do Estado, usando da influência política e acertando negócios completamente antirrepublicanos em segmentos de serviços, como o fornecimento de quentinhas para órgãos públicos na saúde e do sistema prisional; ou aproveitando para ganhar dinheiro com as terceirizações, especialmente no segmento da segurança patrimonial.
COMO CÂNCER
A corrupção está em todos os meandros da política. Em todos os governos, em todos os partidos. Apenas alguns políticos se salvam. Seus parceiros são as empreiteiras e outros prestadores de serviços públicos, a que se associaram para, literalmente, assaltar o Estado.
Agora mesmo uma denúncia sobre a promoção de nova inchaço na folha de pagamento do DER-RO mostra como os governantes não temem de jeito nenhum em continuar “cometendo pecados” na gestão do dinheiro público. A denúncia é de Clay Milton Alves, presidente do Simporo. Segundo esse chefe sindical, o governo está contratando irregularmente 380 servidores para o Departamento Estadual de Rodagem (DER-RO) que serão distribuídos nas diversas residências do órgão no estado.
CONTRADIÇÃO
Essas contratações ilegais e exageradas acontecem por estranha coincidência em pleno momento eleitoral e quando o estado está no limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal, situação admitida pelo próprio governo.
Na verdade mais do que cometer “pecado”, com essa decisão de inchar a folha de pagamentos do DER é um desperdício de dinheiro público, um erro técnico e uma evidência de corrupção.
É SÓ UM PACTO
Não há lógica nessa decisão, a não ser a do pensamento patrimonialista do atual governo e também do anterior. Assim como antes, na gestão de hoje a confusão entre o público e o privado se mantém em nome do pacto de poder entre legislativo e executivo (o atual chefe do DER-RO é um suplente de deputado) em que o povo representa um mero detalhe.
ANOS PERDIDOS
Você, leitor, já pensou nisso: Só faltou Dilma dizer: malandro é malandro, Monet é Monet. Diferenças de Lula e Dilma em imperícias/roubalheiras prende-se a questões de sorte e azar.
Lula teve sorte pela herança recebida de FHC; enquanto Dilma teve azar, pela herança deixada pelo Lula, que se compara a time que joga mal e vence o jogo camuflando os erros; Dilma jogou mal, só com um pequeno detalhe: perdeu o jogo. Não dá para camuflar. Treze anos perdidos, com risco do Brasil perder o “bonde da História”.
CAMUFLAGEM
Ontem tentei ouvir as defesas de Dilma na Comissão do Impeachment. Não deu. É muito firula, muita gente tentando camuflar. Mas, vamos lá: Não foram apenas 24 milhões tirados da pobreza pelo PT e sim alguns bilhões, elevando não a classe média e sim a rica. Veja a Operação Lavajato: Lula antes e depois do governo petista, entre outros. Sendo a mandioca uma das maiores conquistas do Brasil (segundo Dilma, “mulher sapiens”), coitado do pepino. Ficou para trás. Mas, sendo um ou outro quem terá que lhes render homenagens é o Temer por recebê-los de herança, além dos abacaxis, para sobremesa.
BOLSOS CHEIOS
Valdir Raupp está nervoso mas está de bolso cheio. Todavia, é bom lembrar que não foi apenas gente do PMDB que deitou e rolou nesse clima de lupanar da política brasileira.
O maior benefício social do desgoverno do ParTido nesses anos, foi encher os bolsos dos companheiros. Para esses é só “romanée chanti”. Para o povaréu, é choro e ranger de dentes.
O dinheiro desviado, atenderia a bolsa voto por muitas eleições. Por quê não foi utilizado para saneamento básico, num Estado que em todo lugar que se vai, se vê esgoto a céu aberto? Nossas cidades fedem como as antigas cidades medievais. Em termos de saneamento, estamos atrás de todos.
EM CARTAZ
Poderia ser cômico se não tivesse a tragédia como componente. Qualquer coisa serve para justificar uma audiência pública na Assembleia Legislativa. E assim um novo espetáculo vai entrar em cartaz nos próximos dias. O tema será “Cães farejadores” da Polícia. Com certeza será mais uma dessas audiências sem plateia e apenas com bate-paus lotando o plenário.
SIMPATIA
Comenta-se nas rodas peemedebistas que a candidatura de Leonardo Quintão teria a simpatia de um peso-pesado no partido: o presidente da ALE, Maurão de Carvalho, seguramente um dos mais fortes políticos do estado nesse momento.
Add Comment