Para a maioria dos estudantes, a maratona dos dois dias de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é cansativa e difícil. Para quem tem algum tipo de distúrbio de aprendizagem, concluir a prova se torna um desafio ainda maior. Nesta próxima edição da prova, candidatos que atestaram discalculia terão, pela primeira vez, auxílio para a prova, como já ocorre com quem convive com a dislexia.
A discalculia é um transtorno que afeta a aprendizagem da matemática. A doutora em psicologia escolar e professora na faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Beatriz Vargas Dorneles explica que, a partir dos 5 e 6 anos, começam a se observar sintomas da discalculia, como a dificuldade em reconhecer e lidar com tudo que envolve números. O aluno apresenta problemas para decorar tabuada e fórmulas, para realizar sequências numéricas e contagem e pode cometer trocas de números e de sinais. Isso acaba atingindo o aprendizado não só da matemática, mas de outras disciplinas que lidam com números como física, química e até mesmo história.
Segundo Beatriz, o distúrbio ainda é pouco estudado e, provavelmente, menos frequente que a dislexia. O diagnóstico é feito por meio de avaliações com psicólogo, neurologista e psicopedagogo. “Para ser avaliado adequadamente numa prova, o discalcúlico necessita de apoio com as fórmulas matemáticas por escrito, auxílio da tabuada e da calculadora e tempo adicional”, explica Beatriz.
A ajuda oferecida durante a prova para os discalcúlicos são o acesso a uma calculadora e uma hora a mais para concluir a prova, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O órgão também informa que, assim como para os participantes com dislexia, os discalcúlicos deveriam ter informado no ato da inscrição a necessidade de atendimento especializado e apresentado um laudo médico como documento comprobatório.
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