Cultura

Prática da educomunicação ambiental para jovens em colônia de férias

Diante da acelerada degradação dos ambientes naturais e escassez de recursos, que ameaçam a sobrevivência das gerações futuras, um dos grandes desafios é buscar formas de a humanidade conviver de forma sustentável com a natureza. Um dos argumentos predominantes nas iniciativas do “que fazer” da ciência e da sociedade é a valorização dos recursos naturais renováveis, para proteger os ecossistemas florestais.

As pesquisas científicas, sobre as formas de manejar os ecossistemas, visam garantir a conciliação entre a produtividade dos recursos explorados e a manutenção dos serviços ecológicos da floresta. Um exemplo disto é o manejo sustentável de produtos extrativistas e a valorização dos produtos florestais não madeireiros (PFNM), tema que ocupou lugar de destaque no debate promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) na Conferência Internacional sobre a importância das florestas para garantir a segurança alimentar e nutricional, realizada em maio de 2014, na Itália.

Estabelecer conexão entre os resultados da pesquisa florestal e o cotidiano do cidadão comum tem sido o objeto de experimentos que temos desenvolvido em atividades na Embrapa Rondônia, em projetos de divulgação científica, por meio de práticas educomunicativas. Surgidas da integração de diferentes meios de comunicação no processo educativo, referidas práticas servem como ferramentas pedagógicas de professores e educadores ambientais para uso em atividades em sala de aula ou extraclasse a exemplo das Conferências da Infância e Juventude para o Meio Ambiente.

O objetivo deste artigo é socializar a experiência da “Oficina Educomunicativa Ambiental” que foi realizada com 40 participantes do programa “Brincando nas Férias” do SESC, colônia de férias destinada a crianças e adolescentes de 6 a 15 anos, em visita à Embrapa Rondônia.  A programação da oficina reuniu conteúdos de educação ambiental e de comunicação para a popularização da ciência florestal. O objetivo foi proporcionar aos participantes uma programação repleta de atividades, incluindo a abordagem da temática da biodiversidade, que foi adotada em razão das ações de capacitação previstas no Projeto Kamukaia/Repensa, uma rede de pesquisa, que atua em toda a região amazônica e foi criada em meados de 2005 para gerar resultados práticos para a implantação de planos de manejo sustentável de PFNM e definição de políticas públicas.

Na oficina foram realizadas as seguintes atividades: uma roda de conversa, excursão ao campo experimental, degustação de produtos da biodiversidade e avaliação de aprendizado por meio de um jogo. A roda de conversa é uma metodologia utilizada nos processos de leitura e intervenção comunitária, que promove a participação coletiva, trocas de experiências, conversas, discussão e divulgação de conhecimentos sobre uma determinada temática.

O roteiro da discussão na roda de conversa orientou-se pela questão: “O que a ciência faz? O que a sociedade pode fazer para minimizar os impactos florestais?”. Considerando que, tão importante quanto divulgar os resultados da pesquisa científica é motivar a participação da sociedade para a ação cidadã em prol do meio ambiente.

Ao iniciar a discussão os participantes foram estimulados a compartilhar suas experiências, vivências e usos dos produtos andiroba, babaçu e castanha-do-brasil. A atividade extrativista da castanha foi apresentada através do videoclipe da música “Canto dos Castanhais” (autoria de Val Milhomem e Joãozinho Gomes) que aborda o cotidiano dos castanheiros; e do filmete “A cutia”, que mostra este roedor atuando como colaborador para a dispersão da espécie, contribuindo assim para o enriquecimento da floresta.

Sob o aspecto metodológico, as atividades desenvolvidas reúnem componentes de educação e comunicação, caracterizando-se como prática educomunicativa socioambiental. Procurou-se agregar às atividades componentes lúdicos, como é o caso da música e o jogo de avaliação, uma vez que, embora os participantes pertencessem a faixa etária de adolescentes costumeiramente atendidos pela Empresa, por meio do programa Embrapa & Escola, havia o diferencial de se tratar de participantes de uma colônia de férias e, portanto, com uma expectativa de lazer, diversão.

 O uso dos referidos componentes tem por base experiências de desenvolvimento de práticas educomunicativas para a educação não formal, nas quais se tem trabalhado na perspectiva da comunicação dialógica e a elaboração coletiva de conhecimentos, usando para isso, dentre outras possibilidades, músicas que abordam problemas socioambientais na região amazônica.

Na etapa final da oficina foi feita a avaliação do aprendizado, com o uso de um painel em lona plástica, medindo 3m x 1,20m representando uma floresta plantada. O jogo consiste na divisão dos participantes em dois grupos, que respondem perguntas a respeito do assunto abordado nas atividades da oficina.

Consideramos que o desenvolvimento e divulgação de práticas educomunicativas que levem informações e ao mesmo tempo proporcionem a reflexão sobre as questões ambientais, neste caso em especial, sobre a importância dos produtos da sociobiodiversidade, tem sua importância por contribuir para a difusão da consciência ecológica, para além da percepção do ambiente como o meio natural.

 Outro aspecto a ser mais explorado em outras iniciativas com essa temática seria o fornecimento de informações sobre os componentes nutricionais dos produtos e até mesmo de receitas culinárias. Os participantes degustaram mingau de banana com farinha de babaçu, e a receptividade foi muito boa, considerando que o uso dessa mistura não é muito difundido.

 Não obstante estas considerações, observadas as adaptações ao perfil do público, alguns procedimentos podem ser reaplicados em eventos com objetivos similares, uma vez que proporcionam a socialização dos conhecimentos sobre a floresta e a percepção ambiental dos participantes de forma lúdica.

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Gomes Oliveira

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