A cadeia produtiva possui dois frigoríficos com inspeção federal (SIF), um na região norte, município de Ariquemes (Zaltana Pescados) e outro no Sul do Estado em Vilhena (Santa Clara), beneficiando 700 toneladas de pescado ao mês. Contam com três fábricas de ração extrusadas e 12 laboratórios para produção de alevinos distribuídos em todo o Estado.
Parcerias entre o Governo do Estado e o Ministério de Aquicultura e Pesca que apoiam as atividades capacitando técnicos, extensionistas e produtores rurais apresentam excelentes resultados. A pesquisa para melhoramento genético do Tambaqui, a produção e engorda do Pirarucu, bem como o licenciamento e construção de tanques, fomentam o desenvolvimento sustentável. O próximo passo é conquistar o mercado externo exportando para Europa e Estados Unidos.
Respeitando as regras ambientais existe, por outro, lado incentivos tributários para novos empreendimentos e a descentralização dos licenciamentos para os municípios, que tenham produtores com menos de 5 hectares de lâmina de água, gerando emprego e rendas no campo e nas áreas urbanas. O governador Confúcio Moura, por sua vez, incentiva as famílias ligadas à agricultura familiar a produzir peixes em cativeiro.
Novo Agronegócio
Na opinião do Superintendente Federal de Aquicultura e Pesca, em Rondônia, Giovam Damo, a piscicultura pelo sistema em cativeiro e tanques escavados além de desafogar a pesca nos rios e igarapés, oferecendo condições para as espécies se reproduzirem naturalmente, está transformando a produção de peixes num grande e novo agronegócio. Os rios que já davam sinais de morte pela pesca predatória voltam a respirar e apresentar sinais de vida, mostrando que nem tudo está perdido.
É verdade. No pequeno município de Itapuã do Oeste, distante 100 quilômetros de Porto Velho, o produtor José Martins Nogueira Maia, em 11 hectares de lâmina de água com 19 tanques transformou a pequena propriedade numa verdadeira estância de piscicultura produzindo 80 toneladas de pescado por safra entre Pirarucu, Tambaqui e Pintado.
No empreendimento administrado pela família, José Martins Nogueira Maia, engorda por ano 40 mil peixes que são comercializados com os frigoríficos que vendem para Manaus, Brasília, Piauí, Maranhão e Rio de Janeiro. Empresários de outros setores estão migrando e investindo na piscicultura, pelo fato do consumo da carne de peixe encontrar-se em alta e com mercado assegurado.
Weberton José de Mello, administrador do frigorifico Zaltana Pescados relata que das 650 toneladas de pescado beneficiados, por mês, 60% são comercializadas no centro-sul do País com o grupo Pão de Açúcar e Wal-Mart, grandes consumidores do pescado rondoniense. Segundo ele, o carro-chefe é o Tambaqui, puxando no vácuo o Pintado e o Pirarucu.
Deste volume 30% são em cortes nobres, costelas, bandas e filés. Os outros 30% são eviscerados que seguem para a mesma região. 40% seguem in natura para a região norte do País.
Com investimentos de R$ 21 milhões na implantação de uma fábrica de gelo e outra de ração, o grupo se prepara para em 2015 beneficiar mil toneladas de pescado ao mês. Contudo, essa produção pode ser multiplicada por dez, pois só a fazenda “Nova Esperança” de peixes na região Norte do Estado com uma área de 300 hectares de lâmina de água garante a metade da produção anual desta indústria.
Sem restrições ambientais
Clima, água exposta e mais aflorada com relevo e nascentes naturais é mais fácil produzir, tendo o fator climático equatorial, 6 meses de seca e seis de chuva, sem quaisquer tipo de restrições ambientais, desde que a legislação seja respeitada, Rondônia produz o melhor peixe do Brasil. Motivados pela demanda do centro-sul, as indústrias frigoríficas investem em mão- de-obra e na qualidade da produção pesqueira na região.
Do ponto de vista do engenheiro de pesca Vinícius Pedroti, o mercado para o peixe de Rondônia está consolidado como atividade lucrativa e empresarial que mantêm o equilíbrio, onde os sub-produtos do pescado são reaproveitados em fábricas de ração e adubos. Segundo ele, “o Tambaqui é o nosso peixe”.
Weberton José de Mello acentua que o Tambaqui de Rondônia é comercializado em padrão de dois quilos e meio, somando-se a isso fatores importantes: paladar, preço, cortes sem espinhas e a mudança de hábito de quem trabalha na cozinha. Para ele, “Rondônia virou o celeiro do peixe.”
Implantado na região do Sul do Estado, o frigorífico Santa Clara, também com inspeção federal (SIF), beneficia 30 toneladas de pescado/mês, atendendo as praças de Rondônia e Mato grosso.
Na safra 2012/2013, o grupo Mar e Terra com frigorífico em Itaporã no Mato Grosso do Sul, beneficiou mil e 100 toneladas de Pirarucu, produzidas na região central no Estado de Rondônia. Uma parte fora comercializada no mercado interno e outra exportada. Na atualidade, Rondônia é o maior produtor de Pirarucu em cativeiro no País.
Texto e fotos: José Luiz Alves
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