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Ucrânia une forças com comunidade internacional contra ‘bomba suja’ denunciada pela Rússia

Autoridades ucranianas acusam Kremlin de ‘chantagem’ para países pararem de ajudar Kiev; Zelenski nega uso de armas nucleares

A Ucrânia e o Ocidente uniram forças nesta segunda-feira (24) contra a campanha diplomática lançada pelo Kremlin para denunciar o possível uso por Kiev de uma “bomba suja”, ou seja, um explosivo radioativo, mas não atômico, um assunto que a Rússia levará para a ONU.

“A chantagem suja da Rússia parece muito primitiva”, disse o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, em seu canal no Telegram.

As denúncias russas, acompanhadas de inúmeros telefonemas para colegas ocidentais do ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, ocorrem em meio à preocupação internacional sobre os planos de utilização de armas nucleares durante a “operação militar especial” da Rússia na Ucrânia.

Uma “bomba suja” é um dispositivo explosivo que, uma vez detonado, espalha elementos radioativos na atmosfera e na superfície do solo, contaminando potencialmente vários milhares de metros quadrados, segundo a denúncia russa.

Pretexto para a escalada russa

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse ter falado com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, sobre o assunto, e concordou com ele que “a campanha de desinformação da Rússia sobre a ‘bomba suja’ poderia ter como objetivo criar um pretexto para uma operação de bandeira falsa”.

Além de rejeitar o que chamou de “acusações falsas”, Blinken assegurou-lhe que “os Estados Unidos não poupam esforços” para garantir a defesa aérea de seu aliado.

Posteriormente, EUA, França e Reino Unido emitiram uma declaração conjunta na qual rejeitavam qualquer desculpa “para uma escalada por parte da Rússia”. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, rejeitou a acusação russa como “absurda” em declarações ao jornal americano Politico.

Entretanto, o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, disse em uma mensagem no Facebook que, “ao contrário de Moscou, a Ucrânia sempre foi extremamente responsável em questões de segurança nuclear”.

“Todas as nossas instalações nucleares estão abertas à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). É fácil confirmar que as declarações russas não fazem sentido”, afirmou, pedindo pressão sobre o “regime terrorista de Moscou”, para que “ninguém pense em cometer um crime nuclear na Europa”.

Nesse sentido, Kuleba convocou o diretor da AIEA, Rafael Grossi, a enviar uma missão de inspeção para verificar as acusações inimigas.

Rússia leva a “bomba suja” para a ONU

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou que Moscou já tomou “as medidas necessárias” para levantar esta questão perante as organizações internacionais, “particularmente a ONU”, a fim de abrir um “debate profissional”.

“Temos informações concretas sobre instituições ucranianas, centros de pesquisa científica, que dispõem das tecnologias que permitem criar essa ‘bomba suja’. Temos informações que verificamos repetidamente através dos canais relevantes que não se trata de uma suspeita vã”, acrescentou.

Lavrov disse que Moscou tem provas de que “esse tipo de coisa pode estar em processo de preparação”, afirmou.

“O fato de haver desconfiança nas informações fornecidas pelo lado russo não significa que a ameaça de utilização de uma ‘bomba suja’ não exista. A ameaça é real. Agora, cabe a você acreditar ou não”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Hoje, o Ministério da Defesa russo informou sobre a ativação dos protocolos “para o cumprimento de missões em condições de contaminação radioativa”.

Intimidar o Ocidente

De acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra dos Estados Unidos (ISW, na sigla em inglês), o objetivo da campanha midiática da Rússia é “intimidar os países ocidentais a cessar ou limitar o apoio à Ucrânia, agora que a Rússia está sofrendo reveses militares contínuos e a provável perda de Kerson até o final deste ano”.

As queixas russas também buscam “ampliar as fissuras” dentro da aliança, enquanto o Kremlin recorre à chantagem nuclear para forçar Kiev a aceitar as condições para uma solução pacífica do conflito.

Por seu lado, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, respondeu no domingo (23) à noite que apenas “um sujeito” pode usar armas nucleares naquela zona da Europa, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin.

“Só existe um sujeito que pode usar armas nucleares na nossa parte da Europa […], todos entendem bem quem é a origem de tudo que se pode imaginar nesta guerra”, afirmou.

De fato, lembrou, foi a Rússia “que chantageou com o desastre da radiação” na usina nuclear de Zaporizhzhya e são os mísseis russos que sobrevoam as instalações atômicas ucranianas.

Segundo Zelenski, aonde quer que a Rússia chegue “deixa valas comuns, câmaras de tortura, cidades e aldeias destruídas, terras minadas, infraestrutura destruída e desastres naturais”.

E se mostrou convencido de que a comunidade internacional “não engolirá” a denúncia russa da “bomba suja” na Ucrânia, país que abriu mão de seu arsenal nuclear em 1994 em troca de garantias de segurança da Rússia e do Ocidente.

FONTE: AGÊNCIA EFE

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Gomes

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