FILOSOFANDO
“O socialismo de Estado não passa de um pesadelo de um tirano enlouquecido”. MARIO FERREIRA DOS SANTOS, pensador paulista, nascido em Tietê em 1907, publicou Filosofia Concreta.
EDITORIAL
É pura perda de tempo assistir os “debates” de araque promovido por alguns canais de TV da capital, não só pela péssima produção desses programas, conduzidos sem a menor preocupação de profissionalismo de informação e, também, pelo despreparo da quase totalidade dos candidatos em abordar com profundidade temas verdadeiramente relevantes para colocar o desenvolvimento da capital na pauta dessas discussões.
São simplesmente pessoas sem conhecimento de causa da própria história da cidade falando do óbvio e procurando com suas lenga-lengas apenas desconstruir candidatos mais bem posicionados nessa corrida em sua reta final. Nem mesmo temas fundamentais e simples para melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram em Porto Velho, como a arborização urbana entra na pauta. Preferem destacar o imediatismo dos pontos de alagação da cidade com chuvas de grande volume, problema que no passado foi muito pior do que hoje e que, claro, vai demandar ainda o investimento de milhões para sua solução.
É bom o eleitor não se esquecer que Porto Velho, uma capital amazônica, sofre verdadeiramente problemas ambientais que nem deveria conhecer. E sofre isso exatamente pela irresponsabilidade das gestões antigas, as verdadeiras responsáveis pela situação desastrosa de que tantos reclamam agora e hipocritamente não reconhecem como essa cidade melhorou na gestão que vai terminar esse ano.
Então veja, por exemplo, a questão da arborização urbana da capital. E não se esqueçam de quem agiu no sentido de extirpar árvores centenárias de importantes avenidas, como a Tiradentes, com a promessa de repô-las. Foi o mesmo prefeito que, incapaz de solucionar o setor de transporte coletivo inventou aquela porcaria chamada de SIM.
Quantas vezes esse coluna alertou para o perigo desses gestores inconsequentes tentando sensibilizar os defensores da saúde do ecosistema para a resistência aos que acabaram com as árvores antigas e não plantaram ou cuidaram das novas. E agora, na reta final da campanha os detratores do atual prefeito não falam nada sobre isso, exatamente por se inspirarem naqueles que sempre prejudicaram essa cidade.
Entendemos que as árvores se constituem no maior patrimônio ambiental de uma cidade que pretende ser orgulho de seus moradores. É triste ver como a população sempre foi enganada pelos prefeitos irresponsáveis do passado, especialmente os ligados à esquerda comunista, incapazes até mesmo de cuidar de parques e jardins surgidos graças às doações da iniciativa privada e terceiros, enchendo-os de árvores, de vegetação.
É caso do Parque da Cidade, um “presente” do shopping, paupérrimo em área arborizada. E veja o caso do tal Skate Park (nome horrível) que só começou a ser cuidado na gestão atual. Antes tinha característica de um muquifo perigoso e nada mais. Certamente boa parte da comunidade de Porto Velho não sabe que no passado alguns personagens que gravitavam na órbita dos partidos dos ex-prefeitos chegaram a ganhar muito dinheiro, até com a venda de gramas para canteiros de ruas e avenidas que, pasmem, nunca foram gramadas.
Não é só pela sombra que a arborização é muito importante numa cidade de clima quente como é a capital dos rondonienses. As árvores são abrigos de pássaros, que espalham semente e comem insetos. Numa cidade arborizada o ar que se respira nas ruas fica mais saudável.
Ainda bem que o atual prefeito tem uma consciência muito maior que todos os seus antecessores sobre esta questão urbana. Devemos pensar nisso na hora de votarmos. É o momento de nos penitenciarmos. Sim, afinal foi a população que escolheu pelo voto aquele prefeito destruidor de árvores frondosas das vias públicas, como se não entendesse que árvores são seres vivos em forma de vegetal. Não servem só para embelezar a cidade mas também para contribuir com as aves e outros animais.
Com relação ao prefeito anterior, o destruidor de árvores da cidade sem nenhuma piedade ao contrário de receber uma punição dos cidadãos de Porto Velho acabou foi ganhando um prêmio para ir viver em Brasília no cargo de deputado federal. Agora, momento em que mais uma vez a população está sendo convocada para ir às urnas, é bom raciocinar para não permitir que outra vez os destruidores, os sem conteúdos cheguem à prefeitura com o manejo da demagogia e da falácia.
Precisamos de uma cidade mais saudável e bem cuidada. Em mais de uma centena de anos a nossa capital foi mal cuidada, desamada e sem qualidade de vida. Precisamos manter os destruidores, aqueles que agem cuspindo no prato que comeu longe do poder municipal. Os candidatos sem lastro, sem conhecimento e comprometimento da história de Porto Velho representam um perigo para quem está empenhado em fazer da nossa cidade orgulho para todos os moradores de Rondônia.
CRÔNICA
Depois de ter assistido a um “mini debate” de candidatos na televisão fiquei pasmo com a arrogância dos postulantes, especialmente daqueles sem uma experiência prévia em cadeiras públicas. Um desses candidatos, com quem me reuni antes de sua decisão de entrar na disputa, me decepcionou ainda mais.
Sim, ele deixou claro não ter entendido nada sobre a o aconselhamento que lhe deixei: “venha humilde, chegue para aprender!”. Que pena que sua avaliação do povo seja tão deficiente a ponto de acreditar na lorota inventada de “defensor do povo” como um mantra que a população vai engolir…
É isso mesmo: quem pretende se envolver com a política deveria sempre acreditar ser necessário chegar com humildade e com disposição de aprender. Afinal deveriam levar em consideração essa especificidade de nós, os eleitores. Nós, passa eleição e vem eleição não nos retiramos desse aprendizado. Afinal também temos papel crucial sobre a boa política, tão cobrada e esperada em tempo já arrastado de descrença.
Porque como eleitores e cidadãos, generalizamos e reproduzimos a adorada frase “tudo farinha do mesmo saco” podemos, sem perceber, resistir à observação necessária sobre aqueles que fazem e devem fazer diferente.
Quando não treinamos nosso olhar para ver a diferença, também não valorizamos as tentativas – sejam elas pequenas ou grandes – de construção e diálogo que, de fato, representam o que é política. Corremos esse risco principalmente na hora de escolher um nome para votar entre as centenas de candidatos existentes.
Se olharmos sempre com o vício de maldizer ou obter vantagem, sobretudo sem procurar saber sobre o que estamos falando, somos parte eficiente dessa relação penosa e cíclica que só alimenta a própria política desgastada pelo voto dos que não buscam cobrar outras posturas com profundidade.
Ou seja: se alguém que tente fazer diferente não receber nosso olhar apurado ou não se comunicar, corremos o risco de elegermos ‘mais do mesmo’ pelo ato de ignorarmos justamente o que dizemos buscar: o diferente.
Sabemos que o interesse político enfraquecido é mais um resultado inegável da sociedade desigual que vivenciamos diariamente, associado a condutas realmente lamentáveis, desanimadoras e também viciadas em velhas práticas.
Neste contexto discrepante, sem acesso à educação para todos, dificilmente temos discernimento e meios de interpretação crítica usuais sobre o que vemos. Porém, considero importante o alerta principalmente a nós, privilegiados, que temos esse acesso a tudo e não procuramos saber sem nos despirmos da arrogância de achar que já temos resposta para tudo ou de já colocarmos uma capa negativa sobre toda informação relacionada à política.
Penosamente constatei – após assistir ao fraco debate de araque – que no geral os candidatos estão cheios arrogância enquanto entoam serem representantes da ‘nova política’ e, infelizmente, não percebem que contribuem com um slogan vazio à negação da própria política. Empurram discursos de gestões privadas ao que se deve fazer no setor público sem o cuidado e estudo aprofundado sobre o que de fato pode se aplicar como método preciso entre esses dois mundos, em tantos aspectos, particulares.
Para que o novo seja diferente, ele deve justamente assumir a política e não anulá-la, desclassificá-la, e, assim, fazer-se oportunamente por meio dela. Precisamos de boas condutas na política e não jogá-la na vala do senso comum, com promessas sem conhecê-la. Só mudamos aquilo que conhecemos de alguma maneira.
Um ex-deputado federal incapaz de aceitar e explicar que as emendas parlamentares são recursos saídos do bolso dos contribuintes e não do seu; o outro com mentiras deslavadas como “o Jardim Santana ficou debaixo d’água” ou bravatas do tipo “vou expulsar a Energisa da capital” não passa de um relés embromador. Isso revela como ainda estamos longe do ideal político de uma sociedade culta e democrática. Precisamos de boas condutas na política e não de quem joga na vala do senso comum, promessas sobre o que desconhecem. Só mudamos aquilo que conhecemos de alguma maneira.
Com todo respeito às diferentes motivações que levam alguém a essa corrida eleitoral, eu diria, sobretudo aos cheios de opiniões: “venham para conhecer, livre de achismos, dispostos a entender como se relacionam os poderes, como se conquistam arduamente e a longo prazo resultados, como se traça delicado o caminho do convencimento, como são contraditórios os desejos humanos e como não é simples, portanto, representar sem chamar pra perto, sem conversar, sem ouvir.”
As formações estão ai postas para serem avaliadas pelos donos dos votos, ou seja, os eleitores. Então nesse momento ainda é possível a reflexão de quem entrou nessa corrida pelo idealismo, coisa difícil de se encontrar.
Mesmo que tenhamos na bagagem o mais aperfeiçoado idealismo, quando chegamos à prática, aprendemos dia a dia a valorizarmos as brechas, nem sempre fáceis de encontrar, em que conseguimos aliar a bandeira erguida dos ideais à realidade das pessoas, das nossas contradições humanas e sociais, do que é preciso no duro.
Quando estamos distantes ou almejamos postos, é mais fácil apontar, dissertar sobre medidas e soluções. E isso não é um problema. Aliás, eu diria também: “venham com suas certezas, convicções e propósitos”, mas acrescentaria o senso dialético imprescindível: “somem às ideias próprias, a abertura para eventualmente mudá-las. Saibam dividir, venham para se questionar, para rever o que trazem na cartilha, para duvidar, para encontrar e deixar ir”, porque com todo amor às boas rodas de conversa, às boas intenções, a política real é paradoxalmente sútil e complexa quando se quer mesmo alcançar a ponta e transformar vidas.
Então, reforçaria: “venham sabendo da existência da frustração, da dificuldade, porque nada se consegue sozinho e tudo na política é construção. Desapeguem das máximas que não beneficiam de fato alguém. Compreendam as mudanças, as diferentes cabeças, as dinâmicas já postas e as que virão. Atravessem. Unam grupos, nem que sejam poucos e de poucas pessoas. Não se pode sempre falar com todos. Ninguém é unânime. Mas não desprezem o que não parece numeroso.
Em um ano importante como esse, o que menos precisamos é do desdém sobre o que perto ou longe move nossos dias: a política real, que tenta unir pessoas a propósitos. Ela pode não ser ideal, ter muito a caminhar, mas esse processo não nos isenta, nem como eleitores, nem como possíveis postulantes. Essas, aliás, não são respostas prontas, são percepções do hoje que afirmo para, quem sabe, um dia também rever e mudar.
MADRINHA
A vereadora Cristiane Lopes tem facilidade para esquecer fatos que não contribui para a sua campanha eleitoral como candidata a prefeita. Da mesma maneira que mostrou desconhecimento na mudança do endereço do IPAM, agora exalta sua madrinha política, a deputada Jaqueline Cassol (irmã do ex-senador Ivo Cassol) afirmando que ela vai destinar emendas parlamentares (dinheiro do contribuinte) para a capital rondoniense em 2021 se, é claro, a telemoça for eleita. Convenientemente a aspirante à cadeira do Executivo esconde que a tal deputada federal foi a única parlamentar que nunca repassou nadica de nada para a capital. Esqueceu de contar isso aos eleitores de Porto Velho.
CÁLCULO
Em sua aparição no tal mini-debate de um canal de tv da capital, o candidato Breno Mendes ressaltou o apoio que tem na sua campanha do governador Marcos Rocha. Também demonstra satisfação em ter o apoio de parlamentar que já foi preso e continua sendo investigado na esfera da Justiça. Até hoje Breno não explicou os motivos de sua demissão da gestão municipal que termina esse ano. Tendo como lema a “expulsão da Energisa” de Rondônia, o candidato não explica aos eleitores que “prefeito não tem competência para tal”. Se explicasse desmascaria sua própria demagogia.
BIBLIOTECA
Fechada desde 2008, a Biblioteca Pública Estadual Dr. José Pontes Pinto, localizada na Avenida Farquhar com Pinheiro Machado, no Centro de Porto Velho voltou a funcionar. A nova estrutura traz um espaço disponível para a população, climatizado, com salão de leitura, área de informática, sala de estudos coletivos e individuais disponibilização de internet Wi-fi, banheiros femininos e masculinos com acessibilidade.
NA LISTA
O ex-governador de Rondônia, Confúcio Moura, atual senador, faz parta da lista de governadores denunciados criminalmente pelo Ministério Público. A denúncia contra Confúcio foi feita em 2017. Confúcio responde por fraudes em licitações nas obras do Espaço Alternativo, em Porto Velho e na compensação irregular dos valores pagos em guias de recolhimento previdenciárias da Prefeitura de Ariquemes entre 2009 e 2010, o que caracteriza sonegação fiscal.
INAPTOS
Nas eleições 2020 foram registrados 5.928 pedidos de candidatura em Rondônia, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desses, 213 foram julgados inaptos. Dentre os candidatos considerados inaptos, 116 tiveram a candidatura indeferida, 90 renunciaram, 3 morreram, 2 cancelaram o pedido de candidatura e dois foram classificados como pedido não conhecido. Já entre os aptos, 100 tiveram a candidatura indeferida, mas entraram com recurso e podem continuar realizando campanha. Os nomes desses candidatos estarão nas urnas para votação no dia 15 de novembro.
TRIBUTOS
O Projeto de Lei 1890/20 prorroga o prazo para pagamento de tributos e contribuições federais e estabelece o parcelamento de débitos tributários durante estado de calamidade pública ou pandemia. O texto está em análise na Câmara dos Deputados. Pela proposta, os tributos terão o pagamento adiado até o terceiro dia útil do mês subsequente. Quem desejar poderá, em até 30 dias após a sanção da futura lei, solicitar o pagamento dos débitos em 12 parcelas mensais e sucessivas, sem multas e juros.
ECONOMIA
Os rondonienses sofreram terrivelmente com a pandemia da covid-19 e com as restrições impostas pelas autoridades às atividades econômicas e à circulação de pessoas. Não só o número de infectados e mortos pela doença custou um alto preço pago pela população, mas os custos econômicos, sociais, psicológicos, e de saúde foram igualmente graves. Isso sem contar as práticas corruptas do Covidão.
Não fosse a ajuda do governo federal para a manutenção do emprego, os programas de crédito, e o auxílio emergencial que beneficiou, e ainda beneficia, milhões de brasileiros, seguramente o número de mortes por desnutrição e outras doenças poderia ser tão grande quanto as causadas pelo vírus. Em Porto Velho, a capital do estado, as filas na porta dos bancos, principalmente na CEF, de gente esperando sua parcela de ajuda são quilométricas.
NOVA PANDEMIA
No momento em que a pandemia parece estar arrefecendo, com a desaceleração do número de infectados e de mortos, como resultado de um ciclo esperado no comportamento da pandemia, e as atividades econômicas estão gradativamente sendo retomadas, eis que uma nova pandemia ameaça empresas e cidadãos: a pandemia tributária.
Curiosamente, ela ameaça principalmente as empresas do setor de serviços, as mais afetadas pelas restrições e que vão demorar mais para se recuperarem, além das camadas de menor renda, para a qual as alíquotas menores de impostos sobre alimentos, medicamentos e outros são muito significativas. Mais curioso ainda é que esses produtos estão enfrentando alta significativa dos preços, o que tem levado o governo a fazer apelos aos empresários. A inflação só não explodiu por causa do comportamento dos preços dos serviços. Com as mudanças propostas, seguramente, o IPCA irá atrás do IGP.
PREOCUPANTE
O que mais preocupa, no entanto, é a proposta de reforma tributária que tramita na Câmara dos Deputados, a PEC 45, que, apesar dos inúmeros problemas que apresenta, entre os quais se pode incluir forte aumento da tributação das empresas do setor serviços e, quase certamente, aumento da carga tributária, tem sido objeto de inusual pressão para sua aprovação por parte de alguns setores da economia. Muitos outros projetos continuam a ser apresentados no Congresso, como a tributação de dividendos, imposto sobre grandes fortunas e heranças e diversas outras propostas na esfera tributária.
Tudo isso acontece apesar da economia se encontrar em uma profunda crise, e em um ambiente de grande incerteza, quando o que se esperava das autoridades eram medidas de apoio que assegurassem aos empresários e cidadãos um caminho de confiança e de esperança. Parece, contudo, que o país precisa se preparar para uma nova pandemia, a pandemia tributária, para a qual não existe vacina.
AUTOR: GESSI TABORDA – COLUNA EM LINHAS GERAIS
- A opinião dos colunistas colaboradores não reflete necessariamente a opinião da Folha Rondoniense
Add Comment