DEBATE
Nestas eleições o debate entre os candidatos a governador promovido pela TV Rondônia, afilada da Globo, foi o de maior audiência. Nenhum outro conseguiu a atenção do eleitor quanto o debate de ontem, onde os candidatos tiveram a oportunidade de apresentar as propostas e contraditarem os concorrentes com regras mais adequadas e tempo mais elástico. O mediador, Júlio Mosquéra, ex-correspondente da Globo em Nova Iorque, também ajudou por fazer uma mediação competentíssima e sem interferir no resultado. Nos intervalos interagia com naturalidade com os candidatos.
TOM
O candidato do Podemos, deputado federal Léo Moraes, aumentou o tom da indignação quando instado a perguntar ao concorrente senador Marcos Rogério, candidato do PL. Ao criticar o comportamento do candidato pela suposta dubiedade em tomar posições em Rondônia bem diferentes das assumidas em Brasília, o deputado bateu de frente contra o senador que, acuado, tentou desqualificar em vão o inquisidor. Embora forte, foi um tom usual em qualquer debate de confrontos de ideias e comportamento. Critica quem esconde na crítica o incômodo de torcer por quem está sendo castigado. Mas o confronto é absolutamente normal em qualquer debate, até quando o assunto é futebol .
FUJÃO
Marcos Rocha, candidato à reeleição, fugiu como o diabo foge da cruz de fazer perguntas aos dois principais concorrentes, Léo Moraes e Marcos Rogério. A tática do governador foi dirigir todas as perguntas ao candidato do PSOL, Pimenta de Rondônia. Ingênuo em política e figura pessoal da melhor qualidade, Pimenta serviu aos propósitos de Marcos Rocha porque não fustigava o candidato como cutucaram os adversários com temas incômodos a Marcos Rocha, especialmente sobre corrupção, má gestão na saúde e caos na segurança. A cada bloco, todos já sabiam que Marcos Rocha inquiriria o ingênuo e confuso candidato do PSOL que, por sua vez, levantava a bola para o adversário. Uma dobradinha que virou piada nos corredores da emissora por minimizar o teor da pimenta do debate. Rocha fugiu.
DURO
Quem também não deu mole com o governador Marcos Rocha foi o ex-governador Daniel Pereira. No segundo bloco um acusou o outro sobre qual dos governos as operações policiais foram mais efetivas. Pereira tentava refutar a troca de ofensas com Rocha em toda oportunidade que falava.
PROPOSTAS
Quem prestou atenção atentamente ao debate conseguiu ouvir algumas propostas (um minuto não é suficiente para aprofundar como sugerem alguns) sobre saúde, segurança e educação. Infelizmente, infraestrutura, tema essencial ao estado, ficou fora deste debate. Seja por falta de tempo, seja porque a saúde, principal alvo das críticas, ocupou as atenções. A coluna deu uma olhada nos debates do Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo, e concluímos que o nosso, de Rondônia, foi de longe o menos beligerante, embora os críticos de plantão adorem avaliar o contrário. Nem sempre com expertise que a visão exige.
INELEGÍVEL
É impressionante a insistência do candidato a senador pelo PDT, Acir Gurgacz, em manter uma candidatura ao Senado Federal sem nenhuma chance de conseguir reverter no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a rejeição do registro decidida pelo Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia (TRE). Os advogados do candidato, o partido do candidato, os amigos do candidato e o próprio candidato sabem que não reverterá no TSE a inelegibilidade que indeferiu o registro da candidatura e que os votos obtidos no dia 3 não serão contados. Até os bagres do Madeira também sabem, mas Acir persiste, insiste e não desiste em razão de uma legislação que permite chacota de quem não possui as condições mínimas de elegibilidade. Não é a primeira vez que sua insistência contamina a eleição.
JULGAMENTO
A qualquer momento o TSE pode levar à pauta o recurso de Acir Gurgacz, mas também pode ser que fique para depois das eleições, quando os votos dados a ele sequer aparecerão na apuração final das votações. Entrando na pauta antes de domingo, a tendência é que a Corte Superior mantenha Acir fora das eleições. A candidatura é tão somente um capricho de quem não aceita a realidade. Embora a realidade seja outra, ele continua pedindo votos sabendo que serão anulados. Votar enganado faz parte do jogo. O faz quem quer já que o voto é livre.
MILIONÁRIA
Com uma campanha visivelmente milionária e anabolizada pelas máquinas estaduais e municipais, Mariana se esmerou para aparecer na TV como uma genuína defensora dos bons costumes, da família e da religiosidade. Uma jovem que vestiu o manequim mais velho para esconder do eleitor as fragilidades do perfil que o cargo senatorial requer. A grana é farta na campanha, mas a falta de experiência para o cargo de Senador da República pode causar alguma surpresa no domingo. Mariana tem sido uma deputada federal mediana, sem brilho e sem foco nos principais debates no âmbito do Congresso Nacional. Cresceu nestas eleições em razão das máquinas colocadas a sua disposição, uma vez que a última votação obtida em 2018 foi bem menor que a anterior.
TURNOS
As eleições em Rondônia serão decididas no segundo turno entre o atual governador Marcos Rocha e um dos candidatos oposicionistas, Marcos Rogério ou Léo Moraes. É uma eleição estranha e há um número expressivo de eleitores que não revelam em qual candidato vai votar. Surpresas nas eleições rondonienses sempre ocorrem e nestas pode não ser diferente. Rocha usou e abusou de máquinas poderosas com a colaboração de prefeitos e chegaram a anunciar uma suposta vitória ainda no primeiro turno. Quem conhece os bastidores sabe que no segundo turno as eleições são bem diferentes do primeiro e as razões das escolhas mudam conforme o vento. O favoritismo do governador tende a se confirmar no domingo, mas na segunda, após a algazarra, o jogo muda completamente e tudo começa do zero. Apesar da paridade de armas ser absurdamente desigual em favor de quem domina as máquinas públicas.
AUTOR: ROBSON OLIVEIRA – COLUNA RESENHA POLITICA
- A opinião dos colunistas colaboradores são de sua inteira responsabilidade e não reflete necessariamente a posição da Folha Rondoniense
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