FILOSOFANDO
“Nenhum povo em condições economicamente precárias tem uma grande oportunidade de governar democraticamente a si próprio”. Aldous Huxley(1894/1963), escritor nascido na Inglaterra, autor do romance “Admirável Mundo Novo”. Sua família fazia parte da elite cultural britânica. Aldous viveu grande parte da vida nos Estados Unidos, onde se formou em medicina pela Universidade de Oxford.
É A CORRUPÇÃO
Algum leitor já andou pensando por que em cem anos Porto Velho, a capital rondoniense, não tem rede de esgoto em nível pelo menos razoável? Em algum momento, caro leitor, você descobriu a quem atribuir a inexistência nessa nossa cidade de algo simplório como praças com jardins, banheiro público, bancos para descansar e arborização? E os outros graves problemas com que temos de conviver diariamente, como a segurança pública em decadência, a saúde capenga, o ensino chinfrim, a falta de uma central de abastecimento (nos moldes de um Ceasa), a questão da mobilidade, do transporte público ultrapassado, a quem responsabilizar?
O leitor pode até não acreditar, mas todas as carências (das menores às mais complexas) existentes em Porto Velho são determinadas pela prática da corrupção, o maior problema rondoniense, muitas vezes escamoteado pela mídia amestrada, e também esquecido pelos chamados órgãos do controle externo.
Não há desculpa plausível para que essa cidade não tenha uma rodoviária digna, uma urbanização da orla do rio Madeira, creches espalhadas por todos os bairros e um sistema de transporte capaz de orgulhar seus moradores.
LADO PERVERSO
Por conta da corrupção, aliada à incompetência e mediocridade dos governantes dos últimos tempos (alguns exageradamente simplórios), a economia da capital cresce abaixo das necessidades da população. E agora o quadro perverso determinado por dirigentes públicos sem nenhuma visão e capacidade de solucionar problemas se apresenta na realidade dos pais de família que perdem seus empregos, da criminalidade que aumenta, da desesperança, enquanto os cidadãos pagam a conta.
POUCOS COMPROMETIDOS
Vejam o caso de nossa Câmara de Vereadores: uma parte da edilidade acabou na cadeia, acusada da prática de crime de corrupção e de formação de quadrilha. E esse comportamento não aconteceu apenas nessa legislatura. Isso vem de longe, ou vocês não se lembram mais o escândalo que acabou na cassação e condenação de Chico Caçula?
Há uma sensação de impunidade, e de que “tudo ficará como está”, pois os personagens pegos na prática do crime estão ai, de novo, pedindo votos, como se nada tivesse acontecido.
Os fatos registrados na crônica policial envolvendo vereadores da atual legislatura é a maior prova de que nossos representantes estão pouco comprometidos com atitudes que possam mudar os rumos da política no âmbito da representação popular municipal.
E o que não dizer do esforço daquele ex-prefeito apontado como responsável por fazer da Prefeitura uma autêntica Caverna do Ali Babá em ressuscitar?
RESPONSABILIDADE
Então é isso. Acabar com essa sensação de impunidade depende principalmente de cada eleitor de Porto Velho se compromete mais, olhar a política com outros olhos e não apenas sentir asco de seus personagens.
O portovelhense precisa encontrar e recuperar o gosto pela política, precisa debater, viver, participar. As novas gerações precisam exigir mais comprometimento dos políticos com a melhoria da qualidade da representação, com a recuperação da credibilidade das instituições.
Se o eleitor não assimilar a importância de seu papel ao depositar o voto nas urnas, a corrupção continuará vitimando os moradores dessa capital esculhambada, enquanto os medíocres estarão no comando dessa estrutura municipal incapaz até mesmo de dotar a cidade de um saneamento básico de verdade.
REJEIÇÃO
Ainda não dá para afirmar quem vai polarizar com quem na disputa eleitoral desse ano em Porto Velho. Já surge em todos os cantos aquele tipo de comentário sobre as chances de cada um e o colunista tem ouvido nesses círculos opiniões do tipo “o prefeito Mauro Nazif está liquidado por causa de sua altíssima rejeição”. O índice superior anunciado recentemente, superior a 50%, somado à desaprovação de sua gestão é mesmo um indício de enormes dificuldades a serem superadas pelo político do PSB para renovar seu mandato.
RECEPTIVIDADE
Outra tese, nascida da visão de “analistas” e políticos alinhados ao prefeito rebate a primeira considerando que essa “rejeição do prefeito” é um mito. Afirmam esses correligionários de Nazif que ele na verdade recebe demonstrações de receptividade da população quando sai às ruas.
O colunista, pela longa vivência no acompanhamento de disputas eleitorais, considera que as duas teses colocadas são simplórias e não dá para servir de parâmetro em relação ao desfecho final. De imediato, a rejeição do prefeito tem pouco significado. Bem diferente, por exemplo, da rejeição de outro concorrente, o ex-prefeito petista, Roberto Sobrinho.
MAIS CONHECIDO
Se aceitarmos a tese de que numa eleição de dois turnos – como deverá acontecer em Porto Velho – com a quantidade de candidatos inscritos para a disputa como está definida para a capital rondoniense, quem conseguir algo como 20% dos votos vai estar garantido para o segundo turno. Então, até esse momento o prefeito Mauro parece, apesar da enorme rejeição, ser o único em que se pode apostar como aquele com vaga para disputar o turno final. E tudo pelo fato de ser o candidato mais conhecido do eleitor nesse momento.
Mas, claro, isso ainda é especulação. Uma resposta mais consolidada sobre o que poderá acontecer depende da análise conjunta dos índices negativos e positivos do prefeito e de uma comparação com os demais candidatos. E isso só será possível depois de alguns dias de campanha efetiva que, de verdade, ainda nem começou.
PESO
Será determinante para uma previsão mais realista avaliar também a influência dos aliados das principais candidaturas. Essa a pergunta que não quer calar: qual o peso de aliados que entram na ribalta dos candidatos da capital? Qual o peso de Valdir Raupp para fazer a candidatura Titanic do PMDB navegar em mar de brigadeiro? Qual o peso de Acir Gurgacz? De deputados como Lindomar Garçom e Mariana Carvalho para turbinar candidaturas?
Na verdade alguns tipos de aliados podem até representar perigo, puxando para baixo algumas campanhas. Alguns dos concorrentes ao pleito conseguiram nomes de vices que podem somar na busca do voto. Outros serão acompanhados por figurantes, personagens que nunca viveram uma lua de mel com o eleitorado da cidade.
NOS TRILHOS
A situação não está nada fácil. O endividamento público líquido chegou a 74% do PIB, tendendo a 79% em 2017 e o risco do Brasil desceu dois degraus abaixo da classificação de investimento. Mas agora Meirelles está seguro de que terá respaldo do novo governo e da base política no Congresso para a adoção de reformas estruturais e às medidas duras para sanear a economia, intervir nos bancos públicos e trazer o endividamento público de volta aos trilhos do razoável. Façam suas apostas, senhores!
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