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Lula depõe a Moro sobre benefícios da Odebrecht após revelações de Palocci

SÃO PAULO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depõe nesta quarta-feira na Justiça Federal de Curitiba numa situação bem menos confortável do que em maio passado, quando foi interrogado pela primeira vez pelo juiz Sergio Moro e falou durante cinco horas. Desde então, Lula foi condenado a nove anos e meio de prisão por Moro, na ação que envolveu o tríplex do Guarujá, e viu o juiz aceitar a terceira denúncia contra ele apresentada pela força-tarefa de Curitiba, que tem como foco o sítio de Atibaia. Há uma semana, ele também foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República e apontado como líder de organização criminosa que resultou no pagamento de R$ 1,4 bilhão ao PT.

No depoimento desta quarta-feira, Lula deve ser perguntado principalmente sobre benefícios pagos pela Odebrecht — um imóvel de R$ 12 milhões destinado ao Instituto Lula e uma cobertura vizinha à que mora em São Bernardo do Campo. Essa é a segunda das três ações contra o ex-presidente em Curitiba.

Na última quarta-feira, o ex-ministro Antonio Palocci confirmou a Moro que a Odebrecht manteve uma conta de valores ilícitos destinados ao PT e, que, depois que Lula deixou o governo, a empreiteira também colocou à disposição dele valores para gastos pessoais, de onde teria saído o dinheiro para a compra do prédio — que não foi usado pelo Instituto Lula — e para a cobertura.

Palocci disse que Lula, ainda em 2007, conversou com ele sobre as propinas repassadas aos partidos políticos pela diretoria da Petrobras e contou que, depois disso, o presidente chegou inclusive a recomendar que fizesse reservas partidárias. No primeiro depoimento a Moro, Lula disse que as indicações políticas existiam, mas que ele não sabia sobre o esquema de corrupção. O ex-ministro disse ainda que em 2010, numa reunião com Dilma Rousseff e José Sergio Gabrielli (ex-presidente da Petrobras), Lula chegou a pedir que os contratos das sondas do pré-sal financiassem a campanha presidencial.

Palocci afirmou ter ouvido do próprio Lula que Emílio Odebrecht lhe oferecera R$ 300 milhões para uso pessoal e do PT. Chegou a classificar o relacionamento entre Lula e o empresário de “pacto de sangue”.

Assim como Palocci, o empresário Marcelo Odebrecht, filho de Emílio, também disse que Lula sabia dos recursos destinados ao PT e que, em troca, os pleitos das empresas eram atendidos.

Antonio Palocci confirmou que o imóvel destinado ao Instituto Lula foi comprado pela Odebrecht a pedido do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, e do advogado Roberto Teixeira. Disse ter alertado sobre o risco do negócio, que classificou de “tabajara” e que, por isso, Lula, já após a compra, teria desistido do imóvel. Acrescentou que R$ 4 milhões doados ao instituto saíram de propina.

Em depoimento, Marcelo Odebrecht disse ainda que Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, retirou R$ 9 milhões em espécie para Lula. A situação da cobertura de São Bernardo também complica o ex-presidente. O imóvel está em nome de Glaucos Costamarques, primo de Bumlai, que afirmou em depoimento só ter recebido aluguel depois que Bumlai foi preso pela Lava-Jato, em 2015.

Fonte: O Globo

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