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Venda de armas nos Estados Unidos fortalece crime organizado no Brasil

Comércio em lojas e feiras americanas é a principal origem de armamentos pesados que alimentam redes criminosas, segundo especialista

O livre comércio de armas que existe sem maiores restrições nos Estados Unidos acaba dando mais trabalho para as polícias brasileiras. É de lá, afinal, que saem a quase totalidade dos carregamentos de armas pesadas contrabandeadas pelo tráfico, que se espalham pelo Brasil, alimentando a guerra entre os traficantes e causando terror na população.

Em alguns Estados, como Texas e Arizona, não há nem limite para a quantidade de armamentos de guerra comprados por um único cidadão, conforme explica Ivan Marques, diretor do Instituto Sou da Paz, entidade que tem atuado junto com a Polícia Federal brasileira para auxiliar no rastreamento desses armamentos encontrados no Brasil.

— A inexistência de controle e o livre comércio de armas nos Estados Unidos causam problemas muito sérios para países da América Central e vizinhos, como o México, que está sendo inundado por armas contrabandeadas. Mas, do mesmo jeito que chegam lá de maneira facilitada, temos visto nos últimos anos a chegada de armas americanas para abastecer o crime organizado aqui no Brasil, principalmente nos morros cariocas.

Ele ressalta que a maioria das armas leves, como pistolas e revólveres, apreendidas no Brasil, ainda são de fabricação nacional. Mas em relação a fuzis e automáticas, entre outras, é nos Estados Unidos a origem de todo material contrabandeado para redes de traficantes das Américas do Sul, Central e do Norte.

Se elas não são produzidas em território americano, são exportadas para lá, chegando de forma legal, vindas de países do leste europeu, como Romênia, Hungria e Rússia, e sendo exportadas pelos traficantes de forma ilegal, conforme conta Marques.

— Antes de chegar ao Brasil, muitas armas pesadas vindas da Hungria e Romênia, por exemplo, passam pelos Estados Unidos. Elas vêm embrasonadas por um importador americano. Isso é facilitado pelo trânsito legal e liberdade de comércio lá, essa atmosfera facilita e muito.

Venda em lojas

Relatório da Divisão de Repressão a Crimes contra o Patrimônio e ao Tráfico de Armas da Polícia Federal, revelado em janeiro último pela Reuters, apontou que a venda de armas em lojas e feiras nos Estados Unidos é a principal origem de armamentos pesados que alimentam o crime organizado no Brasil.

O relatório informa que este material chega ao País por três maneiras. Uma é o contrabando da arma inteira vinda diretamente dos Estados Unidos para o Brasil. A outra é o contrabando de peças das armas diretamente dos Estados Unidos para o Brasil, onde elas são montadas.

E a terceira é a utilização de países intermediários, principalmente Bolívia e Paraguai, onde as armas chegam montadas ou são montadas antes do envio para o Brasil. O relatório afirmou que, na lista das oito principais lojas de origem dos armamentos pesados, seis delas eram dos Estados Unidos.

As explicações de Marques podem ser resumidas pelo teor do relatório, que destaca:

— Embora o Paraguai figure como principal país de trânsito de armas para o Brasil, os EUA continuam sendo nosso maior fornecedor indireto de pistolas e fuzis ilegais, como resultado do livre comércio em lojas e feiras-livres que ocorrem em cidades americanas.

Marques ressalta outro fator que prejudica o controle de armas: o fato de os Estados Unidos não terem ratificado o Tratado Internacional de Controle de Armas, que obriga os países a regularem a exportação, importação, trânsito, fluxo e a negociação de armas. O Brasil ratificou o tratado há cerca de duas semanas.

Armas apreendidas

Por outro lado, os Estados Unidos trabalham no combate ao tráfico por meio também do ATF (Escritório de Armas, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos). Há inclusive um acordo de cooperação entre Brasil e Estados Unidos, em que ambos podem ser solicitados a promover investigações policiais quando houver algum ilícito relativo a armas. Foi o que ocorreu na prisão do brasileiro Frederick Barbieri, no último sábado (24), na Flórida, acusado de tráfico de armas.

Os policiais dos Estados brasileiros do Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás também estão sendo treinados para rastrear esses armamentos e dar melhores informações à PF, ressalta Marques.

— No ano passado, houve acordo da PF com a ATF para policiais serem sendo treinados para fazer reconhecimento das armas e criar relacionamento com policiais americanos. Se, por exemplo, for encontrada uma arma com numeração preservada, é possível saber qual loja vendeu, para investigar e possivelmente prender aquele que está enviando as armas para o Brasil.

FONTE: BLOG NOSSO MUNDO /  R7.COM

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Gomes Oliveira

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