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Comércio mundial pode ser decisivo para evitar guerras no futuro

A disputa política deu lugar a uma disputa comercial que, justamente pela busca de mercados cada vez maiores, faz mais aliados do que inimigos

Até o fim da Guerra Fria, interesses políticos ditavam o rumo das relações internacionais. Os negócios eram feitos muito em função de interesses estratégicos, ligados à idelologia. Soviéticos negociavam mais com países de regime semelhante e, por consequência, americanos tinham mais ligação comercial com o mundo ocidental.

A partir da globalização, o livre mercado passou como um trator por essas questões, muitas vezes gerando desigualdades, mas, por outro lado, oportunidades de crescimento. A disputa política deu lugar a uma disputa comercial que, justamente pela busca mercados cada vez maiores, tem estimulado a ampliação de fronteiras.

Exemplo maior dessa situação é o Oriente Médio. Até o início deste século, os países do Golfo Pérsico formavam uma aliança impulsionada por questões étnicas e religiosas, contrárias ao sionismo.

Mas o acordo de paz entre Israel e Emirados Árabes veio para mostrar que a retórica exclusivamente relacionada à questão palestina e israelense perdeu e muito de sua influência para outras questões, como a econômica e a estratégica. A existência de Israel já é reconhecida por eles, algo impensávei há algumas décadas.

Enquanto o Irã se arrasta em uma crise econômica, dentro de um regime de cunho religioso, o seu eixo opositor, ainda que calcado em ditaduras opressoras, como a da Arábia Saudita, tem vislumbrado o intercâmbio comercial como uma maneira de manter aliados estratégicos.

Contrariando a frase “amigos, amigos, negócios à parte”, seria uma maneira de criar laços de amizade por meio dos negócios.

Israel já vinha mantendo ligações secretas com Omã desde os anos 1970. Recentemente, o próprio primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu visitou o país. Israel chegou a ter escritórios diplomáticos no Qatar, Marrocos, Omã e Tunísia, fechados mais tarde usando como justificativa a questão palestina.

O volume dos negócios e possibilidades, no entanto, cresceram, juntamente com a influência do xiita Irã em países como Síria e Líbano, o que poderia minar os mercados dos países sunitas na região.

Some-se a isso o fato de o presidente americano Donald Trump ter deixado qualquer sinal de alinhamento com o regime iraniano atiçou o interesse de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Qatar, de se reaproximar do governo americano.

Tal interesse veio no rastro da Primavera Árabe, cujas revoltas da população fizeram vários governos se voltarem para o combate ao desemprego e a melhorias internas. Somente o comércio poderia impulsionar esses objetivos.

Com a tendência cada vez maior de o mundo necessitar menos do petróleo, principal recurso da região, novas oportunidades surgiram para acordos.

O entendimento entre Israel e Emirados Árabes não é tão recente, vinha sendo costurado neste novo contexto.

O governo de Netanyahu, por exemplo, trabalhou para que a sede da Irena (Agência Internacional para as Energias Renováveis), instituição voltada ao uso das energias renováveis e fundada em 2009, fosse em Abu Dhabi, nos Emirados. Foi um passo importante para abrir um mercado para a própria tecnologia israelense neste setor.

E que deverá atrair outros países, inclusive a Arábia Saudita. Para Israel, será importante ter parceiros que possam fornecer commodities como grãos e petróleo. E para os árabes, é a chance de adquirir tecnologias importantes para a infraestrutura destes países, muitos deles em regiões desérticas, como de irrigação para a agricultura e indústria e novidades em cibertecnologia.

Os laços comerciais, com isso, esfriam a retórica belicista. O mesmo vale para a relação de outros países, como Estados Unidos e China, mergulhados ultimamente em conflitos comerciais que, no entanto, tendem a esfriar em função do interesse de ambos os países.

Para a China, uma guerra comercial (e muito menos militar) com os Estados Unidos é o que menos interessa, já que os Estados Unidos são o país que mais exporta para a China, com um déficit comercial de mais de 400 bilhões de dólares.

Já a China é a maior proprietária de bônus do Tesouro dos Estados Unidos, com mais de 1,130 trilhão de dólares investidos. Neste sentido, o comércio mundial é um fator que pode ser decisivo no futuro, evitando guerras que, no passado, poderiam devastar a humanidade.

FONTE: R7.COM

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Marcio Martins martins

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