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China constrói satélite na Argentina e amplia poder na América Latina

País é o maior importador de produtos da região e, com complexo criado na Patagônia, busca fortalecer laços, o que incomoda os EUA

A estação de controle espacial e o satélite que a China inaugurou em março último, na Paraje de Quintuco, província de Neuquén, Patagônia, servem a objetivos de curto e médio prazos para o país. Em ambos os casos, causam uma preocupação para os Estados Unidos.

O interesse imediato da China, que declarou ter construído a estação com fins pacíficos, é incrementar seus recursos para o comércio com esta região, que tem nos chineses o seu principal mercado neste momento. O investimento para a construção do complexo na Argentina chegou a 50 milhões de dólares (R$ 187,7 milhões).

Em médio prazo, nas entrelinhas, a iniciativa da China dá a entender que há o interesse do país em fortalecer a sua influência política, estratégica e até militar no continente. O governo argentino, em meio à polêmica durante a construção da estação, afirma que no contrato não há a permissão para uso militar.

Mas, de qualquer maneira, se o envolvimento da China com países latinos incomodava os Estados Unidos, a presença da estação no continente é ainda mais ameaçadora para os interesses americanos. E, de certa maneira, desafia o país a não repetir experiências anteriores na região, principalmente em relação a Cuba, como lembra o professor de Inteligência da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Ricardo Gennari.

“Por enquanto não vivemos uma Guerra Fria entre China e Eua, mas, fazendo um paralelo com o que houve na década de 70 entre EUA e Cuba, quando os EUA acordaram os soviéticos estavam em Cuba. Então é aquela história, não sabe o que vem pela frente, hoje diria que o primeiro objetivo é comercial, talvez uma estratégia bélica não seja para esse momento, mas lá na frente é possível que haja repercussões, nunca se sabe.”

Gennari lembra que, neste momento, a China está ocupando um espaço que anteriormente era preenchido pelos Estados Unidos. Mas, após uma certa empáfia americana, acreditando que, após a Guerra Fria os mercados estariam garantidos, os chineses agiram na prática e até impediram, com grandes financiamentos e investimentos em infraestrutura, que algumas economias da região ruíssem.

“A função da China para a América Latina é ser o maior parceiro, os EUA deixaram a rgião para trás, a China veio e abocanhou. Neste sentido o satélite tem uma denominação similar à da Guerra Fria. Parece um satélite espião, que tem várias movimentações de verificação. Por exemplo, está verificando muito a questão da agricultura no Brasil, como o desempenho e a produção das commodities.”

O governo Trump intensificou o isolamento em relação a esta região, com sobretaxas, fim de acordos e diminuição de investimentos. Gennari acredita, porém, que, mesmo encantados com os altos investimentos chineses, é preciso estar atento para que não seja criada uma dependência. Inclusive na área de Inteligência.

“Só espero que nos não tenhamos nenhum bug (desconfigurações de sistemas operacionais ou programas), não sabemos a tecnologia empregada no sistema, pode ser que esetjeamos sendo rastreados de tudo que é forma. O satélite tem 450 toneladas. A China não está brincando, preocupada só com trigo e soja.”

Os interesses para o futuro nunca devem ser deixados de lado em um investimento deste porte. Que é resultado do crescimento exponencial da presença da China na região, que aumentou em 30% as exportações para o país em 2017, segundo o Banco Mundial. O comércio, portanto, está abrindo portas para outros setores, como os políticos e estratégicos.

“Hoje o maior centro de hackers é dividido entre russos e chinenses. Portanto, tamanha estrutura que montaram não é só para saber sobre o tempo. Há também sinais de espionagem, estão monitorando o que interessa para eles e provavelmente até a movimentação ameriana e europeia aqui na América do Sul.”

FONTE: R7.COM

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Gomes Oliveira

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