A campanha nacional de vacinação contra a gripe será antecipada para 23 de março, afirmou o ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira em São Paulo. De acordo com o Ministério da Saúde, a campanha seria realizada em abril, mas foi antecipada por causa do novo coronavírus.
— Definimos que é possível e trabalharemos para o dia 23 de março, antecipando em 23 dias a data prevista original para essa campanha da vacina contra gripe — diz Mandetta.
Serão disponibilizadas 75 milhões de vacinas pelo Butantan, uma produção recorde, segundo as autoridades de saúde. Em 2019, o Instituto Butantan forneceu ao Ministério da Saúde 65 milhões de doses da vacina influenza trivalente (H1N1, H3N2 e B).
Segundo o ministro, a vacina dá cobertura de 80% contra cepas de influenza, “que são milhares de vezes mais comuns”. Apesar de serem vírus diferentes — a gripe é causada pelo influenza, principalmente os subtipos A e B — os sintomas são parecidos e podem deixar a população confusa e sobrecarregar o sistema de saúde.
— O objetivo (da antecipação da campanha) é diminuir a espiral de epidemia deste vírus (Influenza) que pode confundir a população e auxiliar muito o sistema de saúde — afirma o titular da pasta, que informou que o público-alvo da campanha deste ano será ampliado.
No ano passado, a recomendação era vacinar crianças de seis meses a menores de seis anos; mulheres que deram à luz há menos de 45 dias; idosos; profissionais de saúde; professores da rede pública ou privada; portadores de doenças crônicas; povos indígenas; pessoas privadas de liberdade; e portadores de doenças crônicas (HIV, por exemplo).
— Esse ano vamos fazer outros grupos que não só os idosos. População presidiária completa, agentes presidiários, ampliação de segmentos para diminuir circulação epidêmica — conta.
O Ministério da Saúde recomenda que a população espere o início da campanha de vacinação para se imunizar contra a gripe. Isto porque a vacina formulada para este ano é baseada em pesquisas que apontam os vírus de maior circulação no país neste momento. As vacinas distribuídas no ano passado, por exemplo, não darão a mesma proteção que a dose fabricada para este ano.
O infectologista e epidemiologista Celso Ramos Filho, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica por que é importante tomar a vacina contra a gripe em tempos de coronavírus:
— (A vacinação) reduziria a carga sobre os hospitais, pois menos gente desenvolveria casos graves de gripe. Não há vacina contra o coronavírus. Então qualquer um pode adoecer e procurar um hospital. Mas, se reduzirmos os casos de gripe, causados por vírus influenza, teremos menos gente precisando recorrer a hospitais e abriremos espaço para os casos de Covid-19.
FONTE: O GLOBO
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