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Mianmar liberta os dois jornalistas presos após perdão presidencial

Wa Lone e Kyaw Soe Oo passaram ano e meio na prisão após revelarem um massacre do Exército local e violar a Lei de Segredos

Dois jornalistas birmaneses da agência Reuters foram libertados nesta terça-feira (7) ao receberem um perdão do presidente de Mianmar, depois de passarem ano e meio na prisão por revelarem um massacre do Exército durante sua campanha contra a minoria muçulmana rohingya.

Em setembro do ano passado, Wa Lone e Kyaw Soe Oo foram condenados a sete anos de prisão após serem declarados culpados por violarem Lei de Segredos Oficiais, enquanto realizavam a investigação do massacre pelo qual receberam o Prêmio Pulitzer este mês.

O presidente de Mianmar, Win Myint, concedeu o perdão aos dois jornalistas semanas após que o Supremo Tribunal do país rejeitasse seu último recurso de apelação e deixasse a condenação como definitiva.

A agência de notícias confirmou a libertação de seus dois jornalistas, que se beneficiaram de uma anistia presidencial concedida a 6.520 prisioneiros e anunciada hoje em comunicado do gabinete presidencial.

“Estamos satisfeitos que Mianmar tenha libertado nossos bravos repórteres, Wa Lone e Kyaw Soe Oo. Desde sua prisão há 511 dias, eles se tornaram um símbolo da importância da liberdade de imprensa em todo o mundo. Damos as boas-vindas em seu regresso”, disse Stephen Adler, editor-chefe da agência, em comunicado.

Os jornalistas deixaram com um amplo sorriso a penitenciaria de Insein, local onde permaneceram presos até hoje e eram aguardados por dezenas de repórteres.

O escritório das Nações Unidas em Mianmar classificou a libertação deles como “um passo em frente em direção à melhoria da liberdade de imprensa e um gesto de compromisso do governo birmanês em relação à transição para a democracia”.

“Eles não deveriam passar por este calvário por fazer seu trabalho”, disse no Twitter, a sul-coreana Yanghee Lee, relatora especial da ONU para os direitos humanos em Mianmar.

Wa Lone e Kyaw Soe foram presos no dia 12 de dezembro de 2017 instantes após receberem de alguns policiais documentos confidenciais sobre um massacre de dez muçulmanos rohingyas no estado de Rakhine, no oeste do país, que eles estavam investigando.

Durante o julgamento, um agente declarou como testemunha que os dois repórteres caíram em uma emboscada planejada por um alto cargo policial.

O massacre que eles investigaram ocorreu durante uma campanha do Exército do país no norte de Rakhine que culminou com a fuga de mais de 700 mil rohingyas para Bangladesh e na qual a ONU denunciou como “genocídio intencional” e a chamou de “limpeza étnica de manual”.

Em dezembro do ano passado, os dois jornalistas foram apontados pela revista “Time” como Pessoas do Ano junto com o jornalista saudita assassinado Jamal Khashoggi, a repórter filipina Maria Ressa e o jornal americano “Capital Gazette”, onde cinco funcionário morreram durante tiroteio em junho de 2018.

FONTE: EFE COM REUTERS

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Gomes

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