Uma das filhas afetivas da deputada federal Flordelis dos Santos de Souza, Dayane Freires, afirmou em depoimento durante audiência nesta sexta-feira, no fórum de Niterói, que havia “rachadinha” no gabinete da parlamentar em Brasília. A prática consiste na devolução de parte do salário recebido pelo assessor para o político.
Questionada pelo advogado de um dos réus, Dayane afirmou ter conhecimento da prática pelos relatos de irmãos, que eram nomeados secretários parlamentares de Flordelis, e da cunhada, Luana Rangel, que também possuía um cargo.
— Tenho conhecimento de que acontecia (rachadinha) pelos meus irmãos que estavam lá e pela minha cunhada Luana. Ela dizia que tinha que pegar metade do salário dela e passar para o pastor (Anderson do Carmo).
Luana é esposa do vereador Wagner Andrade Pimenta, o Misael, e foi nomeada no gabinete de Flordelis logo no inicio do mandato, em fevereiro de 2019. Ela acabou exonerada após o marido ter acusado a mãe de envolvimento na morte do pastor durante depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo.
Dayane narrou que em uma ocasião estava com Luana e ouviu da cunhada o relato de que precisava sacar dinheiro para dar ao pastor Anderson. Questionada pela juíza, Dayana afirmou que Luana ficava com R$ 5 mil do salário e devolvia outros R$ 10 mil para Anderson.
Ao final do depoimento de Dayane, Flordelis deixou a sala de audiência sem falar com a imprensa. Procurada pelo EXTRA, Luana negou as acusações:
— Ela (Dayane) é mentirosa e está querendo nos prejudicar.
As suspeitas de “rachadinha” no gabinete de Flordelis já tinham surgido no fim da segunda fase das investigações da morte do pastor Anderson do Carmo. Na ocasião, cópias da investigação foram remetidas pelo Ministério Publico do Rio para a Procuradoria geral da República para que a prática fosse investigada.
Durante seu depoimento, Dayane também afirmou que havia “rachadinha” no gabinete de Misael. Ela relatou que após a morte do pastor Anderson do Carmo foi nomeada para um cargo no gabinete de Misael, mas precisava devolver parte de seu salário. A filha afetiva de Flordelis afirmou que após receber dois meses de salário não quis mais permanecer no cargo.
— Eu disse para o Misael que o fez nosso pai morrer foi isso aí, a gana e o dinheiro — afirmou Dayane.
Procurado pelo EXTRA, Misael nega que Dayane tenha sido empregada em seu gabinete. O vereador afirma que a irmã possuía um cargo na prefeitura de São Gonçalo, são qualquer relação com seu gabinete.
— Essa é mais uma inverdade. Ela nunca fez parte do meu gabinete e o site da transparência está à disposição para isso ser verificado.
Dayane foi a última testemunha de acusação a ser ouvida durante as audiências do processo no qual Flordelis é acusada de ser mandante da morte do pastor Anderson do Carmo. Na tarde dessa sexta-feira, serão ouvidas testemunhas de defesa dos réus.
FONTE: EXTRA
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