FILOSOFANDO
“O Estado proíbe ao indivíduo a prática de atos infratores, não porque deseja aboli-los, mas sim porque quer monopoliza-los.” SIGMUNDO FREUD (1856/1939), foi um médico neurologista e tornou-se no “pai da psicanálise”.
O ASSUNTO É…
Com o nome do senador Valdir Raupp, de Rondônia, destacado em todas as publicações importantes no país nos últimos dias, os cidadãos-contribuintes-eleitores rondonienses colocaram a corrupção como o item mais importante do debate público no estado nesse momento. Num estado tão jovem como Rondônia é lamentável para todos os que trabalham e pagam impostos constatar que somos um enorme palco por onde desfilam políticos sem compromisso ético com a função como autores de roubalheiras do erário, desde as grandes até às menores cidades rondonienses.
É impressionante perceber como cresceu o número de pessoas que entram na política só para se dar bem, para conseguir enriquecer-se com rapidez, fazendo da representação pública meros balcões de negócios.
DESCULPAS ESFARRAPADAS
Não sei o leitor, mas pelo menos o colunista não aguenta mais as desculpas esfarrapadas daqueles apanhados nas malhas das operações de combate o roubo desenfreado, do tipo “nosso partido só recebeu doações legais e devidamente informadas à Justiça Eleitoral”.
Certamente um corrupto jamais admitirá suas manobras ilegais para a população ao para os membros do Judiciário. Segue a orientação de negar sempre, até debaixo de tortura.
NÃO PRECISA
Ora, porque o partido de Valdir Raupp em Rondônia precisava receber tanta doação de dinheiro de empreiteiras para fazer campanha eleitoral num estado onde o número de eleitores ainda é ínfimo? E quem irá acreditar que tais doações foram feitas pelos “lindos olhos” do dirigente máximo do PMDB rondoniense?
E como explicar a denúncia do envolvimento do cunhado do senador nesse esquema abjeto, escalado que era para buscar volumes de dinheiro em São Paulo. Será que enquanto prefeito ou mero recuperador de baterias Raupp certamente nem poderia sonhar com tanta grana, com tanto poder?
INDÚSTRIA
Num depoimento de alto executivo do grupo Odebrecht ao Ministro Herman Benjamin, do TSE, as “verbas” destinadas a comprar partidos e seus políticos chegou ao valor estratosférico de 750 milhões de dólares em 2013. Essa afirmação mostra que a corrupção no Brasil não se tornou apenas endêmica, mas também ganhou proporções industriais.
Aqueles que têm interesses a defender na esfera pública passaram a distribuir propinas em todas as direções para ficar bem com todo mundo, numa organização “industrial”, numa espécie de linha de montagem, saciando quem passou a entender a política como “um negócio” para ficar rico rapidamente.
SEM PUNIÇÃO
A regra é antiga, mas depois de ter ficado amplamente conhecida desandou de forma inacreditável. Por isso a Assembléia teve 3 ex-presidentes destituídos e presos; as prefeituras passaram a conviver com prefeitos também investigados e condenados pelo roubo de coisas simples da municipalidade.
Isso sem se falar dos casos mais escabrosos – envolvendo a mídia – como o surgimento de personagens com as características de Mário Calixto, hoje em acelerado estado de decrepitude num presídio de segurança máxima.
Como a punição desses escroques nem sempre chega com a rapidez necessária, a corrupção continua tendo o efeito da saúva, conduzida nos tempos presentes com pragmatismo por personagens travestidos de “empresários”, alguns destacados no segmento econômico do estado.
HOMENAGENS DE MOMO
Mário Calixto – até recentemente o poderoso homem da mídia acostumado a receber o beija-mão de vários políticos locais – entrou em desgraça enquanto outros personagens (no comando da mesma mídia) tão deploráveis quanto ele estão ai seguindo seus passos.
E agem desbragadamente (mesmo com condenação judicial), recebendo homenagens (a última foi no entrudo momesco), como se acreditassem na paralisação da marcha das apurações de seus “feitos” por parte das instituições da Justiça e defesa dos recursos públicos.
TAPA NA CARA
É como se esbofeteassem os próprios membros do Judiciário que em determinado momento os sentenciou mas – como é praxe – sem conseguir afastá-los do convívio social, colocando-os no xadrez.
Ao cidadão consciente de seu papel, educado para cumprir suas responsabilidades de contribuinte resta esperança de que um estado como Rondônia acabe sendo beneficiado pelo efeito dominó dessa Justiça personificada por Juízes como Sérgio Moro, que não teme enfrentar acusados poderosos e nem gente do primeiro escalão da política.
PADRÕES ELEVADOS
Em termos de Rondônia – com tantos casos de corrupção registrados em todo o estado – parece estarmos chegando ao ponto que não será mais possível varrer para debaixo do tapete os malfeitos, acreditando que tudo vai cair no esquecimento. Só com investigação séria e aplicação das punições no âmbito judicial será possível recuperar o desejado padrão elevado da política e dos escolhidos pelo povo para representa-lo.
REGRA QUEBRADA
A regra da impunidade não pode prevalecer mais. Casos como foi o conto do vigário da “solução emergencial” para o transporte coletivo urbano de Porto Velho (ainda causador de enormes prejuízos para os portovelhenses); como o desvio e superfaturamento de obras (como o famigerado Espaço Alternativo); como as suspeitas concessões de serviços públicos em áreas do tipo coleta de lixo, segurança privada, publicidade e muitos outros precisam ser convenientemente investigados para se evitar a impunidade dos eternos assaltantes dos cofres públicos.
CRUCIAL
Não é fácil acreditar na concretização das mudanças da política, em termos de recuperação dos melhores costumes, vá acontecer agora, quando o país está economicamente no fundo do poço e quando seu segmento político está completamente desmoralizado.
Dai a conclusão: os processos que tramitam em nosso Judiciário contra políticos publicamente reconhecidos como espertalhões, patrimonialistas e dispostos a o enriquecimento a qualquer custo não podem parar.
Os processos propostos por Janot contra políticos do naipe de Raupp não pode terminar reforçando a ideia popular de que no nosso país a praxe é a impunidade.
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