PARA PENSAR
Somente o conhecimento é que pode, de fato, nos libertar de “cavernas” e de pensamentos vazios que tornam nossas palavras desconexas e nosso voto inútil.
O GOVERNO COM METAS
Dois fatos que chamaram novamente a atenção do escriba no último final de semana: a manchete do jornalão do senador, na sexta, garantindo que “Ferrovia em RO ganha prioridade” e a efetivação, no mesmo dia do 4º Apagão da Eletrobrás, atingindo além de Rondônia o vizinho estado do Acre.
Estes dois fatos, aliado aos corriqueiros mostrados na mídia (como a avassaladora corrupção no estado chegando a municípios importantes como Vilhena) me levaram a uma reflexão esquecida há tempos: os últimos governantes rondonienses não têm se fixado em metas. Aliás, a bem da verdade, em momentos mais próximos das disputas eleitorais (sobretudo renovação do mandato) tanto Confúcio, como seu antecessor Cassol, tentaram estabelecer uma reflexão filosófica, com enormes ações de publicidade em torno de metas, de programas ambiciosos que, como seu viu, deu no que deu: muito desvio de dinheiro, muito trabalho de investigação da PF e MPs…
MAQUIAVEL OU HOBBES
Nesse exato momento o morador de Porto Velho é bombardeado por uma enxurrada de propaganda da prefeitura para ser convencido de que nunca houve uma gestão mais operosa como atual, com 100 obras (por que exatamente 100?) em andamento, espalhadas por toda a capital rondoniense.
Da gestão estadual (com o governador cassado por sentença da Justiça Eleitoral) também não faltam campanhas de publicidade na mídia, buscando convencer o cidadão-contribuinte-eleitor de que metas existem para todas as necessidades e todos os gostos. Governantes rondonienses acham possível e perfeitamente natural desprezar a inteligência de seus eleitores?
Seria querer colocar-se no mesmo patamar de Maquiavel ou de Thomas Hobbes? Esta última hipótese é pouco provável. Nestes últimos dias, por exemplo, nem mesmo a densa obra de Nietzsche repercutiu tanto por aqui, quanto os “ensaios sobre a meta”.
A META DO VICE
Certamente a descoberta de que pelo menos o vice (é o que andam dizendo os potins) tem como meta conseguir um cargo vitalício no Tribunal de Contas, não seu deu pelos ensinamentos de prudência da filosofia. Possivelmente o “sindicalista” Daniel (que nasceu para vida pública na via do PT) não deve ser chegado a ler Nietzsche.
Afinal, em seu último livro, intitulado Ecce Homo, ele afirma que “a simples e constante necessidade de defesa pode nos enfraquecer o suficiente para já não sermos capazes de nos defendermos”. Ou seja, é perigoso cantar o ovo enquanto a galinha não o expeliu.
O CONSOLO
Talvez estas palavras sirvam de consolo e alento a todos aqueles que ainda não conseguiram compreender muito bem a filosofia da meta. Em tempos difíceis como estes, profanar a Filosofia torna-se uma estratégia viável, uma vez que isto é muito mais plausível do que oferecer respostas concretas.
Sobretudo, quando não se sabe o que responder ao certo. Em Leviatã, Hobbes ressalta que o “uso comum da linguagem consiste em transformar nosso discurso mental em verbal”. Então cantar o ovo antes está bem de acordo com esses tempos de governos filosóficos, quando vivendo “o dilema da Porcina” o vice, apeado da vida pública ainda nos tempos da militância braba de esquerda, consegue manter-se no protogonismo de um governo que tecnicamente se acabou.
DISCURSOS VAZIOS
Tempos difíceis deveriam estimular governantes a enriquecer seus pensamentos. Revisitar textos filosóficos ou não, como Leviatã e O Príncipe, pode contribuir para que discursos vazios sejam transformados em pensamentos articulados e úteis à sociedade que elege estes governantes.
Por isso é preciso ler Platão. Refletir sobre o Mito (da Caverna) é, seguramente, muito mais importante do que tecer comentários improváveis sobre a meta. Aliás, o Mito da Caverna está mais atual do que nunca, considerando-se que foi escrito há quase 2.500 anos.
O JOGO DAS PROMESSAS
Porto Velho, debalde a caríssima propaganda tente esconder, continua a mesma cidadezinha chinfrin, com praças sem jardins, sem arborização e atém sem os prosaicos bancos onde as pessoas pudessem descansar e conversar. Continua com as mesmas características de abandono dos últimos decênios (os lotes baldios em pleno centro testemunham isso) e tudo isso tem um cerne.
A coluna de hoje parece explicar de uma maneira muito mais clara boa parte dos problemas econômicos, sociais e políticos que se apresentam à sociedade brasileira na atualidade. Oportuno dizer que existem muitas formas de acorrentar uma sociedade em “cavernas”, como imaginou Platão. Uma delas é por meio de promessas.
REALIDADE DISTORCIDA
Pelo visto os homens com responsabilidade de manter nos eixos as ações do governo, principalmente impedindo-os de usar o dinheiro do próprio cidadão-cotribuinte-eleitor ainda não se deram conta dos malefícios da propaganda enganadora do governo. E, pelo visto, não fazem muita coisa por acreditarem na ingenuidade do ato bem pensado daqueles que nos governam.
Com promessas, é possível projetar imagens distorcidas do mundo real e fazer com que as pessoas passem a acreditar em mitos. Por exemplo, o de que as grandes crises macroeconômicas são marolas; o de que é possível promover o desenvolvimento social sem uma profunda transformação no sistema educacional, etc.
NOSSA RESPONSABILIDADE
Aqui em Rondônia já acreditamos em diversas promessas feitas pelos políticos com o objetivo de ganhar eleições. A ponto de permitirmos que nomes hoje maculados por denúncias e condenações por corrupção se transformassem numa espécie de mitos da via pública estadual.
É preciso ler Platão, assim como é preciso lembrar que vivemos em uma sociedade democrática e que, portanto, parte do discurso vazio de nossos governantes é nossa responsabilidade. É preciso lembrar que, se vivemos em uma democracia, temos a liberdade de optar pela “filosofia da meta” ou pela Filosofia de Platão.
A ESTRADA DE FERRO
Já tivemos promessas de que a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré seria restabelecida em toda a sua extensão original. Depois reduzida para pelo menos até a Cachoeira de Teotônio. Hoje, o que temos é sua total destruição e decadência. Ela só existirá permanentemente nos livros, na saga da história.
Já tivemos a promessa do Gasoduto de Urucu servindo para dar vida política ao Valdir Raupp, depois de seu enorme fracasso como governador. Já tivemos promessa de pontes, de rodovia transoceânica, de Zona Franca de Guajará, de polo algodoeiro, etc, etc, etc.
Agora vem essa nova conversa de Ferrovia do Soja, Transoceânica e vai por ai afora. Isso sem contar as outras bizarras como a duplicação da BR-364, tudo isso enquanto o que temos mesmo são os apagões constantes, a falta de investimentos em indústria, em saúde, etc.
Então a coluna de hoje deve ter como objetivo servir de alerta. É preciso lembrar também que metas, assim como promessas, podem ou não ser cumpridas. Somente o conhecimento é que pode, de fato, nos libertar de “cavernas” e de pensamentos vazios que tornam nossas palavras desconexas e nosso voto inútil.
Prezado Gomes , sou leitora desse jornal que é pra mim de muita credibilidade . Por isso peço que mande uma pessoa ir fazer uma reportagem na rua Vila Velha esquina com Vasco da Gama – Lagoinha onde tem uma placa do Governo falando de uma obra do PAC onde estabelece a quantia de mais 22 milhões para essa obra . Ocorre que foi iniciada essa obra de saneamento no bairro e não trabalharam nem 2 meses e já tem mais de três meses parada deixaram as ruas toda esculhambada e não deram mais nem satisfação . Na Vasco da Gama com a Fluminense tem um terreno onde eles colocavam aqueles benditos canos em questão e acabou que sumiram com eles de lá. Peço que se for possível faça uma reportagem a respeito disso para nos informar o que aconteceu . Essa nossa Porto Velho é a cidade em que tudo se começa e nada se termina . Eu não aguento mais essa cambada de ladrões impostores e demagogos do inferno . um grande abraço