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Esquema que levou ao afastamento de Witzel tem mais de 100 pessoas envolvidas, diz MPF

Segundo procuradores, o governador afastado do RJ encabeça os a lista que tem integrantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do estado.

O Ministério Público Federal (MPF) citou mais de 100 pessoas suspeitas de fazer parte do esquema de corrupção que, segundo os procuradores, é encabeçado por Wilson Witzel, afastado na sexta-feira do cargo de governador do RJ.

Os citados na denúncia estão divididos em nove grupos, que têm integrantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do estado, além de empresários, advogados e familiares

Núcleo Witzel

  • André Moura
  • Claudio Castro
  • Cleiton Rodrigues
  • Gothardo Lopes Netto

 

Das pessoas mais próximas a Witzel, o governador em exercício Cláudio Castro e o secretário da Casa Civil André Moura foram alvos de mandado de busca e apreensão.

Eles são investigados por terem participado de um esquema para desvio de sobras do orçamento da Alerj para fundos municipais de saúde.

Cleiton Rodrigues foi chefe de gabinete, secretário de Governo e da Casa Civil de Witzel.

Segundo os investigadores, Pastor Everaldo pediu que o ex-secretário de Saúde, Edmar Santos, criasse vagas para Cleiton Rodrigues negociar com secretários, facilitando a aprovação de projetos na Alerj.

Já Gothardo Lopes Netto, ex-deputado e ex-prefeito de Volta Redonda, preso na sexta-feira (28), é amigo pessoal de Witzel. Uma OS ligada a ele venceu uma licitação e, segundo o ex-secretário Edmar Santos, teria sido direcionado pelo governador.

Núcleo Alerj

  • André Ceciliano
  • Rodrigo Bacellar
  • Marcio Canella
  • Rosenverg Reis
  • Rodrigo Amorim

 

Da Alerj, são citados os deputados André Ceciliano (PT), presidente da casa, Rodrigo Bacellar (Solidariedade), Marcio Canella e Rosenverg Reis (MDB).

Eles fariam parte do esquema de repasse das sobras do orçamento da Alerj para os municípios, segundo o MPF.

Rosenverg Reis teria ligação com os pedidos de repasses pra Duque de Caxias. O MPF pediu busca e apreensão contra ele, mas a Justiça não concedeu.

Já Rodrigo Amorim, líder do PSL, seria o responsável por indicações e nomeações de pessoas pra vagas disponíveis na secretaria de Ciência e Tecnologia.

Núcleo Pastor Everaldo

  • Pastor Everaldo
  • Laércio Pereira
  • Filipe Pereira
  • Marcos Dias Pereira
  • Edson Torres
  • Matheus De Paiva Torres
  • Jonathas De Paiva Torres
  • Marcelo Nascimento Andrade (genro)
  • Juarez Fialho
  • Victor Hugo Amaral Cavalcante Barroso

 

O presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo, foi um dos presos na operação. Ele é suspeito de comandar as contratações irregulares na Secretaria Estadual de Saúde.

Também estão na cadeia os filhos do pastor: Laércio Pereira, advogado do partido, e Filipe Pereira, que é assessor especial do governador.

O irmão de Everaldo, Marcos Dias Pereira, controla a organização social Nova Esperança – que tem à frente um laranja.

Edson Torres, sócio do Pastor Everaldo, também foi preso.

Nas palavras do MPF, ele atua na administração de contratos, fraudes a licitações e pagamentos de propina.

Matheus e Jonathas de Paiva Torres são filhos de Edson Torres e agiriam com ele no esquema, de acordo com a investigação.

Marcelo Nascimento Andrade é genro do pastor e controlava uma empresa que, para os procuradores, cometeu desvios de dinheiro público na época que o ex-secretário Edmar Santos era diretor do Hospital Pedro Ernesto.

O secretário estadual de Cidades, Juarez Fialho, faz parte deste grupo. A prisão dele foi pedida pelos procuradores, mas negada pela Justiça.

Fialho é sócio do operador financeiro Victor Hugo Amaral Cavalcante Barroso, operador financeiro da quadrilha de Everaldo e Edson Torres.

Núcleo Saúde

  • Edmar Santos
  • Claudio Marcelo Santos Silva
  • Gustavo Borges Da Silva
  • Carlos Frederico Verçosa Duboc
  • Maria Ozana Gomes
  • Mariana Scardua
  • Iran Pires Aguiar

 

O ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos é o delator que ajudou na investigação. O operador financeiro dele, Claudio Marcelo Santos Silva, é citado.

Claudio foi o responsável por guardar os R$ 8 milhões encontrados pelo Ministério Público do RJ.

Gustavo Borges da Silva, ex-superintendente da secretaria de Saúde, e preso na operação Mercadores do Caos, era quem, de acordo com as investigações, garantia que as OSs escolhidas pelo grupo se sagrassem vencedoras.

Carlos Frederico Verçosa Duboc, também preso, e Maria Ozana Gomes receberiam valores em espécie pra liberar recursos pra organização criminosa.

Mariana Scardua foi subsecretária responsável pela gestão das organizações sociais. Segundo os investigadores, teria atuação essencial no direcionamento das licitações.

Já Iran Aguiar, que foi preso, se tornou subsecretário-executivo no lugar de Gabriell Neves, também preso.

Núcleo Iabas

  • Claudio Alves França
  • Roberto Bertholdo
  • Helcio Kazuhiro Watanabe

 

Claudio Alves França é o presidente do Iabas – que participou diretamente da contratação emergencial dos hospitais de campanha.

Chamou a atenção dos investigadores o grande volume de dinheiro movimentado em espécie por ele.

Roberto Bertholdo seria o dono de fato do Iabas e teria negociado a contratação da organização social de maneira fraudulenta.

Helcio Watanabe é o supervisor do Iabas no Rio e participou das tratativas pra assinatura do contrato.

Núcleo Mario Peixoto

  • Mario Peixoto
  • Vinicius Peixoto
  • Lucas Tristão
  • Cassiano Luiz Da Silva
  • Alessandro Duarte
  • Juan Elias Neves De Paula
  • Luiz Roberto Martins
  • Washington Reis

 

Já no núcleo do empresário Mario Peixoto, está o filho, Vinicius Peixoto, e o ex-secretário Lucas Tristão, preso na sexta-feira. Ele seria o braço político de Peixoto no governo.

Cassiano Luiz da Silva, também preso, seria um dos principais operadores financeiros de Mario.

Alessandro Duarte, preso, é sócio de Mario Peixoto e o dono formal da DPAD Serviços Diagnósticos, empresa que contratou de maneira suspeita o escritório da primeira-dama, Helena Witzel, junto com Juan Elias Neves de Paula.

Luiz Roberto Martins é o gestor, de fato, da organização social Unir Saúde, ligada a Peixoto, e requalificada por Witzel.

Washington Reis é o prefeito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Nas palavras do MPF, o grupo de Mario Peixoto possuía proximidade muito forte com ele, tendo inclusive, segundo a delação de Edmar Santos, pago propina ao grupo de Pastor Everaldo em nome da família Reis.

O MPF pediu busca e apreensão na casa de Washington Reis, mas a Justiça não concedeu.

Núcleo José Carlos De Melo

  • José Carlos De Melo
  • Pedro Mario Nardelli Filho (Geosmina)
  • Carlos Frederico Loretti Da Silveira (Kiko)
  • Cassio Rodrigues Barreiros

O ex-pró-reitor da UNIG, José Carlos de Melo, intermediava negócios entre empresas e o governo do RJ e era conhecido pelo volume de dinheiro em espécie que tinha sempre disponível.

Pedro Mario Nardelli Filho é amigo de José Carlos e dono de uma empresa contratada, segundo os procuradores, de maneira suspeita, pra resolver o problema de geosmina na água da Cedae.

Carlos Frederico Loretti da Silveira, o Kiko, era o operador financeiro de José Carlo e Cassio Rodrigues Barreiros foi assessor direto do governador. Tinha uma posição estratégica no governo.

Núcleo Educação e Ciência

  • Pedro Fernandes
  • João Marcos Borges Mattos
  • Leonardo Rodrigues
  • Gilson Paulino

 

O secretário de Educação, Pedro Fernandes, é citado na decisão do ministro Benedito Gonçalves como integrante da organização criminosa de Mario Peixoto.

João Marcos Borges Mattos foi subsecretário dele e era sócio de uma empresa do grupo de Peixoto que pagou o escritório da primeira-dama.

Leonardo Rodrigues é o secretário estadual de Ciência e Tecnologia. Teria relações com Peixoto e José Carlos de Melo – tendo pago valores milionários em contratos com dispensa de licitação para a Atrio – empresa de Mario Peixoto.

Gilson Paulino foi funcionário da Atrio e presidente do Cecierj – Centro de Educação à Distância do Estado.

Teria postergado licitações pra favorecer a contratação emergencial da Atrio.

Núcleo Justiça

  • Marcos Pinto Da Cruz
  • Eduarda Pinto Da Cruz
  • Fernando Antonio Zorzenon Da Silva
  • Manoel Peixinho

 

O MPF investiga também a participação do Judiciário no esquema de corrupção.

O desembargador Marcos Pinto da Cruz do Tribunal Regional do Trabalho sacou, segundo os investigadores, mais de R$ 500 mil em espécie no mesmo período em que a irmã dele, Eduarda Pinto da Cruz, foi contratada para defender a empresa de Mario Peixoto.

O desembargador teria ainda tentando montar um esquema de liberação de dívidas do governo com as organizações sociais em troca de pagamento de propina.

Fernando Antonio Zorenon da Silva foi o presidente do TRT da primeira região e teria aderido ao esquema de corrupção criado por Marcos Pinto da Cruz.

Já o advogado Manoel Peixinho, que defende Witzel no processo de impeachment, teria procurado organizações sociais pra participar do esquema do desembargador Marcos Pinto da Cruz.

O que dizem os citados

O pastor Everaldo disse que foi surpreendido com sua prisão e disse que confia na justiça.

Os filhos do pastor, Laércio Pereira e Felipe Pereira consideraram a prisão “injusta e desnecessária”. “A ordem se deu apenas para serem ouvidos, mas poderiam ter sido intimados que atenderiam à intimação e prestariam todos os esclarecimentos.”

A defesa do secretário Pedro Fernandes diz que ele não foi alvo da operação. “Não temos conhecimento sobre acusações dirigidas a ele. Depois de saber da citação do nome do secretário pela imprensa, o advogado dele pediu imediatamente acesso ao processo. Causa estranheza a menção ao secretário já que a Secretaria de Educação não tem qualquer contrato com OSs ligadas aos empresários alvos da ação”, diz a nota.

O secretário da casa civil, André Moura, falou que recebeu com surpresa a ação de busca e apreensão na sua casa, em Sergipe. E disse que os agentes da Polícia Federal nada encontraram. “Diante das muitas fake news que vêm sendo divulgadas, André Moura informa que se encontra bem e ratifica não ser alvo da operação ocorrida.”

A defesa do governador em exercício informou que ainda não conhece os autos e disse que Cláudio Castro está disposto a colaborar com as investigações.

A defesa de Gothardo Netto falou que desconhece o motivo da prisão e por isso não vai se pronunciar.

A defesa de Mário Peixoto disse que a prisão dele é ilegal e não está baseada em nenhuma prova.

A defesa de Vinícius Peixoto diz que está sendo “vítima de um erro judiciário”.

Os advogados de Lucas Tristão disseram que vão se pronunciar nos autos.

As defesas de Alessandro Duarte e Cassiano Luiz disseram que as prisões foram desnecessárias e que os dois não cometeram qualquer ato ilegal.

O secretário de Ciência e Tecnologia, Léo Rodrigues, negou qualquer irregularidade.

O Governo do Rio informou que Cássio Rodrigues Barreiros foi exonerado no dia 24 de junho.

Juarez Fialho diz que esteve na iniciativa privada até novembro de 2018 e, ao ser convidado para trabalhar no Governo do Estado, se desligou de toda e qualquer atividade privada para se dedicar exclusivamente ao serviço público. “Sendo assim, não possui qualquer vínculo com as empresas citadas”, diz a nota.

A defesa de José Carlos de Melo informou que ele vai se entregar na segunda-feira.

A Unig disse que José Carlos de Melo nunca foi dono da universidade e que deixou o cargo do pró-reitor há dois meses.

Iabas informou que recebeu com surpresa a prisão temporária do presidente, Claudio Alves França e que está colaborando com a Justiça.

Cláudio França diz que “jamais tratou com o governo do Rio de Janeiro ou qualquer de seus representantes a respeito dos hospitais de campanha”. “Os depósitos e saques em espécies identificados em suas contas são de origem lícita, fruto do seu trabalho, conforme será demonstrado nos autos do processo”, diz a nota da defesa.

O deputado Rosenverg Reis que sempre se dedicou para buscar recursos para Caxias. “Rosenverg Reis não sofreu buscas e apreensão nem no gabinete, nem em sua residência. O deputado sempre se dedicou a buscar recursos para o município de Duque de Caxias, principalmente para a área da Saúde, cujos hospitais atendem moradores de outras cidades da Baixada e do Grande Rio. Lamenta ver essa tentativa de criminalização, e vai continuar cumprindo seu compromisso de buscar ajuda para suprir as necessidades da população”, diz a nota.

A Prefeitura de Duque de Caxias diz que “o prefeito Washington Reis não é réu na ação penal que motivou o afastamento do governador Wilson Witzel, bem como ressalta que seu nome é citado apenas três vezes em mais de 120 páginas de petição, citações essas de forma reflexa, sem qualquer conexão ou envolvimento direto ou indireto com os fatos que ensejaram a denúncia ofertada pelo Ministério Público. O Prefeito refuta qualquer interpretação do texto ministerial que possa sugerir ligação espúria com os denunciados, ressaltando que suas relações com empresários e políticos são pautadas por intensos republicanismo e transparência, controle social e público, e que todas as verbas repassadas pelo Estado ao Município foram empregadas devidamente, não tendo sido apontada qualquer irregularidade por parte dos órgãos estaduais e federais de controle, o que ressalta a lisura das políticas públicas de saúde no âmbito do Município de Duque de Caxias”.

O presidente da Alerj, André Ceciliano disse que desconhece as razões para os mandados de busca e apreensão em seus endereços mas confia na Justiça e que está pronto para colaborar com as autoridades.

Manoel Peixinho disse que todo e qualquer contato realizado junto a determinadas organizações sociais ocorreu às claras. E disse que vai aguardar as investigações com tranquilidade e está confiante na justiça

Rodrigo Bacellar disse que recebeu com surpresa o conteúdo da delação do ex-secretário e disse que gostaria de esclarecer que estiveram juntos em poucas reuniões.

Marcio Canella diz que o próprio delator afirma que recursos não foram liberados e que o trabalho dele é obter verbas que ajudem a população mais carente.

O desembargador Fernando Antonio Zorzenon da Silva negou qualquer irregularidade. Declarou que a concessão do plano especial de execução trabalhista à empresa Atrio se deu em obediência à lei e que os valores mensais a serem pagos pela empresa beneficiada com o plano especial de execução são previamente fixados, publicados e depositados em conta judicial à disposição do juízo centralizador.

O desembargador Marcus Pinto da Cruz não quis se manifestar.

Cleiton Rodrigues diz que, “quanto às citadas vagas, era um agente político, portanto recebia pedido de emprego de várias pessoas e, como o próprio Edmar relatou, os pedidos eram encaminhados via curriculum que eram analisados e aprovados ou não”. “Segundo o próprio Edmar nem 10 por cento dessas mencionadas vagas foram ocupadas, deixando claro que minha interlocução foi por um período apenas. Reiterando que jamais pedi qualquer prática anti republicana. Na condição de secretário de Governo, era meu papel intermediar as relações institucionais, de forma que os pedidos de emprego formulado por deputados, vereadores e prefeitos eram encaminhados à secretaria correspondente, sem qualquer compromisso de atendimento. Os pedidos dirigidos à Secretaria de Saúde não tinham tratamento diferente”.

Em nota, Roberto Bertholdo diz que era um dos advogados contratados pelo Iabas no Rio de Janeiro. “O instituto não possui proprietário, por ser uma associação sem fins lucrativos, portanto, não pode ser vendido. Apesar da afirmação na denúncia, o Ministério Público não indica ter havido qualquer pagamento pela suposta venda da entidade.”

Helcio Watanabe: “Ele de fato era supervisor e nesta função participou da contratação dos hospitais de campanha. De resto, contra ele não há acusação e ele também não consta da decisão judicial.”

Em nota, Cássio Barreiros afirmou que: “Não tem relação de parentesco com José Carlos de Melo e nunca tratou com ele de questões ou interesses ligados ao Estado — o próprio MPF afirma que Melo não tem contratos com o poder público; nunca defendeu interesse privado perante a administração estadual — pelo contrário, concordou por escrito com o parecer de desqualificação da OS Unir, fato que está na origem das investigações em curso; foi indicado ao governo estadual pelo Pastor Ezequiel Teixeira, ex-deputado federal a quem assessorou na Câmara dos Deputados por 4 anos; deixou ainda em junho, por iniciativa própria, o cargo que ocupava no governo estadual; não praticou nenhum crime nem ato ímprobo ou antiético e confia em que isso ficará devidamente esclarecido.”

A TV Globo não conseguiu contato com os outros citados nas reportagens.

FONTE: G1.COM

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