FILOSOFANDO
“Os tucanos são notórios políticos, capazes de brigar até mesmo pelo assento de uma cadeira elétrica.” Elio Gaspari (1944), nasceu em Nápoles (Itália), mas veio para o Brasil aos cinco anos. Aqui é um jornalista e escritor notável que passou por grandes redações, como a Folha de São Paulo, O Globo, Correio do Povo e vários outros órgãos de peso da imprensa brasileira. Na sua formação profissional chegou a ser auxiliar do colunista Hibrahim Sued. Publicou livros importantes, com destaque “Ilusões Armadas” e “O Sacerdote e o Feiticeiro”, sobre a ditadura militar brasileira.
LIBERDADE TOLHIDA
Agora não é como disfarçar: o Brasil é o país da insegurança jurídica. Se senadores da República, com o aval da mais importante autoridade do STF permite, com tergiversações, atropelar uma determinação da tal Constituição (Cidadã?) Brasileira, é melhor se precaver quando se trata de exercer o direito de opinião, informação e crítica previsto na Carta Magna, especialmente para nós, jornalistas evitando-se aborrecimentos, multas e julgamentos admitidos na Lei Eleitoral, ao retratar (ou até mesmo noticiar) os vários ângulos das campanhas e dos candidatos, mesmo daqueles condenados em processos julgados pelo próprio Judiciário.
ARROCHO
Há um burburinho dando conta de ações da parte dos advogados de alguns candidatos contra jornalistas e veículos da mídia que insistem em opinar sobre a corrida eleitoral, nos seus aspectos mais perversos, especialmente se focarem (como deve ser o dever dos profissionais de imprensa) os candidatos que estão enterrados na lama da suspeita de falcatruas e que são alvos de acusações dos órgãos externos de controle (tipo MPs e Tribunal de Contas), ou até mesmo condenados pelo Judiciário diante das provas de desvios do dinheiro público.
Temendo as ameaças de processos e punições sumárias (com o peso de multas extremas), vários sites jornalísticos estão suspendendo a publicação das matérias de seus colunistas mais mordazes ou simplesmente suprimindo a editoria de opinião desses veículos do jornalismo eletrônico.
CONFORME A MÚSICA
Essa coluna também não irá colocar seu pescoço na guilhotina. De princípio o colunista teme (por ter enfrentado essa mesma tormenta no passado) a chamada censura togada. E não vai correr o risco de insistir na importância de se promover mudanças no comando do poder municipal se, para justificar essa tese, tiver de apontar as mazelas praticadas na gestão pública de forma continuada. É uma opinião, mas nada impede que autoridades poderosas classifiquem-na como uma propaganda, um ataque ou desconstrução de ordem pessoal, de tal sorte que o criticado seja tratado como vítima.
Então vamos parar com essa babaquice de lembrar apelidos dados pelo povo e afirmados em discursos de parlamentares como “Caverna de Ali-Baba” para designar a Prefeitura de Porto Velho.
VERDADE CRUEL
Como seria ótima se os responsáveis pela produção de matérias investigativas, opinativas e informações fundamentais para formação da opinião pública não necessitassem de espinafrar políticos acostumados a enganar o povo, políticos que tiveram a oportunidade de trabalhar para a cidadania e preferiram usar o poder para defraudar, para o enriquecimento ilícito e para os desvios de recurso.
Mas desnudar essa gente nesse momento eleitoral é muito perigoso. Na verdade a legislação, pelo visto, parece defender que esses personagens na disputa são melhores do que na verdade são e não merecem ser execrados pelos seus atos de esperteza política e de ações criminosas.
ENCENAÇÃO
Caros leitores, a nossa política está cheia de homens e mulheres que compactuam com o que há de pior na prática política. E muitas dessas pessoas participaram (e ainda participam) das eleições, muitos mantidos na vida pública pelo voto de eleitores menos conscientizados.
Corrupto manja bem o papel a ser desempenhado nesse teatro do absurdo. E pelo desempenho desses sujeitos nada acaba mudando na política. Eles conseguem vitórias sucessivas com as promessas demagógicas, os conchavos de sempre, as mesmíssimas conversas para uma plateia ávida de espetáculos recheados desses discursos sem conteúdos, demagógicos.
RACIONALIDADE
É claro que a campanha eleitoral como se desenvolve agora, não só pelo seu curtíssimo prazo, mas pelas restrições de uma legislação inibidora do confronto de ideias e das ações de desconstrução dos adversários, amordaçando aos formadores de opinião pública diante das ameaças de severas punições (inclusive com multas) aplicadas sumariamente; tudo isso tira a racionalidade do enfrentamento político, do caráter didático esperado da disputa eleitoral.
NO TOM
Então vamos dançar conforme a música ditada por essa lei capaz de suplantar as próprias normas constitucionais. Não vamos falar em mudanças, fim da corrupção, de retiradas das máfias do Poder… O eleitor vai ter de descobrir por si só se há risco de uma rebordosa caso entre os atores desse teatro absurdo vença exatamente quem representa melhor máfias para substituir máfias.
RESSACA
Certamente os leitores da coluna entendem perfeitamente do que estamos falando hoje. E se não derem um show de civilidade, de cidadania com o voto exercido no próximo dia 2 de outubro, irão sentir um day after que jogará por terra toda a euforia inútil da campanha, com mais um desfecho melancólico após mais quatro anos.
IRRESPONSABILIDADE
Estamos longe de terminar com o ciclo de irresponsabilidades na política estadual. Ainda continua o chamado vale tudo eleitoral, impedindo uma evolução real até na composição das prováveis futuras lideranças nesse pobre cenário rondoniense.
LATRINA
A situação é tão bizarra que esse ano, entre os nomes bizarros de candidatos a vereador tem um que ultrapassou os limites e deve liderar os nomes escatológicos. E com isso, a população de Mirante da Serra poderá votar no candidato “Cagado”, pseudônimo escolhido por Hilton Emerick de Paiva que (pasmem!) conta com o apoio do deputado federal Lúcio Mosquini.
Consta que o tal “Cagado” é tido como bom de voto no seu município. E nem por isso pode-se dizer que ali o “eleitorado de josta” seja a maioria.
PARA TURBINAR
Fonte muito próxima do candidato Leo Moraes, o nome do PTB escalado para concorrer à prefeitura de Porto Velho, anunciou a chegada dos novos trunfos para turbinar a corrida da chapa que tem, como vice, a participação do médico Amado Rahall. Trata-se de marqueteiros que terão a responsabilidade de melhorar os programas de Moraes no rádio e na televisão.
GOLPE
Acir Gurgacz e Valdir Raupp, os dois senadores rondonienses que votaram pelo impeachment de Dilma e, depois, pela manutenção de seus direitos políticos terão dificuldades de se explicarem aos rondonienses. O voto dos dois a favor de Dilma foi uma “confissão” de que, na opinião dos dois, a petista era inocente do crime pelo qual foi acusada. Para os senadores rondonienses o julgamento da petista consumou um “golpe político” dos congressistas
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