A ativista é a responsável por coordenar os trabalhos do Comando Con Venezuela, como é chamada a campanha da oposição, no estado de Portuguesa
A ditadura da Venezuela prendeu mais uma pessoa ligada à oposição nesta terça-feira (6). A advogada María Oropeza, chefe regional da campanha dos adversários de Nicolás Maduro, foi detida durante a noite em Guanare, capital de Portuguesa.
A ativista é a responsável por coordenar os trabalhos do Comando Con Venezuela, como é chamada a campanha da oposição, no estado de Portuguesa, onde o chavismo ganha desde 2000, um ano após Hugo Chávez chegar ao poder.
Sua prisão engrossa as 1.152 detenções que a ONG Foro Penal registrou desde o dia seguinte à votação até a manhã desta quarta -segundo Maduro, as prisões passam de 2.000. Antes mesmo do pleito, a organização já havia verificado a captura de mais de 100 pessoas ligadas à oposição.
A prisão de Oropeza, no entanto, tem uma peculiaridade -ela foi registrada pela própria ativista nas redes sociais. Na transmissão ao vivo, é possível ver agentes da DGCIM (Direção de Contrainteligência Militar) quebrando o portão da casa onde estava e entrando no local.
“Estão entrando na minha casa de maneira arbitrária, não há nenhuma ordem de busca. Estão destruindo a porta, eu realmente peço ajuda, peço socorro a todos que puderem. Eu não sou uma criminosa, eu sou apenas uma cidadã que quer um país diferente”, afirmou ela enquanto subiam comentários de solidariedade na tela. Em seguida, uma das agentes pede o telefone e a transmissão é interrompida.
Oropeza havia criticado horas antes a “Operação Tun Tun”, lançada pelo órgão que a prendeu. A medida havia habilitado uma linha telefônica para denunciar casos de ódio físico ou virtual em meio a protestos contra o regime.
A DGCIM pede dados da pessoa que denuncia, data, localização, “evidência física ou digital que demonstre a agressão ou ameaça” e o telefone ou perfil social, segundo uma publicação do diretor da polícia científica, Douglas Rico.
“Essa tal ‘Operação Tun Tun’ carece de qualquer argumento jurídico. O que realmente estamos enfrentando é uma caça às bruxas (…) contra todos os cidadãos que se expressaram por meio do sufrágio em 28 de julho”, havia dito Oropeza em um vídeo anterior divulgado em suas redes sociais.
A prisão foi denunciada pelo Comitê de Direitos Humanos do Partido Vente Venezuela, coordenado por Corina. “Funcionários da DGCIM prenderam María Oropeza, chefe do comando de campanha ConVzla em Portuguesa. Entraram à força e sem ordem judicial. Alertamos a comunidade internacional sobre esta situação. O regime é responsável por sua integridade física”, diz o comitê nas redes sociais.
Corina também falou sobre a prisão da colaboradora, que chamou de jovem corajosa, inteligente e generosa. “O regime acabou de levá-la à força e não sabemos onde ela está. Foi sequestrada”, afirmou. “Peço a todos, dentro e fora da Venezuela, que exijam sua liberdade imediata.”
Já o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, afirmou que a prisão de Oropeza se soma às denúncias de crimes contra a humanidade do regime de Maduro. “Essa irracionalidade repressiva deve ser parada já”, disse.
Desde a eleição do dia 28 de julho, Caracas vive o que começa a ser apelidado por alguns de uma “guerra de atas”. O regime, declarado vencedor pelo órgão eleitoral, não divulga ao público as atas das urnas eletrônicas. Já a oposição divulgou as atas que seus observadores coletaram no dia da eleição -que a ditadura afirma serem falsas.
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