Procurador-geral da República quer ‘formar juízo’ sobre o conteúdo da gravação para decidir os próximos passos da investigação sobre suposta interferência na Polícia Federal; Oitiva do presidente será o último ato.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, vai assistir neste final de semana ao vídeo da reunião ministerial de 22 de abril para decidir, depois, se existem diligências a serem pedidas, ou se já encaminha a investigação sobre a suposta interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal para o final. Ou seja, para a oitiva do presidente da República.
O depoimento de Bolsonaro será o último ato do inquérito, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria Geral da República (PGR) considera que o inquérito está da fase intermediária para o fim, e espera que a investigação se encerre no prazo de 60 dias.
Segundo o blog apurou, Aras quer “formar juízo” sobre o vídeo para se manifestar sobre os próximos passos. Até agora, ele recebeu relatos de assistentes da procuradoria que acompanharam a exibição do vídeo.
O procurador também considera que o depoimento de Paulo Marinho era necessário, mas avalia que o inquérito só usará informações do empresário se ele revelar fatos novos.
Aras tem dito, nos bastidores, que não pode transformar o vídeo “em um carnaval”.
Pedido de apreensão de celular do presidente
O procurador-geral da República também aguarda chegar às suas mãos o pedido de apreensão do celular do presidente, feito em notícias-crimes apresentadas por partidos políticos após o ex-ministro da Justiça Sergio Moro deixar o governo acusando Bolsonaro de tentar interferir na PF. Bolsonaro nega.
Os pedidos foram enviados à PGR pelo relator do inquérito sobre o assunto, ministro Celso de Mello.
No Planalto, a avaliação é a de que Aras se manifestará contra o pedido. A interlocutores, o PGR considerou que houve “excesso de zelo” de Celso de Mello ao enviar a representação para sua manifestação – e que o relator poderia ter arquivado a representação.
Calamidade
No Planalto, assessores do presidente adotaram o discurso de que o vídeo ajuda Bolsonaro junto a seus eleitores porque reforça a personalidade do candidato que a sua base elegeu.
No entanto, apesar de minimizarem o vídeo como peça jurídica, admitem a preocupação com o incalculável: o cenário pós-pandemia, com número de mortes crescendo somado ao desemprego.
Para integrantes da cúpula do Congresso ouvidos pelo blog, é exatamente a pandemia que vai ditar o ambiente para impeachment. Por isso, afirmam, hoje o vídeo não é “bala de prata” contra Bolsonaro. Mas, a médio prazo, não descartam o impacto do vídeo como parte de um “combo” insustentável politicamente para Bolsonaro, reforçando as condições para o afastamento do presidente.
O próprio Aras, quando questionado a respeito do futuro a médio prazo, reforça a assessores que “estamos vivendo uma calamidade muito séria” – e que ninguém, até agora, deu respostas concretas para a saída da crise.
FONTE: G1.COM
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