Em Linhas Gerais

A “Operação Resta Um”, realizada pela PF, indica que o “Chefão” esta com os dias de liberdade contados

FILOSOFANDO

Há mudança no Brasil. Ela não corre, mas anda. Não corre, mas ocorre”. Herbert (Betinho) José de Souza (1935/1997), sociólogo brasileiro.

RECIBO

Certamente a composição do parlamento estadual ainda não conseguiu recuperar a qualidade de seus tempos áureos, especialmente as das primeiras legislaturas, quando o nível intelectual dos parlamentares (inclusive em termos de formação acadêmica) foi de boa qualidade. Não temos mais uma bancada composta em sua maioria de gente com formação jurídica, de engenharia, de médicos e outros profissionais de nível superior. Há hoje um número maior de personagens caricatos, de nomes estrambólicos, com pouca profundidade intelectual. Então não chega ser surpresa “algum representante do povo” passar recibo revelando situações constrangedoras vividas especialmente por ainda, mesmo sendo parlamentar do estado, não ter compreendido o espírito da coisa.

BOABAID

Dessa vez foi o deputado do PMN, Jesuino Boabaid (que não se perca pelo nome) quem passou recebido, ao usar a tribuna da Assembléia para desabafar suas mágoas ao ser barrado na Câmara dos Deputados, onde pretendeu assistir os debates dos deputados federais no plenário.

Pelo visto Boabaid ainda não compreendeu verdadeiramente a dimensão real de seu cargo legislativo e, também, o desconhecimento das regras estabelecidas no regimento interno da Câmara Municipal, similar ao regimento da própria Assembleia.

O plenário do parlamento é ambiente regimentalmente exclusivo para os deputados em suas respectivas Casas. Vale dizer, portanto, que mesmo em se tratando de autoridades icônicas, o acesso ao plenário só acontece com o convite protocolar feito pelo chefe da mesa diretora da Casa.

É SÓ VENCER

Reclamar no plenário da Assembleia é simplesmente passar recibo ou então confirmar a não observância dessa regra regimental. Será que o parlamentar imagina uma “comoção popular” de Rondônia diante do impedimento de assistir a sessão da Câmara dos Deputados de forma privilegiada no plenário daquela Casa.

Como o deputado saído da caserna parece ter o sonho de frequentar aquele espaço, certamente deverá disputar uma cadeira no parlamento federal em 2018. Se vencer terá acesso garantido, como direito constitucional.

AINDA RESTA

A “Operação Resta Um”, realizada pela PF prendendo Ildefonso Colares Filho (e outras pessoas), ex-presidente da Queiróz Galvão terá, previsivelmente, uma nova edição. A coluna acredita que a nova versão da “Resta Um” pode acontecer após a realização das Olímpiadas. Nesse maior esquema de corrupção praticado no Brasil, colocando na lona a Petrobrás, é impossível não acreditar que o verdadeiro chefão dessa roubalheira vai acabar tendo de ajustar contas com o temido Sérgio Moro. O verdadeiro “The One” está tão apavorado que apelou até para a ONU.

DANÇA DA SOLIDÃO

Não existe verdade definitiva em política. Por isso os prognósticos mais recheados de realismo podem não se confirmar. Todavia a experiência de quem vive nesse meio por décadas, como é o caso do colunista, permite vaticínios adiantando os mais prováveis desfechos de alguns personagens que se lançam na corrida pelos votos.

Não se trata de uma opinião e sim de uma constatação. Há muitos personagens lançados como concorrentes nessa campanha sem a menor possibilidade de chegar à vitória. Há até mesmo quem prometeu entrar na disputa sem convencer ninguém. São personagens tentando dançar no ritmo da solidão. Esse é o caso típico de Odacir Soares que pode ou não confirmar sua candidatura no dia de hoje, prazo final para a realização de convenções.

TROMBETA DO FIM

Dia desses, ao ser confirmado candidato à sucessão municipal de Porto Velho, o deputado Ribamar Araújo fez, como é de seu costume, ácidas críticas aos demais políticos participantes da ferrenha disputa para destacar de moto próprio, mais uma vez, que ele, Ribamar é um personagem extremamente ético, acima de qualquer suspeita. E por isso, aceitou a indicação do partido sem apresentar um vice que, acrescentou, terá de ser alguém tão ilibado como ele.

Políticos experientes como Ribamar e Odacir deveriam saber que nesse tipo de caminhada pelo poder quem anda sozinho acaba dançando. É como ligarum cronômetro de contagem regressiva que, ao zerar, tocará a trombeta do fim. É a morte eminente.

VITÓRIAS

Odacir obteve algumas importantes vitórias políticas. Elas ocorreram num momento em que o antigo ex-senador vivia rodeado de gente, de formadores de opinião que viam nele um grande articulador. Mas em relação a Ribamar, que também andou colecionando vitórias, a coisa não foi bem assim. Ele sempre procurou andar meio sozinho, meio equidistante dos “colegas de profissão” para solidificar sua imagem de homem incorruptível.

Então é isso. Alguns obtiveram até sucesso nas empreitadas, mas ao se manterem isolados ou – como é comum se ouvir – aliados ao povo, ah, alardearam uma silenciosa e amargurada queda. Se o colunista estivesse numa situação como a vivida por esses dois políticos nesse momento em que participam da corrida sucessória trataria de rezar pedindo ao Poderoso, forças para suportar um final trágico do resultado eleitoral.

SEMELHANÇAS

Os exemplos são recorrentes, históricos. Fernando Collor venceu com o povo e pisou nos inimigos. Foi engolido em dois anos. E de Rondônia podemos relembrar outros personagens. Jerônimo Santana, o “Bengala”, foi outro. Ele nunca andou sozinho, mas na verdade estava cercado de feras que foram seduzidas com a distribuição de cargos e seduzidas pela perspectiva de Poder.  Mas, com o decorrer do tempo, Santana ficou só e teve um final triste.

Poderíamos citar vários outros exemplos, como o do Olavo Pires, o de Carlinhos Camurça e até mesmo o de Abreu Bianco. Todos fizeram a opção por caminhar nos braços do povo, todos saíram da vida pública à francesa, exatamente por não terem sido precavidos.

CONFIRMAÇÃO

Veremos se hoje o antigo senador Odacir Soares vai confirmar sua decisão de lançar-se a si mesmo na solitária missão de ressurgir na ribalta onde o poder municipal será disputado. Odacir buscou um desses partidos sem expressão, como uma demonstração de ter se enfezado até mesmo com companheiros como Ivo Cassol, de quem é segundo suplente no Senado e de quem chegou a ter cargo importante no governo.

Vai ter de enfrentar as suspeitas de outros caciques políticos que não acreditam mais em seu estrelato e nem é mais um político confiável.

SEM ALIADOS

Candidatos como Odacir e Ribamar entram nessa batalha como “exército de um homem só”. Devem imaginar que caminharão nos braços do povo nessa trajetória tão fugaz. No caso de Ribamar (com dificuldades para anunciar o vice), a fé de conseguirá convencer o eleitorado de que é a alternativa ética ao viciado e corrompido meio político pode estimulá-lo a ir até o fim da refrega.

No caso de Odacir, sem aliados de peso, só o seu eterno desejo de conquistar cargos executivos irá mantê-lo nessa corrida, nesse momento em que vive claramente o seu maior isolamento.

SÓ TERÇA

Em virtude das eleições municipais, a Assembleia Legislativa de Rondônia alterou seu cronograma de sessões durante o período em que se desenvolverá a campanha para escolha de prefeitos e vereadores. Nesse período as sessões ordinárias acontecerão apenas nas terças. Esta alteração foi feito porque há deputados disputando prefeituras e vários estão participando ativamente das campanhas de parentes e correligionários em suas bases eleitorais.

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