FILOSOFANDO
“Não se faz política sem vítimas”. Tancredo Neves (1910/1985), advogado, político e empresário. Foi eleito Presidente da República, mas acabou falecendo antes de tomar posse.
POUCA MOBILIZAÇÃO
É verdade que a cidadania está envolta em várias crises. Crises no campo da política e da economia. Há uma grande mobilização nacional, mas também não errado considerar o destoamento de Rondônia no grau dessa resistência dos brasileiros.
Rondonienses e em especial os portovelhenses têm dedicado grande esforço ao debate em torno de um desejo praticamente irrealizável, como é o caso da restauração da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Novos debates públicos sobre o assunto aconteceram no âmbito do parlamento (estadual e municipal) nos últimos dias. Foram eventos muito esvaziados em se tratando de público.
Enquanto isso, verificamos também um nível muito baixo de mobilização diante dos problemas gerados pela imensa recessão em que se debate Rondônia. E aí as autoridades locais permanecem presas ao imobilismo sem apresentar soluções para uma situação que afeta todos os rondonienses que precisam de emprego, de oportunidades para melhorar de vida, etc.
PIB EM QUEDA
De acordo com nossas fontes econômicas, o PIB brasileiro caiu 4% em 2015 e, se nada for feito, vai cair mais de 3% em 2016, a maior recessão dos últimos 50 anos. Em Rondônia, o PIB deve cair quase 3% em 2015, e o resultado só não será pior porque o Setor Agropecuário manteve o crescimento, mas a retração nos demais setores da economia é impressionante.
ESTEIO ABALADO
O segmento industrial rondoniense é economicamente insignificante. Por aqui, o esteio é o setor de serviços, que envolve atividades como comércio, extrativismo e outras. Esse caiu 6% em relação ao ano anterior, o sexto pior resultado entre os estados da federação.
Na verdade não é preciso ter formação acadêmica para constatar essa queda. Basta fazer um passeio em centros de compras como o Porto Velho Shopping para ver o número assustador de lojas fechadas, até na praça de alimentação.
NINGUÉM ESCAPOU
O pior é que a queda no comércio foi em todos os ramos, com destaque para as vendas de veículos, que caíram 13,%, móveis e eletrodomésticos, registrando queda de 14%, e material de construção, com crescimento negativo de 5%.
Aliás, no setor da construção civil o retrocesso é tão grande que joga por terra todo o discurso ufanista dos aliados do governo de Confúcio Moura. A poderosa construtora Direcional Engenharia, diante de sua forte atuação no mercado de imóveis acabou criando na capital o seu Shopping do Imóvel. A recessão acabou encerrando a iniciativa e também os empreendimentos da Direcional no Estado.
ENGANAÇÃO
Os dirigentes públicos tanto da esfera estadual como municipal insistem em negar a crise e até partem para afirmações buscando enganar a opinião pública.
Foi o que aconteceu novamente no âmbito da gestão de Mauro Nazif, o lamentável prefeito da capital. Com a pachorra de sempre, teve a audácia de anunciar um evento turístico para mostrar a dezenas de operadores desse segmento as atrações da cidade pronta para motivar a atração de visitantes.
DECADENTE
Ora, graças à degradação imposta à cidade pela incompetência das ultimas gestões a capital rondoniense figura entre as mais escrotas do país. A má vontade com que Mauro Nazif exerce a chefia da administração municipal mostra o total desabamento do setor de turismo na capital rondoniense. Nunca os hotéis aqui existentes tiveram uma ocupação tão baixa, levando alguns empreendimentos recentes ao encerramento de suas atividades.
TÁBUA DE SALVAÇÃO
É o setor Agro Pecuário que salva Rondônia de uma recessão mais profunda, com o registro da maior produção de grãos e bom desempenho da pecuária. Aliás, este é provavelmente o único setor da economia estadual com crescimento positivo no PIB.
Mas isso é muito pouco para garantir o crescimento sustentável e duradouro da economia rondoniense, ou seja, aquele crescimento capaz de garantir melhorias na qualidade de vida da população, nos avanços em termos de saúde, educação, cultura, segurança e empregos.
A MOBILIZAÇÃO IMPORTANTE
É claro que não se pode desprezar a mobilização de um grupo saudosista em torno da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, inegavelmente um marco na existência rondoniense. Todavia, nesse quadro de aprofundamento da crise econômica, realidade negada no marketing governamental (de todos os níveis) é discutível colocar a luta pela reconstrução da EFMM como prioridade.
Tá certo que a mobilização quando bem orquestrada funciona. Não há, contudo, nada que leve a crer na reconstrução de uma estrada de ferro reduzida apenas aos documentos (e muitos simplesmente não existem mais) de sua história e de sua saga, quando nem investidores privados e muito menos públicos têm capital suficiente para bancar um projeto dessa envergadura que não garanta em prazo médio retorno do investimento.
VIDA REAL
É preciso até aumentar o calibre das manifestações registradas nos últimos dias em Rondônia. Elas precisam ter como alvo a vida real, a péssima qualidade de nossa representação política, a conscientização de que as mudanças precisam começar pelas eleições desse ano.
A crise não está apenas nos números frios das estatísticas. Ela invadiu a vida real e as empresas começam a fechar. No comércio, o fechamento de lojas no único shopping da capital, é um símbolo da crise no varejo. Na atividade turística, a situação da hotelaria é grave. Nossos governantes se vangloriam não se sabe de que. Anunciam intenções de fomentar o turismo com esses eventos babacas e de enganação, enquanto passam todo um mandato (na prefeitura ou no governo), incapazes de pelo menos implantar um Centro de Convenções, tão prometido nas campanhas.
ESPANTALHOS
Enquanto lideranças políticos esforçam-se nessas promoções mambembes discutindo desejos que não passam de miragens, nossos dirigentes continuam agindo como espantalhos na viabilização de investimentos produtivos, sem qualquer política de estímulos ao empreendedorismo, a atração de novos capitais.
São espantalhos que não espantam a crise. São gestores fraudulentos, capazes de jogar o dinheiro do contribuinte em patrocínios manjados como foi o agora Carnaval de Março, bizarrismo de desembolso clamando por mais uma ação do Tribunal de Contas e do próprio Ministério Público.
PÁSCOA AMARGA
Tudo indica que os sobressaltos do PT vão continuar até o momento em que Dilma for finalmente apeada do governo da república. O sorriso dos petistas com a derrubada da segunda liminar que impedia Lula de assumir de fato o cargo para o qual foi nomeado por Dilma deu lugar à tristeza. Poucas horas depois o ministro do STF, Gilmar Mendes concedeu liminar suspendendo novamente a posse, e o pior pesadelo para Lula, devolveu o inquérito para o juiz Sérgio Moro. Agora para derrubar a liminar de Gilmar Mendes só o plenário do Supremo. O problema é que na próxima semana por conta da Páscoa, o STF não terá sessão.
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