Um mês após prestar depoimento à Comissão Nacional da Verdade e confessar participação nas sessões de torturas durante a ditadura militar, o coronel reformado do Exército Paulo Malhães, 76 anos, foi encontrado morto dentro da sua residência, no bairro Ipiranga, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, nesta sexta-feira (25). A Divisão de Homicídios da Baixada informou que a casa do coronel foi invadida na tarde da quinta-feira (24), de acordo com os relatos da mulher do militar, que também foi feita de refém pelos assassinos.
A viúva disse para a polícia que três homens entraram na casa e um deles estava com o rosto coberto. O casal ficou preso em cômodos diferentes e os assassinos fugiram levando as armas do militar colecionava. A mulher afirma que não sofreu nenhuma violência física e também não reconheceu nenhum dos dois bandidos que estavam com os rostos descobertos. Segundo a polícia, os peritos que estiveram no local não encontraram marcas de tiros, mas nenhuma hipótese será descartada na investigação.
Malhães foi um dos militares que prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade, no mês passado. Ele admitiu ter participado das sessões de tortura e sequestros de militantes da esquerda nos anos de chumbo no Brasil. O ex-deputado Rubens Paiva foi uma das suas vítimas nessa época. O corpo de Paulo Malhães foi levado para o Instituto Médico Legal de Nova Iguaçu.
Presidente da Comissão da Verdade no Rio comenta morte de Malhães
O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro Wadih Damous, comentou sobre a morte do coronel Paulo Malhães. Damous disse ser possível que o assassinato do coronel tenha sido “queima de arquivo”.
“Ele foi um agente importante da repressão politica na época da ditadura e era detentor de muitas informações sobre fatos que ocorreram nos bastidores naquela época. É preciso que seja aberta com urgência uma investigação na área federal para apurar os fatos ocorridos no dia de hoje. A investigação da morte do coronel Paulo Malhães precisa ser feita com muito rigor porque tudo a leva a crer que ele foi assassinado”, disse o comunicado enviado por Damous.
Fonte: Jornal do Brasil
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