Meta do Ministério da Saúde é imunizar pelo menos 90% dos mais de 81 milhões de pessoas que fazem parte dos grupos prioritários
A campanha de vacinação contra a gripe começa nesta segunda-feira (10) em todo o Brasil. O objetivo do Ministério da Saúde neste ano é imunizar 81,7 milhões de pessoas que fazem parte dos grupos prioritários e estão aptas a receber a vacina no SUS.
A vacinação foi antecipada na região Norte, onde começou em março, devido ao período de chuva e aumento dos casos de influenza a partir de abril.
Com a aproximação do inverno no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, é esperado também um crescimento do número de infecções pelo vírus da gripe, daí a importância da vacinação neste momento.
Podem se vacinar nos postos de saúde indivíduos que se encaixem nos seguintes grupos:
• pessoas com mais de 60 anos;
• crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias);
• gestantes e puérperas;
• pessoas com deficiência;
• pessoas com comorbidades;
• povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas;
• trabalhadores da saúde;
• integrantes das Forças Armadas;
• profissionais das forças de segurança e salvamento;
• caminhoneiros;
• professores;
• profissionais de transporte coletivo;
• profissionais portuários;
• profissionais do sistema de privação de liberdade;
• população privada de liberdade;
• adolescentes e jovens de 12 a 21 anos em medidas socioeducativas.
Em relação aos bebês e crianças, o ministério diz que aqueles que já receberam pelo menos uma dose nos anos anteriores devem tomar somente uma injeção neste ano.
Para crianças indígenas ou com comorbidades, é possível a vacinação até 9 anos incompletos.
Crianças que serão vacinadas pela primeira vez devem tomar o esquema de duas doses, com intervalo de 30 dias entre elas.
No informe técnico da vacinação, a pasta ressalta que os grupos prioritários são “atores sociais importantes no processo de prevenção e controle da influenza”.
A meta do governo é vacinar 90% de cada um desses grupos, mas é algo que tem sido difícil de atingir nos últimos anos. Em 2022, a cobertura média para todos eles foi de 68,1%.
A sobra de vacinas em muitos locais faz com que os municípios as ofereçam para quem não faz parte dos grupos prioritários, o que normalmente ocorre na metade do ano.
Até lá, quem não faz parte do público-alvo e deseja se vacinar deve fazê-lo na rede privada.
Para o pediatra infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), a percepção de risco sobre a gripe é o que influencia na adesão à vacina anualmente.
“Em geral, como a maioria das temporadas não é tão grave, na maior parte das vezes atingir a cobertura vacinal não é tão fácil. […] O grande desafio é conseguir comunicação e convencimento da população a se vacinar, mesmo com essa percepção de risco baixa. Para todas as vacinas é assim. Com a gripe não é diferente”, explica.
Porém, o médico lembra que já houve anos, como 2016, em que o grande número de hospitalizações por gripe levou a uma corrida aos postos de saúde de pessoas em busca da vacina.
“Aí você tem busca exagerada por vacinas, a campanha é concretizada em quatro, seis semanas. As clínicas privadas vendem muitas vacinas, filas nas portas…”
Anualmente, a vacina contra a gripe é atualizada, conforme orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para incluir as cepas do vírus influenza que devem predominar na estação.
Neste ano, o imunizante trivalente produzido pelo Instituto Butantan oferece proteção contra duas cepas de influenza A – A/Sydney/5/2021 (H1N1) pdm09 e A/Darwin/9/2021 (H3N2 – e outra de influenza B – B/Áustria/1359417/2021 (linhagem B/Victoria).
“A vacina influenza pode ser administrada na mesma ocasião de outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação e também com outros medicamentos, procedendo-se às administrações com seringas e agulhas diferentes em locais anatômicos distintos”, salienta o Ministério da Saúde.
Quem precisar tomar também a vacina contra a Covid-19 ou outra pode fazê-lo no mesmo dia.
Indivíduos com alergia grave a ovo devem receber a vacina sob supervisão médica. Quem estiver com sintomas de Covid-19 ou febre deve esperar a melhora do quadro para se vacinar.
A gripe continua a ser uma doença que preocupa em todo o mundo, principalmente quando ela afeta pessoas mais vulneráveis, como idosos, crianças e indivíduos que tenham o sistema imunológico comprometido por doenças ou tratamentos de saúde.
Em 2022, o Ministério da Saúde contabilizou mais de 10,5 mil internações por síndrome respiratória aguda grave causada pelo vírus influenza. No mesmo período, 1.348 óbitos por complicação respiratória foram associados à gripe.
Os idosos são os mais vulneráveis, segundo os dados do governo, representando quase metade de todos os registros de influenza no ano passado. Ainda assim, a cobertura vacinal desse grupo ficou em torno de 70% em 2022.
“Tradicionalmente, quase na média de todos os últimos anos, de 70% a 75% dos óbitos por influenza que temos no país ocorrem nesses grupos elegíveis para a vacinação”, alerta Kfouri.
Os quadros de gripe têm início subitamente e se manifestam com sintomas como febre, calafrios, dores no corpo e de cabeça, tosse, coriza, dor de garganta e mal-estar geral.
Segundo o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, “a maioria dos sintomas melhora depois de dois ou três dias. No entanto, às vezes a febre pode durar até cinco dias. Os sintomas de tosse, fraqueza, suores e cansaço prolongam-se durante vários dias ou ocasionalmente semanas”.
“Em algumas circunstâncias, principalmente nos grupos de maior risco, a doença pode evoluir para complicações respiratórias — a exemplo da pneumonia viral ou bacteriana —, levar à descompensação da doença de base, no caso de pessoas com condições crônicas, e até mesmo ao óbito. Além da saúde individual e coletiva, estudos realizados nos Estados Unidos demonstram que a gripe causa prejuízos econômicos na casa dos bilhões de dólares anuais, não apenas pelos custos com hospitalização, mas pela perda de vidas e a queda de produtividade devido à falta ao trabalho”, afirma em nota a SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).
A vacinação é a melhor forma de prevenir o agravamento. Ainda assim, algumas pessoas com a saúde mais fragilizada podem precisar tomar antiviral. O oseltamivir (Tamiflu) está disponível no SUS mediante prescrição médica.
É importante ficar atento aos sinais de complicação da gripe, como falta de ar e persistência da febre, que podem indicar um quadro de pneumonia, o que requer atendimento médico imediato.
FONTE: R7.COM
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