Para impedir a qualquer custo a continuidade do processo de cassação que estava em andamento na Assembleia Legislativa de Rondônia em 2014, o Governo Estadual criou um grupo criminoso, cometeu irregularidades, e, ainda, arregimentou pessoas para pressionar deputados. A declaração é do deputado estadual Hermínio Coelho, 2º vice-presidente da ALE, ao tomar conhecimento das investigações desencadeadas pela Polícia Federal, comprovando mais uma “bandalheira” institucional, articulada e executada por agentes públicos do Governo Estadual.
Segundo informações da Superintendência Regional da Polícia Federal em Rondônia, a farra com dinheiro público serviu para bancar transporte, café, almoço e até diárias. A empreitada do grupo criminoso instalado no Governo Estadual, teria começado às vésperas da sessão da Assembleia Legislativa, na qual seria apreciado pedido de cassação do governador Confúcio Moura. ( No dia 21 de novembro de 2014, foi protocolada na Assembleia o pedido de afastamento do governador, por seu envolvimento na Operação Platéias).
O deputado Hermínio Coelho informou que por ocasião da tramitação do processo de cassação de Confúcio Moura, chegou a denunciar as pressões arquitetadas pelo Palácio, através do então chefe de gabinete do governador. Todos estes fatos denunciados foram comprovados e agora tornados públicos pela PF, diz o deputado.
RELATO DA POLÍCIA FEDERAL
Segundo a Polícia Federal, na manhã do dia 21 de novembro, por volta das 11h17min, um homem identificado como Matheus entrou em contato com Francisco Portela de Aguiar (assessor do governo) para que ele comunicasse ao “Cabo Moura” que este entre em contato urgente com Matheus. Matheus na verdade é Hudson Matheus Freitas Silva Araújo, também assessor do governo. Ao mesmo tempo, o então presidente da Assembleia Legislativa, Hermínio Coelho pautou a leitura da representação e formação da comissão que analisaria o pedido para o dia 25 de novembro, 4 dias depois.
Na tarde do dia 24, por volta das 16 horas, Waldemar Albuquerque, chefe de Gabinete do governador ligou para Francisco Portela relatando que estava com o então Chefe da Casa Civil, Marco Antônio Faria, tentando “arrumar alimento para o pessoal que vem para a Assembleia”. Eles cogitam falar com a ex-secretária da Sedam Nanci, com Florisvaldo Alves (Valdo, da Sugespe) ou ainda com Márcio da Seas (Márcio Félix, secretário da Seas). Portela lembra a Waldemar que ele não é ordenador de despesas e Waldemar se irrita dizendo que “Marco Antônio da Casa Civil quer tirar o dele da reta”.
Mais tarde, no mesmo dia, as movimentações aumentam, e o secretário George Braga faz contato com Natan Veríssimo, servidor da Supel, informando que Michele Machado Marques (assessora de Confúcio) vai liberar as refeições. George manda que Natan pegue na casa do governador o envelope com as autorizações de fornecimento das alimentações para o pessoal que irá na Assembleia no dia seguinte.
Na manhã seguinte, Portela liga para Matheus e informa que “todas essas pessoas que estão aí (na assembléia) são nossas”, e reforça, “todas que estão aí, todas, sem excessão são nossa (sic)”. Matheus pergunta sobre as pessoas que estão com cartazes escritos ‘fora Hermínio’ e Portela reforça mais uma vez, “todos nossos”.
A Polícia Federal seguiu para a Assembleia, onde flagrou a chegada de alguns ‘manifestantes’ e flagrou um homem de camisa branca fazendo pagamento para algumas lideranças. Dentro da Assembleia, um homem que se identificava como “liderança” batia na mesa na sala de reuniões e era posto para fora, tratava-se do homem que Matheus procurava, que a polícia identificou como “Cabo Moura”, que foi identificado como Antônio Francisco de Moura Filho, que aparece como “doador de campanha” para Confúcio, com a quantia de R$ 3.698. Lá fora, os manifestantes se apresentavam como “desabrigados das enchentes do Madeira”. A PF ainda acompanhou os “manifestantes” indo embora em um ônibus fretado, e eles recebendo os pagamentos das diárias. Vicente Moura, ouvidor geral do Estado, foi flagrado em uma conversa telefônica solicitando a confecção de uma “ata” para ser entregue ao governador Confúcio Moura. Os “manifestantes” foram deixados no bairro Marcos Freire. No dia 2 de dezembro, uma nova sessão da Assembleia para tratar do assunto, os “manifestantes” estavam de volta e mais uma vez, todos receberam comida e dinheiro.
Fonte: Gabinete da Segunda Vice presidência da ALE
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