ARÁBIA SAUDITA PROMOVE A 1ª GRANDE SURPRESA DA COPA
Futebol são onze contra onze, ou seja, dependendo do dia tudo pode acontecer, daí ser uma caixinha de surpresas. Mas, a grande realidade atual é que todos os times são, mais ou menos, iguais. Não há bobos. Há desníveis. Assim estarem classificando a vitória da Arábia Saudita como uma grande zebra me parece um desmerecimento ao sucesso de uma estratégia de um time bem treinado. É verdade que não se esperava, mas é preciso ver que este time que derrotou a Argentina perdeu de um a zero da Croácia, que ganhou, pelo mesmo placar da França, logo não se pode subestimar sua capacidade. Aliás, a de nenhum dos que estão na Copa. Que era improvável a vitória dos sauditas era. Se me perguntassem antes quem ganharia, com certeza, seria capaz de apostar na Argentina. Ocorreu que, quando a bola correu, não se viu, apesar do maior domínio da bola, uma superioridade argentina nítida. Houve maior posse de bola e até mesmo um chute mais perigoso de Messi antes que se fizesse um a zero, mas inclusive o gol, convenhamos, foi fruto de um erro de arbitragem. Um pênalti por demais polêmico. Talvez, possa se dizer, que compensado. Afinal três gols dos argentinos foram anulados. Talvez um deles injustamente. Elas por elas. O problema é que não se conseguiu uma formula para fugir da marcação adiantada dos jogadores sauditas. No final do primeiro tempo a queda da seleção de Messi ainda não parecia possível. Porém bastaram 7 minutos para tudo mudar. O empate saiu logo aos dois minutos e, depois, assistimos perplexos a um golaço de Al-Dawsari. O camisa 10, pegou o rebote da defesa, e, apesar de seis defensores estarem posicionados na área, conseguiu dar um corte para o meio e chutar com precisão na gaveta. A verdade é que os gols desnortearam a Argentina. Até o técnico chegou a fazer três trocas tentando acertar, mas nada parecia dar certo tanto que perderam, aos 17, uma oportunidade incrível depois de finalização de Martínez e desvio de Tagliafico, com o goleiro salvando no reflexo. As tentativas malogradas se sucederam até os 45, quando Al-Amri cortou em cima da linha finalização de Álvarez. Foi o desengano final. A primeira grande surpresa da Copa estava consolidada. Vamos ter que esperar para ver se a Argentina terá capacidade de se recuperar da inesperada queda.
UM DIA DA FRANÇA E DE OCHOA
Depois da grande surpresa do dia, com a Arábia Saudita surpreendendo a Argentina, em seguida tivemos o primeiro 0x0. E a surpresa foi que aconteceu logo com a Dinamarca, que estava com um retrospecto muito bom, mas também, é preciso ver, de poucos gols nos dois sentidos: é difícil de fazer e de levar. Méritos também teve o time da Tunísia que poderia ter arrancado o placar mínimo, com um pouco de sorte. Foi uma equipe que jogou com intensidade, marcação correta e determinação. Talvez a Dinamarca não tenha estado num bom dia ou viva de inspirações de alguns jogadores que não foram bem. De qualquer jeito foi um jogo equilibrado. Assim também como o outro placar mudo de México e Polônia, que fizeram um jogo travado. O México teve muito mais tempo de bola, porém sem efetividade. Até chutou mais também sem levar perigo. A emoção ficou apenas por conta de Lewandowski que sofreu um pênalti e que o goleiro mexicano Ochoa segurou para delírio dos mexicanos, que fizeram a festa. O goleiro mexicano começa sua quinta copa salvando a pátria e levando a torcida ao delírio. Aliás, o jogo foi mais animado nas arquibancadas do que no campo. O dia ficou marcado mesmo pelo desempenho eficiente do futebol francês. Um time que tem Mbappé, Giroud, Griezmann e Rabiot, mesmo sem Benzema, não pode deixar de ser considerado um dos favoritos. Nem mesmo tendo sofrido um gol no primeiro ataque australiano, quando Leckie pegou a bola, na direita, passou por Lucas Hernández e cruzou para Goodwin, sozinho, abrir o placar na segunda trave com um forte chute, a equipe se abateu. Com força e empenho tomou conta da partida e depois de buscar, aos 26, Theo Hernández fez um lançamento na área, e Rabiot, de cabeça, empatou. Um pouco depois o mesmo Rabiot participou roubou a bola no ataque, tabelou com Mbappé e deu, com açúcar, para Giroud que estava no lugar preciso, onde os bons artilheiros costumam estar e só bateu com precisão para virar o jogo. Só deu França daí em diante e teve inúmeras oportunidades de ampliar tanto com Giroud, Dembélé, Griezmann e Mbappé. A Austrália só teve um ataque nos acréscimos, numa cabeçada de Irvine na trave direita de Lloris, que somente podia, como fez, olhar. Mas, ainda que tivesse dado certo, a superioridade francesa foi flagrante e se mostrou no segundo tempo com Mbappé, aos 22, de cabeça aproveitando o cruzamento de Dembélé, e Giroud, aos 25, depois de Mbappé cruzar da esquerda. A França mostrou sua força de forma esmagadora: teve 63% de posse de bola e deu 23 chutes a gol, com sete deles na meta, contra apenas 4 da Austrália. Venceu com facilidade. Podia ter feito mais, porém ficou de bom tamanho.
AUTOR: SILVIO PERSIVO – COLUNA CENTRAL DA COPA
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