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Polícia diz que corpo do miliciano Adriano não estava no cemitério indicado pela família na hora da exumação

Resultado do novo laudo ainda não foi divulgado. A medida foi tomada para a realização de exames que detalhassem os traumatismos ósseos causados pelos tiros.

 

Peritos que foram cumprir a ordem da Justiça para exumar o corpo do miliciano Adriano da Nóbrega, a fim de realizar novos exames, não acharam os restos mortais no local indicado pela família.

Parentes do ex-capitão do Bope informaram um cemitério — a polícia não disse qual. Mas o corpo só foi encontrado em outro, o Memorial do Rio, em Cordovil, na Zona Norte da cidade.

Lá, um cemitério vertical, os peritos localizaram o corpo do miliciano no jazigo 01362. Uma placa informa que ali jazia Adriano Magalhães da Nóbrega.

Adriano foi morto em confronto com policiais militares em fevereiro de 2020 na cidade de Esplanada, a 155 quilômetros de Salvador.

O miliciano estava foragido havia mais de um ano e era suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.

O corpo foi exumado a pedido do Ministério Público da Bahia (MP-BA).

Em nota, o MP-BA informou que o laudo desta nova exumação ainda não foi divulgado. O MP-BA não informou a data da exumação, mas disse que a medida foi tomada para a realização de novos exames, com o objetivo de detalhar as lesões causadas pelos tiros.

As informações desse novo laudo serão comparadas com os relatos dos policiais que participaram da ação. Ainda nesse laudo, será possível analisar a distância que os tiros foram disparados, a partir das lesões causadas.

Segundo o MP, a autorização para a exumação foi dada pelos tribunais de Justiça da Bahia e do Rio de Janeiro. Dois exames já haviam sido feitos no corpo de Adriano, mas a partir desse novo procedimento, será examinada com maior precisão as trajetórias dos disparos que atingiram o miliciano.

Conclusão do inquérito em 2020

Na época da conclusão do inquérito, em agosto do ano passado, a Polícia Civil da Bahia concluiu que o ex-policial militar não havia sido executado, mas que morreu em troca de tiros com os PMs. Adriano foi alvejado duas vezes e teria disparado sete vezes contra os PMs.

Segundo o perito criminal José Carlos Montenegro, que apresentou os resultados da reconstituição do caso, Adriano foi atingido por 2 tiros, após disparar sete vezes contra três policiais que entraram na casa onde ele estava escondido. Dois projéteis atingiram o escudo dos policiais e os outros a parede e uma janela.

Necropsia contradiz PMs

Laudos de duas necropsias no corpo do miliciano, porém, contradizem a versão dos PMs que o encontraram. Uma das análises indica que uma bala o atingiu deitado, e não em confronto.

Uma força-tarefa com 70 homens foi mobilizada no cerco ao capitão, mas somente três PMs conseguiram localizá-lo.

Segundo o depoimento desses três policiais, eles deram voz de prisão contra o ex-capitão da varanda. Como Adriano não respondeu, forçaram a porta.

Assim que a arrombaram, Adriano disparou sete vezes, mas não acertou ninguém. Na mesma hora, dois dos três PMs revidaram, com um tiro cada um — os dois atingiram o miliciano.

A necropsia feita no Rio de Janeiro trouxe detalhes desses tiros que mataram Adriano. Um projétil, segundo o laudo, parece ter vindo rente ao chão.

Uma das balas entrou pela cintura, do lado esquerdo, saiu pela clavícula e entrou novamente no corpo de Adriano, alojando-se no pescoço.

“É um tiro absolutamente em que a vítima provavelmente já estava deitada. Isso precisa ser esclarecido. Esse tiro deveria entrar e sair numa posição paralela ao solo”, diz o perito Nelson Massini.

Outro dado do laudo é a falta de vestígios de pólvora nas mãos do miliciano — apesar de, segundo os PMs, Adriano ter atirado sete vezes.

“Isso fala a favor de que ele não atirou, a princípio, mas é preciso justificar o porquê dessa negatividade”, diz Massini.

Um terceiro destaque são lesões na região da cabeça de Adriano. Massini destaca que os ferimentos foram feitos enquanto o miliciano ainda estava vivo — mas não foram explicados pelos policiais.

“Em que momento isso foi feito? Se você teve a oportunidade de se aproximar dele e dar essas pancadas na cabeça, por que não prendê-lo?”, pontuou o perito.

Relação com os Bolsonaro

O miliciano era investigado por participar do suposto esquema de desvio de salários de funcionários do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Logo após a morte do miliciano, Flávio escreveu nas redes sociais que havia suspeita que Adriano tivesse sido torturado. Também na época, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia afirmou não haver indicações de execução ou tortura, a partir dos exames feitos pela Polícia Civil.

Adriano da Nóbrega era apontado como o chefe do Escritório do Crime, um grupo que reúne policiais e ex-policiais que matam pessoas em troca de dinheiro.

Também conhecido como “Capitão Adriano”, ele era considerado pelos policiais uma pessoa violenta e, quando foi morto, estava foragido havia mais de um ano, por causa de um mandado de prisão de janeiro de 2019.

FONTE: G1.COM –  G1/RJ

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