Contribuem para esse quadro fatores como desmatamento de florestas e vulnerabilidades sociais
Uma pesquisa realizada por cientistas brasileiros e publicada na quarta-feira (29/6), na revista Science Advances, aponta que sete estados brasileiros correm alto risco de ter surtos de doenças transmitidas por animais, conhecidas como zoonoses.
Os sete estados com maior risco de apresentarem surtos de zoonoses são Maranhão, Mato Grosso, Amazonas, Roraima, Acre, Rondônia e Amapá.
O Distrito Federal e 11 unidades federativas estão na categoria de risco médio. A preocupação com as zoonoses tem se tornado cada vez maior nos últimos anos, devido a surtos como o da varíola dos macacos e à pandemia de Covid-19.
As conclusões dos pesquisadores partiram da análise de nove zoonoses brasileiras que ocorreram entre 2001 e 2019. As doenças estudadas foram doença de Chagas, febre amarela, malária, leishmanioses cutânea e visceral, raiva, febre maculosa, hantavírus e leptospirose.
Os estudiosos observaram os padrões de disseminação dessas doenças e calcularam a possibilidade de novos surtos. Para os pesquisadores, um dos fatores que mais favorece o aparecimento desse tipo de doença é a ocupação de áreas florestais, que resulta em desmatamento e degrada o habitat natural, a nutrição e o sistema imunológico dos animais.
Segundo o estudo, quanto maior a presença de diferentes espécies de seres vivos, maior o risco de transmissão de doenças. Além disso, os pesquisadores observaram que a vulnerabilidade social e a capacidade de resposta governamental e do sistema de saúde pública contribuem para a disseminação das zoonoses.
Causas
Os cinco principais fatores que contribuem para a disseminação das zoonoses são a perda de vegetação nativa, a variedade de mamíferos na região, o isolamento de municípios, a baixa vegetação urbana e a pouca cobertura vegetal. Gisele Winck, bióloga e autora principal do estudo, explicou, em nota divulgada pela Fiocruz, que “esses cinco pontos explicaram 80% do padrão visto do surgimento de doenças no nosso país”.
O desemprego e a insegurança alimentar também foram apontados como fatores associados ao potencial surgimento de novas crises. Pessoas socialmente vulneráveis têm o acesso a serviços de saúde dificultado e, por isso, a taxa de contaminação e de complicações pode ser aumentada.
Os pesquisadores descrevem, no artigo, que o atual desafio para controlar as zoonoses é coordenar colaborações entre diferentes setores, como a polícia florestal, os poderes legislativos locais e federais, e as unidades de saúde.
As zoonoses podem ser causadas por bactérias, parasitas, fungos ou vírus. Os principais transmissores no Brasil são animais domésticos, aves, carrapatos, vacas e roedores. As doenças mais conhecidas são a raiva, a leishmaniose, esporotricose, leptospirose, doença de chagas, malária e febre amarela.
FONTE: DIÁRIO DA AMAZÔNIA
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