ELEIÇÕES PERDIDAS
Tempos muito difíceis. Alguns militantes do PT (e até um petista influente no passado) decidiram falar ao colunista no dia de ontem sobre o futuro político do partido em Rondônia. Essa conversa foi motivada pelas declarações do próprio Lula, no final da semana que passou, sobre sua disposição de sair candidato em 2018, se “houver necessidade”.
Pelas palavras de um vereador do partido, a declaração de Lula “não modifica nada no quadro fatalista do PT em Rondônia”.
Pedindo para não ser identificado, o vereador (que não é da capital) disse o partido “vive uma situação de capitulação nas eleições de 2016”, e terá sorte se conservar “os atuais cargos que detém, pelo menos em nível das Câmaras Municipais”.
CANDIDATO?
Ninguém desconhece que o PT, em nível nacional, está queimado. E boa parte dos militantes considera mera bravata a conversa de seu líder maior, o Lula da Silva, de ser candidato em 2018, para impedir, como disse na semana que passou, “que o PSDB chegue ao Poder”.
Em Rondônia, ou mais precisamente em Porto Velho, o PT considera que já tem “nomes competitivos” para disputar eleições municipais. No caso da capital o nome é o de deputado estadual Ribamar Araújo, disposto a mais uma tentiva para chegar ao comando da prefeitura que ainda sofre os reflexos do “arraso” patrocinado pelo petista que deixou o comando da cidade batizado de, isso mesmo, Bob Ali Babá Sobrinho, enquanto a prefeitura passou a ser chamada de “A caverna” dos 40 ladrões.
FATALISMO PREDOMINANTE
Quem acompanhou a trajetória do PT no Estado, lembra-se do tempo em que a praxe era fazer reuniões para se tratar de tudo, e especialmente de sucessão. Tempos em que Odair Cordeiro era o ideólogo do partido, seu principal estrategista e costurador dos acordos entre os chamados partidos de esquerda.
Esse tempo passou. Hoje o cenário de um fatalismo insuperável. E mesmo que Ribamar não desista e nem seja rifado na sua pretensa candidatura, a participação do PT na eleição de 2016 é de pura capitulação política.
BANHO DE ÁGUA FRIA
Não sobrou ninguém no PT para propor qualquer caminho para reabilitação e fortalecimento da sigla que um chegou a se imaginar conquistadora do palácio estadual e não apenas de meras prefeituras interioranas.
Na verdade, ao contrário de injeção de ânimo, os militantes que ainda teimam em defender o petismo no estado costumam receber, isso sim, baldes de água fria quando algum puxa-saco mais desavergonhado insiste em dizer que “Roberto Sobrinho vai voltar”.
Claro que Roberto Sobrinho, essa farsa política com anos de militância petista, costuma ser o primeiro a gritar que aceita o desafio, como o faz em nível brasileiro o Lula decante. E é pelo mesmo motivo: pela falta de mãos mais ativas e corajosas, com credibilidade e liderança popular suficiente para manter em pé o nome e as ideias do PT.
COM MEDO DO POVO
Os petistas resistem a reconhecer como responsável principal pela sua enorme rejeição no estado (e principalmente em Porto Velho) o ex-prefeito de Porto Velho. Ele, como se afirma nos bastidores, ainda é figura de proa na cúpula petista.
E assim, ao contrário de ficar livre desse e de outros coveiros da sigla, preferiram culpar a postura da mídia e dos jornalistas que mostraram os tentáculos do partido nas operações de corrupção, de má gestão do dinheiro público e de conchavos abjetos.
O partido encolheu-se pelos escândalos que levaram nomes de sua base história, como a ex-deputada Epifânia Barbosa, como o Edson Silveira (que chegou a Secretário de Obras de Porto Velho) e como vários outros nomes estrelados personagens que acabaram por ilustrar a crônica policial, muito além da crônica política.
SAÍDA POSSÍVEL
Uma crise sempre tem saída, e isso vale até para o PT. É possível que o nome dessa saída, no caso do PT, seja o do deputado Ribamar Araújo que ao longo de sua vida pública fez questão de formatar seu nome como “sinônimo de honestidade”.
Mas para isso o parlamentar precisa conquistar apoio irrestrito de seus companheiros de partido que, como é público, não o tem como “alguém palatável”. E caberia ao deputado Ribamar ser uma voz mais organizada visando a refrega eleitoral do próximo ano.
Teria, claro, de mostrar de forma mais didática a política anti-social levada a cabo pelo prefeito Mauro Nazif em questões fundamentais como o transporte urbano.
SEM PROFUNDIDADE
Até o momento o deputar Ribamar não ocupou a tribuna da Assembleia para elaborar discursos de profundidade alertando para o risco da permanência do PSB no comando do município aprofundar uma política permanente que empobrece gerações, deseduca, gera desemprego e amplia a miséria entre a população mais carente. Sem alguém com essa disposição, o PT pode, sem perceber, acabar de entrar o jogo e sair da tabela dos próximos campeonatos.
PREOCUPADOS
Diante da expectativa que vive o prefeito da cidade com a implantação do novo monopólio do transporte urbana, num processo com tanta polêmica e tantos mistérios, há quem aposte que a espada da Dâmocles está prontinha a entrar em ação e cair sobre sua cabeça, especialmente se perder o posto de bambambã municipal no próximo ano. Essa preocupação também se estende a seus auxiliares e demais áulicos, fazendo dos corredores da sede da municipalidade a sessão de cochichos e murmúrios ao pé do ouvido, mais soando como segredos do alto escalão, lembrando a novela prestes a se encerrar, “Verdades Secretas”. Para quem sabe ler, um pingo é letra.
NÃO É DO RAMO
Dilma e os ministros da área econômica e do núcleo político deixaram Temer de fora das conversas sobre recriar a CPMF. Temer, que ainda cuida da articulação política no atacado, com lideranças partidárias, a pedido de Dilma passou pelo constrangimento de tomar conhecimento do assunto pela imprensa. A inépcia foi tanta, que apesar de terem jogado Temer para escanteio, queriam que ele ajudasse a aprovar a CPMF no Congresso.
SERVENTIA
Zé Dirceu, como era esperado, não falou nada na CPI. A CPI da PETROBRAS é igual a quase todas as CPIs, terminaram em pizza. Só serve para pressão política. Não custa lembrar que o empreiteiro Ricardo Pessoa, coordenador do “clube do bilhão do Petrolão” declarou à PF que fez uma doação de R$ 200 mil para a campanha de Luiz Sérgio (petista que é o relator da CPI) para em troca ele, que já foi presidente do sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis, impedir greves no canteiro de obras de Angra 3. Isto é Brasil!
TRUQUE DE MADAME
O governo estadual anunciou a sua reforma política mas, como se imagina, tudo não passará de uma mera maquiagem. Até os candirus do Madeira sabem que a gestão Confúcio Moura criou cargos e mais cargos desnecessários, que só servem para gastar mais dinheiro público. Até agora, pelo que foi dito nos bastidores, não se cortou praticamente nada. Se fosse reforma administrativa de verdade, o governo precisaria cortar na carne de verdade, mas é tudo arranjo de marketing. Ele não pode deixar deputados (que indicaram nomes e mais nomes para o Executivo) irritados. Então, na prática, na reforma administrativa anunciada pelo filosófico governador (??) quase nada aconteceu. Nem mesmo reduções significativas nas gratificações.
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