Brasil

Rosa Weber diz que Brasil tem sub-representação política de mulheres

Presidente doTSE ressaltou desproporcionalidade entre eleitoras e mulheres eleitas

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, afirmou nesta segunda-feira que as mulheres são sub-representadas na política brasileira e chamou a atenção para o uso de candidaturas mulheres “laranjas” que foram constatadas em anos anteriores.

— Há uma verdadeira sub-representação política feminina na política brasileira — disse a ministra, lembrando que a cota de 30% de candidaturas mulheres só veio a ser respeitada pela primeira vez em 2012.

Na eleição de 2016, segundo a presidente do tribunal, esse percentual chegou a 31,9%. Os dados da Justiça Eleitoral, contudo, mostram que há mais eleitoras mulheres do que homens. Ao todo, 52,5% do eleitorado brasileiro em 2018, é formado por mulheres, que somam 73 milhões de eleitoras.

— Estes dados estatísticos, confrontados com o número de pedidos de registro de candidaturas femininas e masculinas, evidenciam a desproporcionalidade entre o número de mulheres candidatas e o número de mulheres politicamente ativas no país, quer dizer, as aptas a votar e as votadas — seguiu a ministra.

Rosa Weber discursou durante o seminário “Elas por Elas”, realizado nesta segunda-feira no Supremo Tribunal Federal (STF), que contou com a participação das mulheres à frente dos órgãos de Justiça brasileiro, além de empresárias renomadas do país.

Compunham a mesa de abertura do evento, além de Rosa, a presidente do STF, Cármen Lúcia; a presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Laurita Vaz; a procuradora-geral da República, Raquel Dodge; a advogada-geral da União, Grace Mendonça; e a procuradora-geral junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Cristina Machado.

Laurita Vaz, que também discursou no evento, aproveitou para comentar sobre o cenário da participação feminina nestas eleições e chamou a atenção para o recorde de mulheres disputando o cargo de vice-presidente e a cota de financiamento de candidaturas femininas, que equivale a 30% dos fundos Eleitoral e partidário.

— Seria coincidência ou uma demonstração de que a velha política tem se adaptado para a autopreservação? — provocou a ministra.

Rosa Weber ainda lembrou do fato de que a maior parte dos casos de candidaturas laranjas — quando os partidos lançam candidatos que não recebem nenhum voto — são de mulheres. Segundo a presidente do TSE, em 2016 foram 14.417 candidatas mulheres nesta situação, contra 1.714 candidaturas masculinas.

— O que hoje, contudo, quero enfatizar é o paradoxo desse quadro, quando a maioria do eleitorado é feminino — afirmou Rosa apontando que o voto feminino é “fundamental” para o resultado do pleito.

Para a ministra, o “destino do país” está nas mãos das mulheres.

— Façamos, mulheres, ao exercer todas nós esse direito essencial da cidadania que é voto, a diferença para um fortalecimento para o estado democrático de direito, conquista diária e permanente de todos nós, com a consciência de que em nossas mãos, mulheres, está o destino do país, com a construção da sociedade que todas queremos igualitária, justa e inclusiva — seguiu a presidente do TSE.

No tribunal, Rosa foi a relatora da consulta sobre a destinação de 30% dos recursos do fundo Eleitoral e do tempo de campanha em rádio e TV para as candidaturas femininas. Ela deu o voto favorável, que foi seguido por unanimidade pelo plenário da Corte.

FONTE: O GLOBO

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