Procuradores teriam deixado ministra no escuro ao pedirem apoio a investigações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Ao pedir apoio nas investigações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), procuradores da Operação Lava Jato teriam escondido informações da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber. É o que revela mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil e publicadas no jornal Folha de S. Paulo nesta terça-feira (05/11/2019). O material teria sido adquirido de forma anônima.
De acordo com a reportagem, os integrantes da Lava Jato sabiam que Lula tinha mencionado a ministra do STF em telefonemas grampeados pela Polícia Federal — sob a autorização do ex-juiz Sergio Moro.
Assim, os procuradores teriam se mobilizado para tentar influenciar Rosa Weber. Contudo, achavam que não poderiam abrir completamente o jogo com a ministra com o objetivo de evitar o vazamento de informações.
“Um contato lá seria bom, mas teríamos que abrir a existência do diálogo e poderia vazar”, teria dito o procurador Deltan Dallagnol. Ele se referia às conversas de Lula que tinham sido grampeadas.
“O moro pode neutralizar”, teria sugerido Januário Paludo. Hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro trabalhou como juiz instrutor no gabinete da ministra Rosa Weber durante o julgamento do escândalo do mensalão, em 2012.
Um blog chegou a publicar informações confidenciais sobre uma das ações autorizadas por Moro, a quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-presidente e de várias pessoas e empresas associadas a ele.
Rodrigo Prado, agente que monitorava a escuta dos telefones de Lula, teria enviado ao grupo dos investigadores a transcrição de uma ligação feita por Lula, em que ele pedia a Jaques Wagner que falasse com o advogado Carlos Fernando e insistiu com os colegas. “Sou contra falar sobre qualquer coisa sobre operação”, teria dito. “Apenas sobre a necessidade de que o STF não interrompa a investigação.”
Outro lado
Em nota, Moro e os procuradores de Curitiba disseram que não discutiram o tema com a ministra. Nas mensagens analisadas pela reportagem, não há registro dessa possível conversa. Contudo, provam que eles sabiam das menções a Rosa Weber nas conversas de Lula e optaram por não informá-la.
“O conhecimento de informações sensíveis só é dado às autoridades que podem ter acesso legal a elas na medida em que isso é necessário para atender o interesse público”, informou a força-tarefa da Lava Jato ao ser questionada sobre não ter passado informações à Rosa.
Na mesma linha, o ministro Sergio Moro afirmou que “jamais tratou informalmente de quaisquer questões concretas relativas à Operação Lava Jato” com Rosa Weber ou outros ministros do STF. Disse também que “nem tratou de estratégias” com os procuradores da força-tarefa.
A Lava Jato e Sergio Moro afirmam não reconhecer a autenticidade do material obtido pelo site The Intercept Brasil. Segundo a força-tarefa, as mensagens têm origem de “crime cibernético”.
FONTE: METROPOLES.COM
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